segunda-feira, agosto 25, 2008

O império de Lucas contra-ataca


O império de Lucas contra-ataca

ROCÍO AYUSO - El País - 24/08/2008

Tradução de Antonio de Freitas

É algo assim como o episodio dois e meio. Chama-se ‘The clone wars’, e é um filme e uma série de TV. Porém, a grande novidade desta sétima entrega da saga galáctica é que é de desenhos animados. George Lucas da renda solta a sua vocação infantil de desenhista e amplia seu império à animação. O multimilionário produtor recebe a ‘El País Semanal’ no seu rancho Skywalker, nas montanhas da Califórnia.

Este diálogo, que forma parte da Guerra nas Estrelas, é o germe de um novo império. Um minuto de conversa entre os protagonistas de um filme que estreou há mais de 30 anos, o episodio IV de uma das sagas mais populares da historia do cinema e que mudou todo um universo, o que criou George Lucas em 1977 com a primeira entrega de uma ópera espacial à que seguiriam outros cinco largo metragens: O império contra-ataca (1980), O retorno de Jedi (1983), A ameaça fantasma (1999), O ataque dos clones (2002) e A vingança dos Sith (2005). Jogos, livros, bonecos e todo tipo de parafernália de marketing fizeram o resto e converteram a este realizador e produtor na cabeça visível de um império multimilionário – a saga arrecadou mais de 4,3 bilhões de dólares em todo o mundo–. O sexto filme (o episodio III de uma historia contada sem ordem numérica) ia a ser o último da saga. Porém, nas longínquas galáxias nas que transcorrem as aventuras de Luke Skywalker, Obi-Wan Kenobi, Darth Vader ou o mestre Jedi Yoda a palavra “última” não deve existir. Daí a estréia agora de Star wars: the clone wars, o longa metragem dos estúdios Lucasfilm Animation que faz daquelas guerras clônicas o eixo do filme que David Filoni, o diretor, descreve como “o episódio dois e meio”.

“Quando estava preparando os três primeiros episódios da Guerra nas Estrelas sabia que da forma na qual havia estruturado a historia não ia tocar no tema das guerras clônicas”, comenta Lucas, o criador deste universo galáctico. “Deixei a Anakin Skywalker e a Obi-Wan incomodados ao final do segundo episodio e no terceiro regressaram como amigos após participar nas guerras clônicas. Eu queria contar esses dois ou três anos de historia, porém sem que formassem parte da saga cinematográfica, porque o cenário dos filmes é contar como uma democracia se converte numa ditadura, como uma pessoa boa se passa ao outro lado da força, temas mais profundos que estas batalhas”.
Ao cabo de três décadas de sucesso, esse deus de Hollywood que é George Lucas criou um novo estúdio. O mesmo homem que fundou a casa pioneira de efeitos especiais Industrial, Light & Magic (ILM), que deu seu nome à produtora cinematográfica Lucasfilm e a sua companhia dedicada ao desenvolvimento de videojogos, Lucasarts, ademais de ser proprietário do Skywalker Ranch, um dos melhores estúdios de pós-produção da indústria do cinema, que deu ao mundo o envolvente som THX, agora têm também um estúdio de animação, Lucasfilm Animation, uma companhia criada com a única finalidade de fazer de Star wars: the clone wars um longa-metragem de animação por ordenador. O estúdio de Lucasfilm Animation está situado no Skywalker Ranch, dentro do rancho Big Rock, chamado assim por causa de um grande penhasco que recebe aos que passam por este páramo perdido nas montanhas do condado de Marín, na Califórnia. Lucas possui, ainda, um estúdio em Singapura e associou-se a em Taiwan.

O proprietário deste grande império é um homem melhor Dito baixinho, quase sem pescoço, de aspecto franco e barba branca que a seus 64 anos continua vestindo as mesmas calças jeans, idênticas camisas a quadros e os mesmos tênis esportivos de sua juventude, quando sonhou com outros mundos e ninguém acreditava nele em Hollywood. Porém, disso também há três décadas. “Quando fiz Guerra nas Estrelas não era mais que um filme de que acabei escrevendo um Romeiro de mais de 200 páginas que sabia que não podia gravar porque só contava com um ornamento de três milhões de dólares. Por isso me esqueci do resto desta saga e me concentrei num filme só. Meu primeiro filme, THX, havia fracassado. Com A guerra nas Estrelas houve mais de um executivo que me assegurou que não entendia o quê eu queria fazer. Daí que quando o filme triunfou, eu fui o primeiro surpreendido”, diz Lucas, um dos produtores independentes mais reputados, com uma fortuna estimada em 3,6 bilhões de dólares. Um sucesso que se aprecia a simples vista nas instalações de sua empresa, radicadas num antigo quartel militar, dentro do que é um grande parque e pulmão de São Francisco (Califórnia).

Como assegura Filoni, Lucas não necessitaria esta abundância de espaço numa industria mais que acostumada a recortar gastos. “E sem embargo lhe encanta construir maravilhosos lugares de trabalho, rodeados de mar ou montanhas. Com a natureza como fonte de inspiração”, e acrescenta em tom messiânico: “Lhe respeito como o criador do universo de A guerra nas Estrelas, me sinto afortunado de poder formar parte dele”.

Os demais companheiros de trabalho falam em termos parecidos. “Foi todo um prazer compartilhar com Lucas o mesmo desejo de devolver a magia da A Guerra nas Estrelas de novo à tela”, diz o colombiano Sergio Páez, artista de story boards. Nic Anastassio, francês, um dos montadores, também se sente “eleito”. Em Lucasfilm Animation trabalham mais de 100 pessoas no departamento de animação e outras 1.500 nas outras três empresas do grupo. O espírito é tal, que algum descreve este grupo de estúdios como “o pátio de recreio de um multimilionário”.

Abundância de madeiras, detalhes de art nouveau e da cultura japonesa, mas o primeiro com o que o visitante se tropeça ao entrar nos estúdios são as réplicas em tamanho natural de Darth Vader ou de Boba Fett. Lucas ri dos comentários. “Não sei se é um lugar de recreio, porém sim sei que A Guerra nas Estrelas é minha diversão. E o rancho, os estúdios, são meu hobby. Me divirto fazendo os filmes que quero, colecionando os pôsteres que quero e construindo os edifícios que quero. Tudo isso sou eu”, resume.

