sábado, setembro 27, 2008

Paul Newman falece aos 83 anos


Paul Newman falece aos 83 anos

O porta-voz do ator estadunidense confirmou sua morte

MIGUEL MORA / ELPAÍS.com - Roma / Madrid - 27/09/2008

Tradução de Antonio de Freitas

O ator estadunidense Paul Newman morreu aos 83 anos de idade de acordo com a confirmação de seu porta-voz a agencia Reuters. A noticia foi adiantada esta tarde pela Fundação Dynamo Camp Limestre, fundada pelo próprio Newman.

Vincenzo Manes, presidente da Fundação Dynamo Camp Limestre, com sede em Pistoia (Itália) confirmava esta tarde a morte do mítico ator, diretor e produtor estadunidense. "Esta manhã recebi um e-mail da América no qual me disseram que Paul Newman já não está conosco", disse Manes. Segundo pode saber EL PAÍS, o e-mail procedia de uma pessoa próxima ao ator que trabalha para a fundação Hole in the Wall, também dedicada às crianças enfermas.

Em agosto passado, o ator, afetado por um câncer de pulmão, pediu a sua família que lhe levasse para casa para morrer. Newman recebeu vários tratamentos de quimioterapia no Hospital de Nova York e passou seus últimos dias com sua mulher, Joanne Woodward, e suas filhas. De acordo com fontes próximas à família, o ator passou suas últimas semanas pondo em ordem suas coisas. O ator tinha três filhas com Woodward, com quem contraiu matrimonio em 1958, e duas mais de um matrimonio anterior com Jackie Witte.

Newman deixou o cinema em 2007, apenas uns meses antes de que se fizesse pública a noticia de sua enfermidade, com mais de 60 filmes em sua carreira que lhe valeram um Oscar Honorífico em 1985. Um ano depois, receberia o Oscar de Melhor Ator por sua interpretação em 'A cor do dinheiro'.

Detetive, gângster, malandro, general, vaqueiro, jogador de bilhar ou de hóquei sobre o gelo, projetista de arranha-céu, cientista, intrépido capitão de barco, assaltante de trens e bancos, Buffalo Bill ou Billy The Kid, Paul Newman percorreu todos os papeis possíveis em seus 56 filmes. Nessa meia centena de longa-metragens cortejou e beijou às mulheres mais desejadas de Hollywood, desde Liz Taylor a Sofía Loren, Eva Marie Saint ou Elke Sommer, e trabalhou sob as ordens de diretores como Michael Curtiz, Otto Preminger, Alfred Hitchcock, John Huston, Robert Altman, Martín Scorsese ou os irmãos Coen.

Sua carreira esteve repleta de prêmios entre os quais figuram um Oscar Honorífico em 1985, outro de melhor ator por 'A cor do dinheiro', em 1986, e o Prêmio Humanitário Jean Hersholt, também da Academia de Hollywood, em 1993, ademais de ter sido candidato à apreciada estatueta em múltiplas ocasiões. Mesmo assim, entre outros galardões obteve quatro Globos de Ouro Melhor ator de elenco de série, em 2006; Prêmio Cecil B. De Mille em 1984; Melhor diretor por 'Rachel, Rachel', em 1969, e Globo de Ouro de estrela revelação do ano de 1957 por 'O cálice de prata').

Por outro lado, o ator também ficou muito conhecido por sua desbordante aficionado pelas corridas de automóveis. De fato, Newman participou profissionalmente em algumas delas, enquanto, ao mesmo tempo, montou diversos negócios relacionados com a cozinha e a alimentação, dos quais, em ocasiões, destinou parte dos lucros a obras de solidariedade.

