sexta-feira, novembro 12, 2004

Oriente Médio I





















Até o final da I Guerra Mundial, a Palestina era, tão somente, mais uma província do Império Turco Otomano, quando então passou para mãos britânicas, sob Mandato da Sociedades das Nações, que controlou a região de 1921 a 1948.

Com a saída dos britânicos, em 13 de maio de 1948, a ONU, substituta da Sociedade das Nações, recebe o comando da situação. O problema naquele momento era o conflito entre os judeus – que chegavam aos milhares à região, na esperança de criação de um “lar nacional” – e os nativos da região – árabes palestinos. Entretanto, as primeiras medidas facilitadoras para uma volta em massa de judeus para Palestina ocorreu ainda no Século XVII, quando o protestante Oliver Crommwell era mandatário da Inglaterra. O motivo era a crença de que somente após o regresso dos judeus a Palestina, retornaria o Messias.

Desde então já ocorreram cinco guerras (1948, 1956, 1967, 1973 e 1982) e duas Intifadas (1987 e 2000). As tentativas de paz foram inúmeras, e algumas quase lograram êxito. A primeira foi com a aprovação pela Assembléia das Nações Unidas – ONU da resolução de 29 de novembro de 1947. Nesta resolução se decidiu a criação de dois estados e uma zona internacional, a cidade de Jerusalém, fixando fronteiras e definindo os direitos das minorias em cada estado.

O Oriente Médio continua sendo o “ponto mais quente” do mundo, ou seja, a região onde a manutenção de um processo de paz duradouro vem se tornando quase impossível. E para melhor entender a questão árabe-israelense é necessário conhecer as origens e a evolução do conflito.

Os israelenses a 14 de maio de 1948 proclamam o Estado de Israel. Naquele tempo, a principal liderança israelense era Ben Gurion, um ex-terrorista fundador do Estado judeu. Os países árabes vizinhos imediatamente declaram guerra ao novo estado, o que resultou na primeira guerra árabe-israelense, que vai durar mais de um ano, provocando a saída de oitocentos mil de palestinos da região e a morte de seis mil judeus.

Hoje, os refugiados palestinos já somam seis milhões de pessoas, sendo que um de cada três refugiados no mundo é palestino. Nunca receberam a cidadania dos países que os acolheram e nem receberam indenização pelo confisco de suas terras e bens pelo Estado de Israel.

A nacionalização do Canal de Suez pelo Egito em julho de 1956, então presidido por Gamal Nasser, apenas serviu para pôr mais lenha na fogueira. A resposta não tardou e Israel, apoiado militarmente por França e a Grã-Bretanha, invade a região do Sinai, mas é forçado a retirar-se pela pressão dos EUA e da ex-URSS, as novas superpotências, e da ONU. Aqueles países europeus ainda não entendiam que tinham perdido o status de potencia internacional depois da II Guerra Mundial. O mundo da Guerra Fria possuía novos amos.

A Organização para a Libertação da Palestina – OLP é criada oficialmente em 27 de maio de 1964, na cidade de Jerusalém. Apenas em novembro de 1974 seria a OLP reconhecida pela ONU como legítima representante do povo palestino.

Em 5 de junho de 1967 começa “Guerra dos Seis Dias”, quando Israel recaça uma ataque do Egito, Síria e Jordânia, capturando em seu avanço os Altos do Golan, a península do Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e boa parte da cidade de Jerusalém. Nos Altos do Golán nasce o rio Jordão, que banham todo seu vale sob domínio israelense, daí sua importância econômica e estratégica. Nesta guerra, curiosamente, o grande general israelense Moshe Dayán se opôs a ocupar militarmente o setor árabe de Jerusalém, temendo a destruição dos lugares santos.

Em setembro de 1970, o Rei Hussen de Jordânia expulsa os palestinos de seu país, que já havia sido invadido diversas vezes por Israel. Hussen considerou os palestinos como um fator de desestabilização política, e estes foram para o Líbano, provocando em 1974 uma guerra civil naquele país.

A “Guerra do Yom Kipur” começa em outubro de 1973, quando o Egito, presidido por Anuar el-Sadat, e a Síria atacam Israel, recuperando os Altos do Golan. A intervenção pessoal do Presidente dos EUA, Jimmy Carter, faz com que os estados árabes parem seu vitorioso avanço sobre Israel, que em poucas horas de guerra havia perdido a mais de 300 tanques.

Na Olimpíada de Munique, na Alemanha, em 5 de setembro de 1972, um grupo terrorista palestino assassina a 11 atletas israelenses.

A “Guerra do Líbano” se inicia em abril de 1975 com o ataque israelense sobre esse país que jamais participou das guerras anteriores contra Israel, alegando que desta maneira expulsariam os palestinos alí sediados.

Os “Acordos de Camp David” são firmados em 18 de setembro de 1978 entre Israel - de Menajem Begin, Egito – de Anuar el-Sadat, e os EUA – de Carter. Neles, se garante ao Egito a devolução da península do Sinai perdida para Israel em 1967 na “Guerra dos Seis Dias”. Era o início da política de “paz por territórios”.

Israel volta a invadir o Líbano em junho de 1982, quando então era ministro de defesa e Israel o general Ariel Sharon. Como na invasão de 1975, o pretexto era a expulsão da OLP daquele país. Em agosto de 1982, ao redor de quinze mil combatentes palestinos são expulsos do Líbano e partem em direção a Argélia, Iêmen e Tunísia, onde estabelecem a sede da OLP.

Em setembro do mesmo ano, milícias cristãs libanesas e as tropas comandadas pelo general Ariel Sharon atacam os campos de refugiados palestinos de Sabra e Shatila, no Líbano, assassinando a mais de dois mil palestinos indefesos. Vale lembrar que os estadunidenses cometeram dois massacres, que juntos não chegam aos crimes cometidos por Sharon em Sabra e Shatila: na guerra do Vietnã, em 16 de abril de 1968, tropas americanas mataram na aldeia de “My Lay” foram assassinadas 504 pessoas, e no começo da guerra da Coréia foram mortos 300 civis no vilarejo de “No Gun”.