Fica claro que Star wars: the clone wars surge porque ele quer e porque pode. Ademais, como recorda Filoni, não estão sozinhos. “É difícil de acreditar que 30 anos mais tarde este título geral a mesma emoção que senti eu aos quatro anos”. Lucas poderia ser hoje o dono da Pixar se não houvesse vendido esta companhia há 20 anos, quando não era mais que um incipiente estúdio, por cinco milhões de dólares a Steve Jobs, seu atual presidente, hoje à frente da Apple. “Lucas ama a animação. Pensou em ser desenhista e o haveria sido se não houvesse se distraído fazendo estes seis filmes”, brinca Filoni.

As últimas entregas da A Guerra nas Estrelas deixaram muito a desejar tanto entre a crítica como entre seu público. Star wars: the clone wars não nasceu como um longa-metragem, mas como uma série de TV, com episódios de cinco minutos que passaram a ser de 25. De acordo com Lucas, foi sua qualidade que lhe convenceu a fazer um filme para apresentar a serie e as novas personagens como Ahsoka, a primeira mulher aprendiz de Jedi. “Na atualidade, a TV me parece um meio mais interessante. O cinema leva demasiado tempo e muito recurso para contar uma historia muito mais concreta”, comenta.

Lucas experimenta na TV com outras influencias, desde o estilo manga japonês até o das marionetes britânicas da serie Guardiães do espaço, de Gerry Anderson. “Todo o desenvolvimento da historia, dos episódios, a pre-visualização e a direção de arte se fazem no estúdio de Big Rock. Depois se mandam os episódios completos a Singapura ou a Taiwan que voltam às instalações de Skywalker para a pos-produção e a montagem”, detalha Filoni. De acordo com a produtora Catherine Winder, a idéia de criar este estúdio internacional não foi só econômica, mas “reunir um talento internacional difícil de trazer aos EUA”.
Em todo o processo, a participação de Lucas foi intensa. “Partimos do zero e, ainda que tenha muita gente que trabalha para mim, investi dois anos para pô-los em dia com este universo. Porém, ao final, meu título é o de produtor executivo, assim que foram eles os que fizeram o trabalho diário”, assegura. Winder indica que outra das inovações de Lucas é que produziu o filme como se se tratasse de um filme convencional. “George trabalhou distanciando-se dos métodos tradicionais de animação, acrescentando uma iluminação muito marcada e mais próxima à imagem real. Criou o filme na sala de montagem mais que nos storyboard como se faz habitualmente. Ensinou-lhes a montar com o cinema tradicional na cabeça”.

Num momento no qual a animação por ordenador tende ao hiper-realismo, Lucas reconhece que ele preferiu estilizar seus protagonistas “porque se quisesse que fossem reais, utilizaria atores de verdade”. E outra de suas decisões excepcionais foi o de produzir de seu próprio bolso não só o filme, mas também os 22 primeiros episódios da primeira temporada de Star wars: the clone wars sem esperar contar com um distribuidor ou com um canal de TV. Decisão arriscada, tendo em conta que cada um dos capítulos custa entre 750.000 e 1,5 milhão de dólares (preço médio em series de sucesso como Os Simpsons ou Uma Família da Pesada, ainda que o normal costuma ser 375.000 dólares).

Os estúdios Fox, distribuidores até agora de todas as entregas da saga, não se interessaram na ocasião e a Warner só se interessou quando, ademais da série, Lucas lhes ofereceu também um longa-metragem. Pode existir um final para o império galáctico? “Pra mim é muito difícil imaginar, porque George Lucas tem tantas historias e seu universo é tão rico e com tal profundidade de conteúdos, que não considero possível”, afirma Winder, apontando já a essa outra série de TV em marcha, desta vez com imagem real e que provavelmente se gravará na Austrália, centrada na vida cotidiana dos habitantes da galáxia nos anos do império, um fragmento de vida que iria entre os episódios III e IV. “Parece que todas as pessoas que conheço cresceram com A Guerra nas Estrelas”, confirma Lucas com humor. “Não importa que geração, todos passaram por esta faceta. E esta é uma nova exploração de outra parte destas galáxias, com uma textura diferente, animada, e num meio diferente, a TV”.

Anastassio encolhe os ombros quando escuta os temores de que Star wars: the clone wars não seja capaz de alcançar a seus predecessores na bilheteria. “Com que me encontre a um rapazinho de sete ou oito anos com os olhos como pratos e querendo ver o filme de novo, pensarei que fizemos bem nosso trabalho”, diz. Dado que definitivamente no vocabulário de A Guerra nas Estrelas não existe o “nunca jamais”, significará esta nova vida a possibilidade de completar a saga com os episódios VII, VIII e IX que Lucas sempre negou que tiveram uma historia? Ele sorri, com algumas sacudidas de sua preeminente barriga. Sua companheira sentimental, Mellody Hobson, presidenta da companhia Ariel Capital, lhe espera no carro para abandonar o rancho. O dia foi longo. “Uma vez que Luke Skywalker redime a seu padre, o que passa com o filho não me interessa. Não é a historia que quero contar e não sei que fazer com ele. Não tenho nada pensado para Skywalker. Por isso evito essa parte da historia e a seguirei evitando enquanto possa”, conclui.