Principais filmes com o ator:

"O Cálice Sagrado" (1954),"Marcado pela Sarjeta" (1956), "Deus É Meu Juiz" (1956), "Com Lágrimas na Voz" (1957), "Famintas de Amor" (1957), "O Mercador de Almas" (1958), "Um de Nós Morrerá" (1958), "Gata em Teto de Zinco Quente" (1958), "A Delícia de um Dilema" (1958), "O Moço da Filadélfia" (1959), "Paixões Desenfreadas" (1960), "Exodus" (1960), "A Vida é um Jogo" (1961), "Paris Vive à Noite" (1961), "Doce Pássaro da Juventude" (1962), "As Aventuras de um Jovem" (1962), "O Indomado" (1963), "Amor Daquela Espécie" (1963), "Os Criminosos Não Merecem Prêmios" (1963), "A Senhora e seus Maridos" (1964), "Quatro Confissões" (1964), "Lady L" (1965), "Caçador de Aventuras" (1966), "Cortina Rasgada" (1966), "Hombre" (1967), "Rebeldia Indomável" (1967), "Que Delícia de Guerra" (1968), "500 Milhas" (1969), "Butch Cassidy" (1969), "A Sala dos Espelhos" (1970), "Uma Lição para Não Esquecer" (1971), "Meu Nome é Jim Kane" (1972), "Roy Bean, o Homem da Lei" (1972), "O Emissário de MacKintosh" (1973), "Golpe de Mestre" (1973), "Inferno na Torre" (1974), "A Piscina Mortal" (1975), "O Oeste Selvagem" (1976), "A Última Loucura de Mel Brooks" (1976), "Vale Tudo" (1977), "Quinteto" (1979), "O Dia em que o Mundo Acabou" (1980), "Os Apaches do Bronx" (1981), "Ausência de Malícia" (1981), "O Veredito" (1982), "Meu Pai, Eterno Amigo" (1984), "A Cor do Dinheiro" (1986), "O Início do Fim" (1989), "Blaze, o Escândalo" (1989), "Mr. & Mrs. Bridge - Cenas De Uma Família" (1990), "Na Roda da Fortuna" (1994), "O Indomável - Assim É Minha Vida" (1994), "Fugindo do Passado" (1998), "Uma Carta de Amor" (1998), "O Grande Golpe" (2000), "Estrada Para Perdição" (2002), "Carros" (2006) - voz para o personagem Doc Hudson.

segunda-feira, setembro 22, 2008

A herança econômica

A herança econômica

Joaquín Estefanía – El País - 22/09/2008

Tradução de Antonio de Freitas

As últimas medidas tomadas pelo governo Bush para salvar às finanças determinarão a herança econômica que receberá o novo presidente dos EUA. O patrimônio ‘neocon’ (essa "categoria zumbi", como recordava nestas mesmas páginas o filósofo Jorge Urdánoz citando a Ulrich Beck) em matéria econômica não pode ser mais catastrófico para as contas públicas e mudou as regras do jogo.


Pendentes da letra pequena desse pacote de auxilio - que custará "bilhões de dólares" segundo o Secretário do Tesouro-, se pode elaborar um primeiro balanço da intervenção governamental no setor financeiro, durante o último ano.

Até agora gastaram mais de 900 bilhões de dólares em ajudas concedidas pelo governo estadunidense para refinanciar e dar garantias às hipotecas com risco de inadimplência, em tomar o controle da seguradora AIG e das agencias Fannie Mae e Freddie Mac, em liquidez aos bancos em forma de empréstimos, no crédito a Morgan Stanley para adquirir Bearn Stearn, etc.

A nova agência anticrise que ficará com as hipotecas tóxicas limpando o balanço dos bancos, o fundo de estabilização, etc, anunciados na sexta-feira passada, custarão ao menos outros 700 bilhões de dólares. Em definitiva, cerca de 1,6 trilhões de dólares.

Ainda que sejam quantidades heterogêneas (e em parte susceptíveis de devolução), supõem ao redor de 15% do PIB americano, o que terá enormes conseqüências no déficit e na dívida pública do país. Para mais de uma geração. O Congresso dos EUA, que tem que elevar a capacidade de endividamento do governo americano, enfrenta a um interessante dilema: ainda que, a curto prazo, estes auxílios tenham efeitos positivos no sistema financeiro privado, sua contribuição negativa aos desequilíbrios macroeconômicos gerais subordinará a política econômica do sucessor de Bush.

