sexta-feira, março 01, 2013

Aniversário de nove anos do Periscópio


Aniversário de nove anos do Periscópio

© Antonio de Freitas, 2013.

“O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário”.  Steve Jobs, criador da Apple, para os formandos de Stanford, em 2005
 
Quando comecei o projeto Periscópio, em 2003, eu regressava de uma temporada de mais de quatro anos fora do Brasil. Terminava, assim, uma fase de minha vida, um período de aprendizagem e de conhecimento do mundo. Já era hora de voltar pra casa. Todo recomeço é difícil. Havia uma mescla de saudade, decepção, esperança e medo dos trópicos.

A saudade vem da alma lusitana e nordestina, da mistura racial embalada nas tardes calorentas de redes e mulatas, do apego à cultura familiar e folclórica, da lembrança do Senhor Rocha e suas estórias de caçadas e viagens pelos sertões, do suave português falado no interior do Brasil, entre compotas de frutas e licores de jenipapo. Sem contar a imensidão de outros cheiros e sabores tão presentes em minh’alma.

Decepção pelo fato de que os velhos amigos continuavam cansados e tristes, vivendo as vidas mais horrorosas, cheias de contas pra pagar e nenhum plano juvenil na cabeça, nem muito menos alguma emoção no peito. A província continuava como sempre esteve, distante de tudo, vivendo em outro tempo, longe do nosso século. Perdida entre “sono protocolar”, diria Drummond.

A esperança era pelo momento histórico que vivia o Brasil, com seu primeiro governo de esquerda. O mundo inteiro esperava algo mais de nós brasileiros naquele momento. As esquerdas europeias, já esgotadas de projetos, esperavam com aflição e cheios de bons augúrios pelo sucesso do governo Lula e das esquerdas na América do Sul. Bem, tudo isto já entrou para a História, com seus erros e acertos.

Por fim, o medo. Medo de voltar, porque apesar de ser o caminho mais curto, a volta sempre nos remete para trás, para o recomeço, para a casa dos pais, pra nosso eterno ponto de partida.

No princípio, a ideia era manter uma coluna semanal. O dia a dia muda tudo e mudou também aquela ideia inicial. Contudo, o novo desafio que me proponho é voltar a escrever, achando tempo seja de que jeito for, para que o Periscópio chegue em 2014 exatamente como foi pensado naquele longínquo ano de 2003.

Pronto. Compromisso firmado. Mãos à obra.

E, é claro, força sempre!