------------------------------------------------------------
Star Wars
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Star Wars (A Guerra das Estrelas / Guerra nas Estrelas) é o título de uma Space Opera (nas próprias palavras do seu autor que assim designou o universo de fantasia que compunha este projeto) que foi transformada em uma série de seis filmes de ficção científica. Como subprodutos surgiram também uma franquia literária, uma série de jogos eletrônicos e desenhos animados (incluindo inúmeras prequelas, sequências e adaptações literárias) baseados nas idéias do cineasta e roteirista George Lucas. Os filmes, organizados em duas trilogias, abordam a transição histórica "numa galáxia muito, muito distante...." onde ocorre a queda da República Galáctica e a implantação e posterior derrocada do Império Galáctico sob comando do senador Palpatine (Lord Sith).
Os episódios são:
I.
A Ameaça Fantasma, Maio 19 de 1999;
II. O Ataque dos Clones, Maio 16 de 2002;
III. A Vingança dos Sith, Maio 19 de 2005;
IV. Uma Nova Esperança, Maio 25 de 1977;
V. O Império Contra-Ataca, Maio 21 de 1980
VI. O Retorno de Jedi, Maio 25 de 1983;
VI. guerras clonicas - agosto 15 de 2008 E ainda há o universo expandido, que são alguns episódios extras de Star Wars criados por fãs, ou até mesmo por Lucas. Um exemplo é Sombras do Império ou como O retorno de Darth Vader

O Universo

Os acontecimentos relatados em Star Wars ocorrem numa galáxia fictícia, sendo cada filme acompanhado por um pequeno texto de abertura com a intenção de contextualizar essa história no Universo Star Wars. É a única vez nos filmes que este Universo é analisado tendo o nosso como ponto de referência. O texto começa com a expressão: "Há muito tempo, numa galáxia muito,muito distante....", numa clara alusão aos contos de fadas "Era uma vez...". (Estão bem presentes quatro pontos ao fim da frase, desde 1977 e o primeiro filme, e este erro foi voluntariamente repetido para todos os outros filmes).
Muitas das suas personagens são humanas, interagindo com várias criaturas fantásticas de muitos sistemas planetários diferentes. Utiliza vários elementos sobrenaturais como
Magia, cavaleiros Jedi, bruxas e princesas, procurando reinterpretar arquétipos clássicos dos contos de fada e outros elementos mitológicos.
Apesar dos filmes decorrerem no período cronológico de duas gerações, o Universo Expandido decorre num período de milhares de anos (mais de 25140 anos), desde acontecimentos anteriores aos relatados nos jogos
Star Wars: Knights of the Old Republic ("KOTOR") (2003) ou KotOR II - The Sith Lords aos decorridos na banda desenhada (História em Quadrinhos) Legacy of The Force ou Star Wars: Legacy.
A publicação de "Nova Ordem Jedi" contribuiu para o aumento do Universo, seguindo-se a publicação de bandas desenhadas (Histórias em Quadrinhos), livros e jogos que ampliaram o Universo Star Wars futuro e passado, levando a criação de várias eras com períodos cronológicos bem definidos.
República
República galáctica é uma
civilização ficcional ou modelo de sociedade onde milhares de civilizações de planetas diferentes mantinham-se organizadas na forma de um senado galáctico.
No senado, representantes de cada
civilização ou planeta interagiam entre si. A república dominou a galáxia por milhares de anos, criando um governo justo e pacífico, incluindo inúmeros planetas, mas ao final tornou-se corrupta e acabou sendo dissolvida pelo Imperador Palpatine em um golpe de estado.

Eras

A contagem do tempo faz-se antes (ABY) e depois (DBY) da batalha de Yavin (a destruição da 1ª Estrela da Morte), apresentada no Episódio IV.
A 1ª de que há registro, e a Era Pré Repúblicana (13700000000ABY ou 7500000000ABY (formação do Sistema Cularin)-25000ABY),desde o Big Bang no Universo do Star Wars, até a formação de Grandes Impérios, como os do
Rakata, conhecido como "Império Infinito", famosos por construirem o Star Forge (30000 ABY) ou o Império Xim (25130 ABY),e a fundação de Coruscant (200000 ABY)encerrando este Período com a formação da República em 25000 ABY,
A 2ª é a Era da Velha República (25000 ABY-1000 ABY), focando a recém formada República Galáctica, os seus protectores, a Ordem
Jedi e os seus inimigos, os Sith. Começa com a criação da República e termina com a derrota da "Brotherhood of Darkness" ou Irmandade da Escuridão na 7ª Batalha de Ruusan e o posterior renascimento da República na Reforma Ruusan.
A 3ª é a Era do Império (1000 ABY-0 ABY) que foca a era dourada da República e a sua posterior transformação no
Império Galáctico através das maquinações de, Darth Bane e posteriormente Darth Sidious, culminando na Guerra dos Clones. A história contada nos Eps. I, II e III passa-se no final desta era.
A 4ª é a Era da Rebelião (0 ABY-5 DBY), focando o período dos filmes originais, os Eps
IV, V e VI. Foca a Guerra Civil Galáctica entra a Rebelião e o Império até à Batalha de Endor.
A 5ª é a Era da
Nova República (5 DBY-25 DBY), que conta a formação da Nova República e a sua luta com vários líderes imperiais, culminado com o fim da Guerra Civíl Galáctica com o Tratado Pellaeon-Gavrisom ou Acordos de Bastion.
A 6ª é a Era da
Nova Ordem Jedi(25 DBY-40 DBY), introduzindo novas galáxias e raças como os Yuuzhan Vong e a Civilização Killik e a reconstrução da Ordem Jedi pela mão de Luke Skywalker.
A 7ª é a Era do Legado (40 DBY- ), não possuindo ainda um fim definido. Esta era começa com a Nova Ordem Jedi e a Aliança Galáctica em 40 ABY, mas 100 anos no futuro relata e existência de um novo Império Galáctico e novos Sith, e a luta de Cade Skywalker para salvar a galáxia.

A Força

A Força é uma constante nas sagas Star Wars e sujeita a muitas interpretações, sendo descrita por Obi-Wan Kenobi no Ep. IV da seguinte forma: "An energy field created by all living things. It surrounds us, penetrates us, and binds the galaxy together." - Um campo de energia criado por tudo o que vive. Rodeia-nos, penetra-nos e une a galáxia.
No universo expandido,
Luke Skywalker diz: "The Force is a river from which many can drink, and the training of the Jedi is not the only cup which can catch it." - A Força é um rio onde muitos podem beber, e o treino do Jedi não é a única taça que a pode conter. Numa clara alusão às diferentes filosofias.
As teorias defendidas pela velha Ordem Jedi são as que nos são apresentadas nas duas triologias: Ashla (o Lado Luminoso) versus Bogan (o Lado Negro da Força), com as suas filosofias próprias.