Porém, ademais dos grandes números, a política ‘neocon’ mudou as regras do jogo da economia de mercado: seu relato econômico neoliberal foi acompanhado da maior intervenção pública conhecida para salvar o capitalismo, desde os tempos de Roosevelt e seu ‘new deal’ nos anos trinta.

Todos os tópicos que denunciavam a hipocrisia do discurso neocon se tornaram realidade ao mesmo tempo: saneamento público das perdas privadas; privatização de lucros e socialização de perdas... E tudo isto, de modo que pareça irremediável: "O risco de não atuar seria muito maior, mais pressão sobre nossos mercados financeiros causariam perdas massivas de emprego, devastariam as contas de poupança e pensões, corromperão ainda mais o valor das casas e secariam a fonte dos empréstimos para novas casas, carros e estudios. São riscos que os americanos não podem se permitir" (Bush).

Contam os cronistas que a economia se fez dona da campanha eleitoral. Em principio, parece que o inferno financeiro desgasta mais a McCain por sua vinculação ao mesmo partido que o responsável final da situação, por sua ignorância confessa nestes assuntos e porque seu principal assessor econômico, até ser despedido, o senador Gramm, é o que deu nome a uma lei de 1999 (a Lei Gramm-Leach-Blieley) que rompeu as fronteiras entre a banca de investimento e a banca comercial, e deu asas a uma zona de sombras para a primeira, que é a que permitiu o escândalo das ‘hipotecas subprime’.

Obama rodeou-se por uma equipe de assessores que é a mesma que protagonizou a etapa mais larga de prosperidade na historia econômica do país, coincidentemente com as duas legislaturas democratas de Bill Clinton, e condiciona seu apoio ao resgate a um plano de estímulo geral, que define com muita inteligência: não socorrer somente a Wall Street (as finanças), mas também a Main Street (a economia do cidadão comum).

Três quartos de século depois de Roosevelt, o Estado volta à economia e, paradoxos da historia, a realidade reconhece que Keynes tinha razão: para salvar a um país de uma grande crise econômica se requer do dinheiro público e da política fiscal. Isto é, o contrario do que disse Reagan e seus sucessores desde princípios dos anos oitenta. Voltarão a nos enganar?: Tentarão.

------------------------------------------------------------
Joaquín Estefanía

De Wikipedia, la enciclopedia libre

Joaquín Estefanía Moreira (Madrid, 1951) es un periodista español.

Biografía


Licenciado en Ciencias Económicas y en Periodismo por la
Universidad Complutense de Madrid, comenzó su actividad profesional en 1974 como redactor en el Diario Informaciones; poco después pasa a ser jefe de la sección de economía de la revista Cuadernos para el diálogo y redactor jefe del diario económico Cinco días.
Más adelante se incorpora al Diario
El País, del que llegó a ser director entre 1988 y 1993 y de 1993 a 1996 director de publicaciones del Grupo PRISA. Continúa escribiendo una columna sobre economía en el Diario El País.
Ha escrito varios libros de contenido económico.

Libros publicados
La nueva economía: una exposición para comprender, un ensayo para reflexionar (1995).
La nueva economía: la globalización (1996),
El capitalismo (1997),
Contra el pensamiento único (1998),
Aquí no puede ocurrir: el nuevo espíritu del capitalismo (2000),
El poder en el mundo (2000).
Diccionario de la nueva economía (2001).
Hij@, ¿Qué es es la globalización? (2002).
La cara oculta de la prosperidad (2003).
La mano invisible (2006).
La larga marcha: medio siglo de política (económica) entre la historia y al memoria (2007).

terça-feira, setembro 09, 2008

O escudo antimíssil é contra a Rússia


ENTREVISTA MIKHAIL GORBACHEV Ex-presidente da União Soviética

Gorbachev: "O escudo antimíssil é contra a Rússia"

ANDREA RIZZI – El País - Madrid - 09/09/2008

Tradução de Antonio de Freitas

Mikhail Gorbachev (Privolnoye, 1931), líder da União Soviética desde 1985 até 1991 e prêmio Nobel da Paz, concedeu esta entrevista ontem em Madri, cidade na qual se encontrava de passagem rumo à Expo de Zaragoza, onde está previsto que pronuncie hoje um discurso. Gorbachev manifestou sua decepção com o Ocidente que descumpriu suas promessas e avisou que a Rússia já não está disposta a aceitar a liderança e lições dos Estados Unidos. "Rússia não dançará ao ritmo da música dos outros. Quer ser tratada de igual para igual".

