quarta-feira, novembro 11, 2009

"Algo único da Espanha"


"Algo único da Espanha"

Carlos Saura filma 'Flamenco, flamenco' em Sevilha.

SANTIAGO BELAUSTEGUIGOITIA - Sevilha – El País - 11/11/2009

Tradução de Antonio de Freitas Jr.

Vestida de vermelho e com uma manta sobre os ombros, a bailarina Sara Baras é o centro dos olhares de dezenas de pessoas. Três guitarras e um violino põem música ao movimento de Baras, que sapateia rodeada por grandes reproduções de quadros de Julio Romero de Torres. A câmera segue sua dança. Os sapatos vermelhos assenhoreiam-se do cenário. O som das palmas se faz mais alto. E soa um grito que corta este momento de gravação do filme ‘Flamenco, flamenco’, do diretor Carlos Saura, no ‘Pabellón del Futuro’, na ‘Cartuja de Sevilha’.

Quatorze anos após a gravação do filme ‘Flamenco’, Saura voltou a submergir na arte espanhola por excelência junto ao diretor de fotografia Vittorio Storaro e o assessor musical Isidro Muñoz. "Há uma quantidade de talento surpreendente. Há um florescimento poderosíssimo do flamenco em Andaluzia. Por isso a seleção de artistas foi muito difícil de fazer", afirmou Saura. "O flamenco interessa cada vez mais. Não sou um grande especialista em flamenco. Sou um apaixonado pelo flamenco. É algo único que temos na Espanha. O mais parecido ao jazz. É uma mescla de culturas. É, ademais, uma música viva, o que a diferencia de outras que não avançaram. O flamenco se enriquece com novos aportes. Está num momento vigoroso, vivo e fantástico", comentou o diretor de ‘La caza’.

‘Flamenco, flamenco’, cuja gravação acaba dia 13 de novembro, estreia em setembro de 2010. Com um orçamento de 4,2 milhões de euros, o filme conta com a participação de cantores como José Mercé, Estrella Morente, Miguel Poveda, Niña Pastori e Arcángel, entre outros. Além de Sara Baras, bailam no filme Eva Yerbabuena, Israel Galván e Farruquito. Guitarristas como Paco de Lucía, Manolo Sanlúcar e Tomatito traçam um quadro artístico que se completa com David Dorantes e Diego Amador ao piano.

Artistas que são a historia do flamenco, como José Mercé, Sanlúcar e Paco de Lucía, conformam o eixo do filme. São o tronco que sustenta o aporte dos jovens que não estiveram no filme anterior (Poveda, Morente, Baras, Galván, Eva Yerbabuena). Essa soma de procuras se estrutura em torno a um ciclo vital que vai do nascimento à morte através dos palcos flamencos. Dessa forma, começa com a ‘nana flamenca’ e as influências das músicas andaluza e paquistanesa até chegar ao canto sério e ao sentimento mais puro. Em seguida, vem o renascimento que trazido pelos jovens intérpretes. Paralelamente, há outra viagem visual baseada na luz e nas cores. "São os melhores artistas que há neste país e os melhores do mundo", liquidou Saura.