Código Jedi:

“There is no emotion, there is peace.” - Não existe emoção, existe paz.
“There is no ignorance, there is knowledge.” - Não existe ignorância, existe conhecimento
“There is no passion, there is serenity.” - Não existe paixão, existe serenidade.
“There is no death, there is the Force.” - Não existe morte, existe a Força.
Filosofia Sith:
“Peace is a lie, there is only passion.” - Paz é uma mentira, só existe paixão.
"Through passion, I gain strength." - Através da paixão, ganho força.
"Through strength, I gain power." - Através da força, ganho poder.
"Through power, I gain victory." - Através do poder, atinjo a vitória.
"Through victory, my chains are broken." - Através da vitória, as minhas correntes são quebradas
"The Force shall free me." - A força me libertará.
Apesar de ambas as facções procurarem atingir um patamar existencial superior, fazem-no com diferenças filosóficas acentuadas.
Os
Jedi defendem o distanciamento emocional, a meditação, devendo as suas acções serem pautuadas pela sabedoria e lógica em função do bem comum, sendo Força usada com sensatez e de forma pacífica. Os Jedi devem fazer um uso da Força que sirva o conhecimento e para se defenderem, nunca para atacar. Defendem uma atitude menos interventiva, na qual se deve aceitar as situações menos positivas e tentar contorná-las ou resolvê-las de forma a aceitar o fluxo natural do universo e da Força.
Os
Sith, em contrapartida, acreditam na utilização de emoções fortes para alimentarem as suas habilidades, defendem a sobrevivência do mais apto e o uso sem restrições das suas habilidades. As suas técnicas tendem a ser mais agressivas e destructivas. Mesmo curar alguém pode ser um acto que se aproxima da filosofia Sith quando tal é feito com o total desrespeito das leis naturais e vergando a Força à vontade do utilizador (como é o caso de Cade Skywalker na 6ª era - Era do Legado).
O único ponto em que concordam é no perigo que o amor representa. Para os Jedi, pode levar a sentimentos como ciúme e raiva. Para os Sith, pode levar a sentimentos como compaixão e pena.
Midi-chlorians

Posteriormente, no Ep.I foi introduzido o conceito de "midi-chlorians", como organismos microscópicos, existentes nas células de seres vivos, que facilitam a interação com a Força e podem ser utilizados para contabilizar a sensitividade de cada um. Os que possuirem uma contagem maior de "midi-chlorians", poderão manipular de forma mais eficaz a Força.
Um teste sanguíneo é suficiente para confirmar a quantidade desses seres e dessa forma indicar o nível de sensitividade de alguém. Permitem a percepção da Força da mesma forma que os nossos olhos permitem ver certas frequências luminosas ou os nossos ouvidos interpretar as vibraçoes do ar como som.
Ao longo do Universo expandido foram surgindo formas artificiais de embuir alguém ou algo com o poder da Força, quer seja através de cristais artusianos, de artefatos Sith ou das manipulações genéticas dos Rakata. A invenção do conceito de "
midi-chlorians" poderá vir a explicar como esses processos funcionam, podendo no entanto entrar em conflito com a existência de seres não orgânicos (Shards e Tsil) sensitivos à Força.
Poderes

A Força confere aos seus utilizadores uma série de talentos excepcionais, a sua maioria de origem psíquica, tais como telepatia, telecinesia, habilidades precognitivas, mas também melhoria de atributos físicos (velocidade, força e resistência). Quando canalizada para o meio envolvente em vez de uma pessoa, permite técnicas como descargas eléctricas e estrangulamento (via telecinesia), repetidamente usadas pelos Sith ou habilidades curativas e criação de escudos pelos Jedi de acordo com as filosofias de cada um.
Ao longo dos vários filmes e do Universo Expandido existe uma grande variedade de técnicas diferentes, nas quais a Força permite a criação de resultados bem diferentes dos acima mencionados. Luke Skywalker utilizou-a para conseguir acertar no alvo no Ep.IV e destruir assim a 1ª Estrela da Morte,
Darth Sidious dominou a técnica que permite transferir o seu espírito para outros corpos, enganando a morte, tal como Qui-Gon-Jinn que se tornou um fantasma da Força e transmitiu esse conhecimento a Yoda e Obi-Wan Kenobi ,que em seguida a repassou para seu aprendiz Anakin Skywalker.
Na nomenclatura normal dos poderes da Força apenas diz-se "Force" na frente e, em seguida, o tipo específico do poder. Por exemplo: os raios lançados por Dooku (Dokan) contra Yoda e Obi-Wan no EP. II se chamam Force Lightning; a habilidade de enforcar à distância é Force Grip, entre outros. Existem, no entanto, muitas exceções à regra, na maioria dos casos relativos à habilidades conjutas (maioria), e não poderes de ataque/defesa com de costume. Exemplo disso é o Battle Meditation (e não "Force Battle Meditation").
Sabres de Luz
Introduzidos no Ep. IV os "lightsabers" ou sabres de luz, tornaram-se um dos elementos visuais que mais marcaram os filmes e o restante Universo Expandido.
Inicialmente criados pelos Jedi, rapidamente foram adoptados pelos Sith e outros sensitivos, tornando-se na galáxia, sinónimo de algum tipo de ligação com a Força, apesar de poderem ser utilizados por não sensitivos (como o General Grievous). No entanto, a
Força é um elemento fundamental na sua construção, visto que é através dela que os vários componentes são fundidos, de forma a garantir o correcto fluxo de energia.
Os elementos que sobressaem na composição de uma sabre de luz são os cristais que irão contribuir para a cor, e características da lâmina, podendo existir até um máximo de três cristais no sabre de luz normal.