Pergunta. Houve um momento após a queda do muro de Berlim que pareceu que o espaço entre Vladivostok e Vancouver poderia se converter num único lado...
Resposta. [Sem esperar que se complete a pergunta]. ¡Isso foi possível! Não era uma ilusão; houve um momento em que foi possível.

P. Essa visão agora é uma visão errada, pelo menos para outra geração?
R. A historia dos últimos 15 anos mostra que essa visão era correta, e segue sendo. Porém, quando a URSS desmoronou, alguns perderam a cabeça. A União Européia - UE começou a se expandir num ritmo tremendo. O mesmo fez a OTAN. Uma decisão particularmente perigosa, que se tomou apesar das promessas contrárias. Assim, assistimos agora a estas novas tensões, fricções.

P. É verdade que James Baker [ex-secretario de Estado dos EUA] lhe prometeu que a OTAN não se expandiria até o Leste se você analisava a reunificação da Alemanha e a permanência do novo sujeito na Aliança?
R. Não foi una promessa a mim; foi feita ao mundo. Está gravada no memorando da conversa que mantivemos.

P. A ação da Rússia na Geórgia foi uma mensagem de sua oposição a essa dinâmica?
R. Não. Não foi nenhuma mensagem. O prova o fato de que em Transdniéster, as autoridades russas estão muito próximas a fechar um compromisso com a Moldávia pelo qual esse território fica integrado nesse país, com certas garantias de autonomia. No caso da Osetia do Sul, também estávamos dispostos a falar.
P. O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, atuo por sua conta?
R. Não, claro que não.

P. Quem o aconselhou?
R. Se não o sabe, terei que lhe dizer: os Estados Unidos. Porém, também alguns países membros da União Européia - UE. Washington armou abundantemente à Geórgia. Ucrânia, também. Ninguém pode forçar a ninguém a que faça algo como o que fez Saakashvili. Mas seguramente havia um plano para resolver esse problema por meios militares.

P. E o que espera agora? [A reunião em Moscou entre Sarkozy, Barroso, Solana e Medvédev não havia terminado ainda].
R. Agora, a Rússia atuará com responsabilidade, mas não aceitará que seus interesses nacionais sejam ignorados. A Europa tem que revisar sua posição. Os governos de Clinton e de Bush começaram uns jogos geopolíticos que abriram novas linhas de divisão no continente. Sinto que os EUA não tenham sido um bom conselheiro da Europa nestes anos. Os europeus deveriam dizer aos amigos estadunidenses que reconhecemos seus sucessos e seu poder, mas que não aceitamos sua liderança. Não aceitaremos instruções de política internacional ou econômica. As diretrizes que deu o FMI à Rússia a principio dos noventa foram um desastre.

P. Então até onde se deveria ir?
R. A Europa deveria impulsionar uma nova arquitetura de segurança européia com a constituição de um Conselho de Segurança continental. Um diretório no qual estejam representadas todas as nações européias e, por exemplo, com poderes para ações de manutenção da paz. Assim sairíamos de uma situação na qual os EUA dominam a agenda. Algo assim estava sobre a mesa em 1990, porém o Ocidente acreditou que havia ganhado e decidiu não cumprir suas promessas. Não somente os EUA. É a primeira vez que o digo, mas a Alemanha também tem que assumir suas responsabilidades. Cumpriu os tratados bilaterais com a URSS, mas no foro da OTAN apoiou a expansão.

P. O que você opina sobre o escudo antimíssil que os EUA instalarão na Polônia?
R. É contra a Rússia. O Irã é uma ilusão. Pela experiência dos últimos anos, já não confiamos no governo Bush.