Citando as palavras da Mestre Jedi Luminara Unduli:

"The crystal is the heart of the blade." - O cristal é o coração da própria lâmina.
"The heart is the crystal of the Jedi." - O coração é o cristal do próprio Jedi.
"The Jedi is the crystal of the Force." - O Jedi é o cristal da própria Força.
"The Force is the blade of the heart." - A Força é a lâmina do próprio coração.
"All are intertwined: The crystal, The blade, The Jedi." - Todos estão ligados: o cristal, a lâmina, o Jedi.
"You are one." - São um.
O filme

Inicialmente, George Lucas escreveu um roteiro de 6 horas de filme, e o fez mesmo prevendo a resposta do estúdio. Recebendo um "não" como resposta, decidiu dividir o filme em 6 episódios, sendo que resolveu gravar apenas os 3 últimos pois os julgava mais interessantes e reconhecia neles aspectos que cativaria o público. Mas no fim dos anos 90 os fãs ganharam um presente, a notícia de que os 3 primeiros episódios seriam gravados. Antes disso, no início da década de 90, os 3 episódios já gravados foram relançados em edição remasterizada.
A Fox, por desacreditar num filme que falava sobre o espaço, que na época era loucura, permitiu que George Lucas tivesse todos os direitos do filme, o que garantiu a George Lucas dinheiro suficiente para montar suas próprias empresas cinematográficas. Dentre elas a ILM, empresa que revolucionou a industria cinematográfica com efeitos especiais de altíssima qualidade, desenvolvendo tecnologia própria. Hoje, George Lucas é dono das seguintes companhias: Lucasfilm; LucasArts; Industrial Light & Magic; Lucasfilm Animation; Skywalker Sound; Lucas Licensing; Lucas Online; George Lucas Educational Foundation.
Entre as empresas criadas por George Lucas, que depois se tornaram independentes, estão Avid Technology, THX e Pixar Animation.
Com o sucesso de Star Wars (Guerra nas Estrelas) surgiram várias lendas, e na sede dos fãs de saber mais sobre a saga, histórias e mais histórias surgiram, porém não se sabe sobre a veracidade delas. Uma delas é que George Lucas teria escrito 9 episódios e não 6, uns dizem que o que acontecerá nos últimos 3 episódios, outros dizem que George Lucas não revelou nada sobre eles e que não pretende gravá-los, pois diz que não terão o mesmo efeito que os outros episódios tiveram, outros também afirmam que ele deixou os episódios disponíveis para qualquer diretor que quiser gravá-los, mas não se sabe ao certo qual dessas informações é verídica.
A saga Star Wars faz uso de arquétipos, comuns tanto em
ficção científica quanto em mitologia antiga, assim como da musica romântica presente nesses gêneros. Em 2005, a Revista Forbes estimou o rendimento total gerado pela franquia Star Wars (durante o percurso de seus 28 anos de história) em aproximadamente US$ 20.000.000.000,00 (vinte bilhões ou vinte mil milhões de dólares), facilmente fazendo-a uma das franquias baseadas em filmes de maior sucesso de todos os tempos. Também na Forbes, na lista das pessoas mais ricas do mundo publicada na revista em 2004, George Lucas aparece em 153º lugar, com uma fortuna estimada em 3 bilhões de dólares.
História da produção e realização do filme
George Lucas era um dos diretores da nova geração do cinema americano nos anos 70, juntamente com
Francis Ford Coppola, Steven Spielberg, Martin Scorcese e Brian de Palma. Após o sucesso de American Grafitti, George Lucas consegue convencer a Fox a financiar o filme, conseguindo uma verba de 8 milhões de dólares americanos. Entretanto, antes disso, vários estúdios já tinham recusado o filme. Para impressionar os executivos da Fox, Lucas contratou Ralph MacQuirre, designer da Boeing e artista conceitual, para desenhar as cenas a partir do roteiro. Lucas exigiu em seu contrato que as possíveis sequências do filme seriam realizadas por ele, além de ter garantido os direitos de merchandising sobre a obra. A Fox, não imaginando o sucesso do filme, concordou com Lucas, que também não esperava, naquele momento, que o filme se tornasse um divisor de águas da indústria cinematográfica americana.
Durante a elaboração do roteiro de Star Wars, Han Solo chegou a ser um alienígena verde e Luke um
general de 60 anos de idade. O sobrenome original de Luke, (nome obviamente escolhido devido ao nome do diretor) era Starkiller, alterado para Skywalker no roteiro final. Devido a grandiosidade do roteiro, Lucas dividiu a história em 6 partes, começando a partir da 4º parte, considerada mais viável economicamente e de maior apelo ao público.
Lucas opta por escolher um elenco desconhecido, desagradando o estúdio. Harrison Ford, que já era conhecido, foi inicialmente chamado apenas para participar dos testes de elenco. Vários atores como Kurt Russel fizeram testes para o papel de Solo.
Mark Hamill era conhecido por seu papel em uma série de televisão e Carrie Fisher era filha de artistas consagrados de Hollywood, mas também era desconhecida. Peter Mayhew foi escolhido para o papel de Chewbacca devido a sua altura (2,20 m). Kenny Baker, um comediante anão, faria R2-D2 e o artista mímico Anthony Daniels, seria C-3PO. David Prowse, com seus 2 metros e corpo atlético seria Darth Vader. Mas a voz de Vader ganharia a interpretação de James Earl Jones, ator reconhecido do teatro e que mais tarde trabalharia novamente com Harrison Ford na série "Jack Ryan: Jogos Patrióticos e Perigo Real e Imediato", interpretando o almirante Jim Greer. Para viver Obi-Wan Kenobi, o famoso ator britânico e vencedor do Oscar por "A Ponte do Rio Kwai", Alec Guinness fora chamado por Lucas para dar credibilidade ao filme.
O início das filmagens ocorre na
Tunísia, em pleno deserto do Saara. Ao mesmo tempo, nos estúdios Elstree em Londres, os cenários gigantescos da Estrela da Morte e das naves, era construído. Nos Estados Unidos, a ILM (Industrial Light & Magic), empresa fundada por Lucas, começava a preparar os modelos, miniaturas e equipamentos para criar os efeitos especiais.
Na Tunísia, logo no inicio das filmagens sob um calor de 40º, o cenário do filme do planeta Tattoine é destruído por uma tempestade. Problemas com R2-D2 são corriqueiros. O ator Anthony Daniels se machuca com a armadura de C-3PO antes das filmagens.
Após semanas na Tunísia, as filmagens passam para Londres. Lucas enfrenta diversos problemas como a interrupção das filmagens as 17:30h todos os dias devido as normas do sindicato inglês, as constantes brincadeiras dos atores durantes as filmagens, as discussões com a equipe técnica do estúdio inglês e a pressão do estúdio Fox pelo término das filmagens. Na Fox, apenas Alan Ladd Jr., executivo que contratara Lucas, ainda acreditava no sucesso de Star Wars. Nesse momento os técnicos ingleses chegavam a perguntar aos atores "que filme era aquele, com tantas babaquices e coisas sem sentido", segundo o documentário "Impérios dos Sonhos". Mal sabiam que estavam participando do filme que mudaria a história do cinema e que revolucionária a forma de se fazer filmes.
Após as filmagens em Londres, Lucas se concentra na produção dos efeitos do filme e na montagem. O primeiro corte de Star Wars foi um desastre, segundo Lucas, obrigando-o a demitir o editor e contratar uma nova equipe de edição. A ILM, nesse momento, só tinha produzido 4 tomadas para o filme, sendo que todas foram descartadas por Lucas. Com o prazo se esgotando, Lucas assume o controle da ILM. Para mostrar aos técnicos o que ele desejava em termos de ação e velocidade para as cenas de batalha espacial, recorreu a filmes de combates aéreos da Segunda Guerra Mundial.
Para a
trilha sonora, Lucas contrata John Williams, compositor já reconhecido por trabalhos como Jaws (Tubarão) de Spielberg. A trilha é gravada pela Orquestra Sinfônica de Londres. Na primeira exibição do filme ainda não finalizado, a executivos da Fox, alguns chegaram a chorar e reconhecer que Star Wars modificaria história do cinema.
Com o atraso na produção do filme, a estréia programada para dezembro de 1976 fora adiada para 25 de maio de 1977. A princípio, em torno de apenas 40 cinemas aceitaram exibir o filme. Muitos críticos e executivos esperavam o fracasso do filme nas bilheterias e Lucas não imaginava o que estaria por vir. A campanha de marketing bem sucedida nos meses anteriores com a exibição de traillers, a venda de produtos e difusão do filme entre entusiastas de ficção científica e histórias em quadrinhos, alavancou o filme e filas imensas se formaram no dia de estréia. Nas primeiras semanas Star Wars já batia todos os recordes de bilheteria tornando-se um estrondoso sucesso de público e de crítica.
Star Wars fora indicado a diversos prêmios Oscar, inclusive melhor filme, ganhando praticamente todos prêmios técnicos como efeitos sonoros, visuais, edição, de um total de 7 estatuetas. O sucesso de bilheteria pelo mundo todo garantiu a Lucas as condições financeiras para produzir a sequência de Star Wars, O Império Contra-Ataca e depois O Retorno de Jedi.
Star Wars revolucionou o cinema e a forma de se fazer filmes. Surge aqui o conceito de blockbuster (filme arrasa-quarteirão) com grandes bilheterias e orçamentos. O público jovem era o novo alvo da indústria. As inúmeras técnicas criadas pela ILM revolucionaram a indústria de efeitos especiais no cinema, dando origem a outras divisões como Skywalker Sound, THX, Pixar, LucasArts entre outras.
George Lucas, com Star Wars, tornara-se o cineasta independente de maior sucesso do cinema. Lucas colocou praticamente todo dinheiro ganho com Star Wars na produção de O Império Contra-Ataca, não se rendendo ao poder dos estúdios. Na verdade, Lucas foi responsável por revitalizar a força daquilo que ele sempre combateu como cineasta independente.
A partir de Star Wars e suas sequências, todo um universo de produtos foi desenvolvido, como história em quadrinhos, desenhos animados, brinquedos, roupas, etc. Star Wars se tornou uma febre mundial e mesmo após 30 anos de seu lançamento, em 2007, a franquia continua forte. O lançamento recente dos últimos 3 filmes da série alavancaram mais ainda o que já era um sucesso, conquistando uma nova geração de fãs.

Temáticas

A utilização da fórmula épica é uma constante nos filmes, recorrendo à utilização de temas e conceitos comuns aplicados visualmente e no desenrolar da história. A reinterpretação dos arquétipos mitológicos é a base da intemporalidade dos filmes, pois focam temáticas com que todos se relacionam, incorporando no entanto conceitos modernos:
As tensões pais\filhos (Anakin\Obi-Wan e Luke\Anakin), as donzelas em perigo (Padmé\Leia) que afinal não são assim tão indefesas, as histórias de
amor que persistem contra todas as adversidades (Padme\Anakin e Leia\Han)
Um exemplo da utilização de arquétipos ao longo das sagas é o paralelismo entre as histórias de Anakin e Luke Skywalker:
Ambos são encontrados ainda jovens por um ancião que os introduz a um universo mais amplo, revelando-lhes as suas habilidades, ambos os anciãos sabem algo sobre a sua origem que os próprios desconhecem (Qui-Gon-Jin e a profecia sobre o Escolhido e Obi-wan Kenobi e a identidade de Darth Vader), ambos vêm o seu mestre morto antes de terem o seu treino completo, sendo adoptados por um mestre com uma relação aluno/
professor com o mestre anterior (Obi-wan é o antigo padawan de Qui-Gon e Yoda é um antigo mestre de Obi-wan. Ambos evidenciam-se no uso da Força (Anakin ultrapassa os seus mestres e Luke evolui quase sem treino), ambos são assolados por fortes emoções: amor e raiva. Anakin sente amor por Padme e raiva pela morte da sua mãe e Luke sente amor pelos seus amigos e raiva pela morte dos seus tios, ambos vêm essas emoções utilizadas contra si na tentativa de os persuadir para o Lado Negro da Força e ambos são salvos pela compaixão que sentem. Luke pela compaixão pelo seu pai, não o matando quando teve oportunidade e Anakin pela compaixão pelo seu filho, não deixando que o Imperador o matasse.