P. Bush está a ponto de acabar seu mandato presidencial. Putin já esgotou o seu. Segue sendo o homem mais poderoso na Rússia?
R. Claro, é respeitado, forte; sua credibilidade é elevada, porque fez muito pela Rússia. Porém isso cria condições favoráveis para Dmitri Medvédev. Hoje, a Rússia recebe muitas criticas, está sob pressão. Creio que foi tratada com desigualdade. Espero que o Kremlin não adote a lógica do olho por olho. Pode-se confiar numa Rússia responsável desde que a tratemos como a um sócio a mais. Temos experiência, história, potencial para competir no mundo. Não bailaremos ao ritmo da música dos outros. Não importa que seja jazz ou outra. A Rússia tem sua própria música.

P. Está satisfeito com a transição democrática do país?
R. Na situação atual, é difícil esperar mais. Há 30 países no mundo em transição democrática, e a Rússia é um deles. Estamos na metade do caminho. Avançamos, mas, é claro, em alguns aspectos fracassamos. De momento.

P. Mudaria algo do que fez nos seus anos no Kremlin?
R. Seguiria em geral o mesmo caminho, mas mudaria algumas táticas. Atuamos demasiado tarde na reforma do partido, e este organizou um golpe contra mim. Também nos atrasamos em reformar a URSS. Diante do colapso econômico, deveríamos haver cortado o gasto militar. Não o fizemos. É algo que lamento. Assumo a responsabilidade desse erro.
------------------------------------------------------------

Mikhail Gorbachev
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Mikhail Serguéievich Gorbachev ou Gorbatchev[1] (em russo ? Михаи́л Серге́евич Горбачёв, IPA: mʲɪxɐˈil sʲɪrˈgʲeɪvʲɪʨ gərbɐˈʨof ) (Stavropol, 2 de Março de 1931) foi o último Secretário-Geral do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética de 1985 a 1991. As suas tentativas de reforma conduziram ao final da Guerra Fria e, ainda que não tivesse esse objectivo, terminou com o poderio do Partido Comunista no país, levando, até mesmo à dissolução da União Soviética.

Vida e carreira
Estudou Direito na Universidade de Moscovo, onde conheceu a sua futura esposa, Raíssa Gorbacheva. Casaram-se em Setembro de 1953 e fixaram-se na terra natal de Gorbachev, Stavropol no sul da Rússia, onde se licenciou em 1955.
Mikhail Gorbachev inscreveu-se no Partido Comunista em
1952 com 21 anos de idade. Em 1966, com 35 anos, completou os estudos no Instituto Agrícola como economista-agrónomo. Começou, então, a progredir rapidamente na sua carreira política. Em 1970 foi nomeado Primeiro Secretário da Agricultura e, no ano seguinte, membro do Comité Central. Em 1972, dirigiu uma delegação soviética à Bélgica e, dois anos mais tarde, em 1974, tornou-se representante do Soviete Supremo. Fez parte do Politburo em 1979. Aí, recebeu a protecção de Iuri Andropov, chefe do KGB, também natural de Stavropol, e foi promovido durante o breve período em que Andropov se tornara líder do partido, antes da sua morte em 1984.
As posições que tomou no partido deram-lhe a oportunidade de realizar viagens a diversas partes do mundo, o que terá influenciado o seu ponto de vista político e social, como líder do seu país. Em
1975, dirige uma delegação à República Federal da Alemanha e em 1983 lidera outra ao Canadá, onde se encontra com o primeiro-ministro Pierre Trudeau, com os membros da Câmara dos Comuns e do Senado.