Ficha técnica

Personagens

Anakin Skywalker (epis. I Jake Lloyd) (epis. II e III : Hayden Christensen) (epis. VI Sebastian Shaw)
Darth Vader (epis. III Hayden Christensen) (epis. IV, V, VI David Prowse) (epis. III, IV, V e VI dublando a voz: James Earl Jones)
Obi-Wan Kenobi (epis. I, II e III Ewan McGregor)(epis. IV, V e VI Alec Guiness)
Luke Skywalker (epis. IV, V e VI Mark Hamill)
Princesa Leia (epis. IV, V e VI Carrie Fisher)
Han Solo (epis. IV, V e VI Harrison Ford)
Padmé Amidala (epis. I, II e III Natalie Portman)
Mace Windu (epis. I, II e III Samuel L. Jackson)
Mestre Yoda (performance Frank Oz) (epis. I, II ,III,V e VI)
Chewbacca (epis. III, IV, V e VI Peter Mayhew)
C-3PO (epis. I a VI Anthony Daniels)
R2-D2 (epis. I, III, IV e VI Kenny Baker)
Lando Calrissian (epis. V e VI Billy Dee Williams)
Palpatine/Darth Sidious(epis. I, II ,III,V e VI Ian McDiarmid}
Conde Dookan/Darth Tyrannus(epis II e III Christopher Lee)
Qui-Gon Jinn -(epi. I Liam Neeson)
Música
John Williams acompanhado pela Orquestra Sinfônica de Londres

terça-feira, agosto 12, 2008

A China infla o peito

A China infla o peito

JOSÉ REINOSO - El País - 10/08/2008

Tradução de Antonio de Freitas

Os Jogos Olímpicos são a grande vitrine da China que deseja ser a grande superpotência do século XXI. A nova geração de líderes comunistas leva o gigante asiático pelo caminho do capitalismo sob o lema da 'ascensão pacífica'. Desafios pendentes: desigualdades, corrupção, direitos humanos e falta de democracia. Renunciará o partido a seu monopólio do poder?

“A máxima prioridade do país neste momento é que os Jogos Olímpicos sejam um sucesso". A frase, pronunciada há uns dias pelo presidente chinês, Hu Jintao, diante de um grupo do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCCh), não deixa lugar a dúvidas. Pequim deve triunfar no maior evento esportivo que se celebra no mundo a cada quatro anos. Porque os Jogos, com uma audiência global que alguns observadores cifram em quatro bilhões de telespectadores, são a grande janela para o mundo e tem um efeito para a imagem do país organizador que vai muito além das duas semanas e meia que dura a competição. E se não for assim, que perguntem a Barcelona, cuja ressonância e popularidade dispararam como conseqüência dos Jogos Olímpicos de 1992.

Para os dirigentes chineses é imprescindível que o grande evento seja um sucesso de organização, segurança, meio ambiente e, se for possível, também esportivo, porque isto lhes permitiria lograr seu objetivo: sancionar a ascensão da China na cena internacional e subir ao pódio dos países poderosos e respeitados. Ao mesmo tempo legitimará o regime para a população com um banho de nacionalismo.
"Barcelona é uma cidade muito bonita. Eu gostaria de ir". Não diz um jovem universitário, instruído ou viajado, dos que há cada vez mais na China, mas um habitante da Pequim popular que nunca em sua vida saiu do país, mas que, como muitos chineses, segue com fidelidade a televisão.
Durante os últimos meses, as cadeias oficiais emitiram numerosas reportagens relacionadas com os Jogos, e Barcelona foi um dos objetivos dos jornalistas. Daí que quando se pergunta aos locais sobre o que conhecem da Espanha, contestam que os touros (pela televisão), o futebol (preferentemente, o Real Madrid) e Barcelona (de ouvir falar). "E as mulheres são muito bonitas", acrescentam. Se tiverem mais cultura, citam três artistas: Dalí, Gaudí e, em menor medida, Picasso. Os três, curiosamente, relacionados com a capital catalã.

Para o Governo de Pequim não se trata de, com os Jogos, impulsionar o turismo num país que já figura entre os primeiros destinos de viagem do mundo, mas de dar uma nova versão para aquela frase que Mao Zedong pronunciou em 1 de outubro de 1949 desde o alto da Porta da Paz Celestial, na praça de Tiananmen, quando proclamou a fundação da República Popular da China: "O povo chinês se pôs de pé".
Não é que agora o povo chinês não esteja de pé. Em absoluto. Há muito tempo que as potências coloniais saíram do país. E ainda que subsista entre a população e os dirigentes certo complexo de inferioridade, incubado pelas longas décadas de invasão estrangeira e debilidades política, econômica e tecnológica, o complexo está esfumando-se na mesma velocidade que a China ascende degraus, até transformar-se, inclusive em altivez. "Os funcionários chineses se comportam às vezes com arrogância nas reuniões que temos no Ministério de Relações Exteriores. São conscientes do poder que adquiriu seu país, e nos fazem notar", afirma um diplomata europeu. "Até quando vão utilizar como desculpa a humilhação colonial?"

Os dirigentes têm motivos para estarem orgulhosos dos sucessos alcançados. O país asiático já é a quarta economia mundial. Seu produto interno bruto ascendeu a 24,7 trilhões de yuanes (2,3 trilhões de euros) em 2007, e este ano poderia superar a Alemanha e situar-se como terceira. Ultrapassar o Japão e logo aos Estados Unidos é somente questão de tempo. Ao fim e ao cabo, a China têm mais de 1,3 bilhões de habitantes e, ainda que em renda per capita esteja muito longe da cabeça, o valor absoluto de uma economia conta, e muito.
O Governo do presidente Hu Jintao deseja que seus atletas cheguem no mais alto nos Jogos Olímpicos, que começaram na sexta-feira passada e finalizarão no dia 24 de agosto. O qual significa, simplesmente, superar os Estados Unidos em número de medalhas de ouro. Em Atenas, a China obteve 32, três a menos que seu rival norte-americano, e alguns analistas calculam que nesta edição logrará mais de 40, e baterá os Estados Unidos. Porém, sobretudo, os líderes querem que o evento seja uma celebração das três décadas de reformas econômicas, e mostre a rapidez com que o país se modernizou.
A história da China deu um giro de 180 graus em dezembro de 1978, dois anos depois de que falecera Mao, pondo fim à Revolução Cultural (1966-1976), o movimento radical lançado pelo Grande Timoneiro para reavivar o espírito revolucionário e desfazer-se de seus inimigos políticos. Foi em dezembro daquele 1978 quando seu sucessor, Deng Xiaoping, pôs em marcha o processo de abertura e reforma, que substituiu o sistema de economia planificada de herança soviética pela chamada economia de mercado socialista, ou, o que é o mesmo, um capitalismo do melhor corte ocidental sob o controle absoluto do Partido Comunista Chinês.