Governo
Com a morte de Konstantin Chernenko, Mikhail Gorbachev, com 54 anos de idade, é eleito secretário geral do Partido Comunista a 11 de Março de 1985. Sendo, efectivamente, o verdadeiro líder da União Soviética.
Em
1985, viaja até ao Reino Unido, onde se encontra com Margaret Thatcher. A partir de seu governo, Gorbatchov tenta reformar o partido, que dava então mostras de decadência, ao apresentar o seu projecto que se resumia nas expressões glasnost ("transparência") e perestroika ("reestruturação") e que é apresentado no 27.º Congresso do Partido Comunista Soviético em Fevereiro de 1986.
Em 1986, Gorbachev também tem de lidar com a explosão do reator da Usina Nuclear de
Chernobyl, localizada na Ucrânia, que provocou uma onda de radiação por toda a Europa. A desorganização e as informações escassas na época contribuíram para que o regime comunista já estivesse chegando ao fim.
Em
1988, Gorbachev anuncia que a União Soviética abandonava oficialmente a Doutrina Brejnev, ao admitir que a Europa de Leste adotasse regimes democráticos, se desejassem. Em jeito de graça, auto-denominou esta disposição como Doutrina Sinatra. Isto levou à corrente de revoluções de 1989, nos países de leste, através das quais o comunismo colapsou. Revoluções essas que se realizaram de forma pacífica, como na Alemanha, com a queda do muro de Berlim, sendo que houve excepção no caso da Roménia. Terminava assim a Guerra fria, o que justificou a atribuição do Prémio Nobel da paz a Gorbachev em 15 de Outubro de 1990. Nesse mesmo ano, as duas Alemanhas, capitalista e comunista, se reunificariam.
Contudo, a democratização da URSS e dos países de Leste, ao levar à perda de poder do Partido Comunista, conduziu à situação que culminou com o Golpe de Agosto de 1991, como objectivo de o retirar do poder. Durante este tempo foi forçado a passar três dias (de 19 de Agosto até ao dia 21) numa
dacha na Crimeia, antes de ser libertado e reaver o poder. Nessa altura, Boris Iéltsin começava a receber mais apoios em detrimento de Gorbatchov. Este viu-se obrigado a demitir um grande número de membros do Politburo e, em vários casos, houve ordem de prisão. Entre estes encontravam-se o "Gang dos Oito" que tinha conduzido o golpe.
Gorbachev foi eleito como primeiro presidente executivo da União Soviética em
15 de Março de 1990 mas resignou a 25 de Dezembro de 1991.

Vida pós-soviética
Em termos gerais, Gorbachev é bem visto no mundo ocidental graças à sua contribuição para o fim da Guerra Fria. Contudo, na Rússia, a sua reputação não é tão favorável devido à crise económica e social que se instalou logo após a queda da URSS.
Criou a
Fundação Gorbachev em 1992. Em 1993, fundou também a Cruz Verde Internacional. Foi um dos principais promotores da Carta da Terra, em 1994. Tornou-se, igualmente, membro do Clube de Roma.
Em
1997, Gorbachev entrou num anúncio da Pizza Hut, que passou na televisão norte-americana, com o fim de obter fundos para os Arquivos Perestroika.
A
26 de Novembro de 2001, Gorbachev fundou, igualmente, o Partido Social Democrata Russo, como resultado da união de vários partidos que partilhavam esta ideologia. Demitiu-se como líder partidário em Maio de 2004 em consequência de desacordos com o presidente do partido em relação às opções tomadas durante as eleições de Dezembro de 2003.
No início de 2004, Gorbachev registou a sua marca de nascença, na testa, devido à sua utilização por uma marca de
vodka que lhe fazia referência. O caso é tanto mais curioso quanto Gorbachev implementou algumas leis de combate ao alcoolismo enquanto líder da União Soviética. A referida marca de vodka mudou, entretanto, de rótulo.
Em
8 de Fevereiro de 2004, foi galardoado com um Grammy, juntamente com Bill Clinton e Sophia Loren pela narração conjunta do disco Prokofiev: Peter and the Wolf/Beintus: Wolf Tracks sobre Pedro e o lobo, de Prokofiev, uma versão moderna da história, com intuitos ecológicos - o que vai ao encontro das preocupações ambientais que têm marcado os últimos anos.
Ligações externas
O Wikimedia Commons possui uma categoria contendo imagens e outros ficheiros sobre Mikhail Gorbachev
Fundação Gorbachev (em inglês e russo)
www.mikhailgorbachev.org (em inglês)
Biografia em www.nobelprize.org (em inglês)

segunda-feira, setembro 08, 2008

Google completa dez anos na Internet


Google completa dez anos na Internet

Seus fundadores ofereceram em 1998 seu projeto a várias empresas que decidiram rechaçá-lo

EFE - São Francisco – El País - 08/09/2008
Tradução de Antonio de Freitas

Quando em 1998 Larry Page e Sergey Brin criaram um novo motor de busca em Internet e tentaram vendê-lo ninguém o quis comprar, assim que decidiram fundar sua própria firma e a nomearam inspirando-se num termo matemático: Google.

Dez anos depois, Google é um gigante informático onipresente na Internet -e, às vezes, fora dela- com 20.000 trabalhadores e um valor em bolsa que se aproxima aos 104 bilhões de euros, muito próximo de grandes do setor com décadas de historia como a Microsoft ou a Apple.

Page e Brin, então dois estudantes da universidade de Stanford, fundaram a Google em setembro de 1998. Em 7 de setembro desse ano o Estado da Califórnia aceitou a solicitação de criação da empresa, se bem Google não têm uma data oficial de aniversario e simplesmente celebra o mês de setembro pela coincidência de eventos relacionados com a criação da companhia.
Cansados de buscar um comprador, Page e Brin montaram sua própria empresa e conseguiram 100.000 dólares de capital de risco de Andy Bechtolsheim, um dos fundadores de Sun Microsystems. Google - cujo nome deriva do termo matemático Gogol, um numero um seguido de cem zeros - operou em principio nos dormitórios de Brin e Page numa faculdade de Stanford.

Da garagem ao escritório

Com o tempo, a empresa deu o grande salto a uma garagem de propriedade de Susan Wojcicki, hoje cunhada de Brin, e em 1999 se mudou a sua sede corporativa em Silicon Valley conhecida como Googleplex. Seus empregados desfrutam ali de umas das melhores condições laborais de todo o setor, com comida e massagens grátis e a possibilidade de dedicar 20% de seu tempo de trabalho a iniciativas e projetos próprios.

Google processa dois terços de todas as buscas mundiais em Internet, 40% da publicidade online e acede a informação potencialmente confidencial de cerca de 650 milhões de pessoas que usam diariamente seu serviço de buscas ou outros como YouTube, Google Maps ou Gmail.

A companhia adentrou em campos bastante distantes a seu negocio tradicional como o software baseado na Internet ou a luta contra a mudança climática e esta semana anunciou o lançamento de Chrome, um navegador de Internet com o espírito de competir com Explorer de Microsoft. Porém seu crescente controle do tráfego em Internet e publicidade online preocupam a alguns especialistas, que temem que o buscador esteja estendendo demasiado seus tentáculos e olham com receio que controle tanta informação.

"Estão acumulando demasiado poder", assegura Jeff Chester, diretor do Centro para a Democracia Digital, uma prestigiosa organização não governamental (ONG) e centro de estudos sobre Internet. "É uma equação que não está equilibrada, trata-se de um sistema desenhado somente por uma entidade", disse este especialista que, não obstante, acredita que Google contribuiu "a democratizar o aceso à informação".

O poder do Google

Outros analistas vêem com desconfiança seu rápido crescimento, pois crêem que a que é uma das empresas mais dinâmicas e inovadoras de Internet pode acabar afogada em burocracia e se parecer com a Microsoft ou com a IBM.

Para Jeff Battelle, conselheiro delegado de Federated Media e autor de The Search, um dos livros mais vendidos sobre o buscador, Google têm que ter especial cuidado em não ser vítima de seu próprio sucesso. "Creio que Google se enfrenta ao típico desafio de todas as empresas excepcionais de grande crescimento: inovar à medida que muda o clima econômico mas não enamorar-se de cada coisa que possam fazer", assegura Battelle.

Em Google opinam que, em que pese serem hoje tão grandes, mantiveram-se "fieis a uma cultura que permite que as melhores idéias saiam à superfície, venham de onde vier dentro da empresa". Num documento para a imprensa sobre seu décimo aniversario, o buscador insiste em que sua hierarquia "é mínima" e em que seguem sendo uma organização plana na que cada individuo pode ter um grande impacto. Como suas prioridades para o futuro, a firma cita "apostar com força pela web móvil", ademais de "desenvolver potencial para monetarização" e "liderar em busca rápida como o raio".