O Pequeno Timoneiro – pequeno, inteligente e pragmático como poucos - mandou ao traste com o maoísmo e sua herança, sacou o país do isolamento, o abriu ao investimento estrangeiro e o lançou no maior e mais acelerado processo de mudança que viveu uma nação na história da humanidade.

Hoje, o comunismo é pouco mais que uma palavra no nome do partido único governante. A educação e a saúde são pagas, e nada têm a ver que sejam públicas ou privadas. Público não significa gratuito neste país. Assim que quem não tem dinheiro não pode se permitir estudar, nem algo mais grave, cair enfermo.

Como dizem os chineses, quando alguém sofre uma doença grave, não somente afeta a ele mesmo, mas também a toda sua família e sua rede de amigos, que são quem tem de emprestar o dinheiro para fazer frente às elevadas contas. Isto surpreende a muitos turistas, e homens e mulheres de negócios, quando chegam a Pequim. "Mas a China não é um país comunista?", ‘exclamam’.

Desde que Deng lançou o processo de mudança, a China experimentou um desenvolvimento econômico e social extraordinário, que recebeu o aplauso de organismos internacionais e Governos estrangeiros. Durante estas três décadas, a economia cresceu numa média anual de 9,7%, e centos de milhões de pessoas saíram da pobreza, ainda que continue existindo 318 milhões que vivam com menos de dois dólares diários.

Quem conheceu a China de 20 anos atrás e conhece a atual acredita ver dois países distintos. Milhares de quilômetros de rodovias, dezenas de portos e aeroportos, hospitais, complexos hidrelétricos e centrais nucleares de última geração surgiram por toda a geografia, enquanto que as cidades se transformaram completamente, dando passo a bosques de arranha-céus, hotéis de luxo, linhas de metrô e largas avenidas pelas quais passeiam jovens vestidos com roupa - verdadeira ou falsa - das melhores marcas estrangeiras. Jovens que possuem carros novíssimos se divertem em ‘karaokês’, bebem whisky misturado com chá e dançam até o amanhecer em discotecas nas que soam a última música ocidental.

Grande parte destes jovens está orgulhosa de seu país; dos sucessos chineses como, por exemplo, o de haver se convertido em 2003 na terceira nação do mundo, atrás dos Estados Unidos e da antiga União Soviética, de colocar um ser humano em órbita terrestre, ou da crescente influência política e econômica chinesa. Por isso, e ajudados pela política nacionalista do Governo, respaldaram com paixão a organização dos Jogos e criticaram duramente os incidentes que marcaram o recorrido internacional da tocha olímpica. Até ao ponto de - como afirmam numerosos blogs e foros de Internet - interpretar estes protestos como um ataque contra a ascensão chinesa.
A maioria desconhece a verdadeira situação dos direitos humanos em seu país, não lhes importa, e entre os que têm uma idéia, a maior parte diz: "Já sei que na China há problemas, porém a situação está melhorando". Ou seja, o discurso oficial de Pequim, que exerce um controle absoluto sobre os meios de comunicação.
O XVI Congresso do PCCh, celebrado no outono de 2002, marcou a chegada de uma nova geração de líderes, encabeçada por Hu Jintao - hoje com 65 anos- e o primeiro-ministro, Wen Jiabao, da mesma idade. Chegaram levantando a bandeira da defesa dos mais desfavorecidos, preocupados com a tremenda brecha social, a corrupção estrondoso e a deteorização ambiental que produziram as três décadas de desenvolvimento meteórico.
Enquanto o anterior presidente, Jiang Zemin, gostava de rodear-se de executivos de grande multinacionais como o presidente da Microsoft, Bill Gates, Hu e Wen lutam por transmitir uma imagem de homens do povo. Cada inverno, quando chega o Ano Novo chinês, a finais de janeiro, vão visitar camponeses em povoados poeirentos, a mineiros em poços profundos e a outros coletivos desfavorecidos, ali onde estejam, para compartir, diante das câmaras de televisão, uns quantos ‘jiaozi’, uns raviólis recheados e fervidos, muito populares nessas festas. Para a ocasião costumam vestir jeans modestos e tênis.
A China confia em si mesma, e têm ambição. Mas não é uma ambição imperialista, asseguram seus líderes, que se esforçaram em transmitir ao mundo - com irregular sucesso - sua idéia de ‘ascensão pacífica’ (heping jueqi). A teoria, utilizada pela primeira vez a finais de 2003 num discurso do ex-subdiretor da Escola Central do Partido, Zheng Bijian, para contrapor a chamada ‘ameaça chinesa’, resume o bem arejado objetivo de manter boas relações com o mundo e assumir sua responsabilidade global. Ou seja, como Hu e Wen repetiram numerosas vezes em suas viagens pela Ásia e Estados Unidos, que a China nunca buscará a hegemonia mundial, mesmo que nem todos acreditem.

Zheng Bijian apontou no seu discurso que, no passado, a ascensão de uma potência muitas vezes supunha uma mudança drástica do equilíbrio geopolítico mundial e inclusive conflitos bélicos. Assegurou que isto ocorria porque os Governos destes países elegiam a via da agressão e da expansão, o que finalmente conduzia ao fracasso. A situação mudou hoje e a República Popular da China deve desenvolver-se de forma pacífica, e criar um entorno de estabilidade internacional, com uma mensagem muito clara: que o mundo se beneficiará de uma China estável e poderosa, disse a autoridade chinesa.
Alguns países receiam. Pequim quer paz e estabilidade para crescer, mas o que ocorrerá depois? Perguntam-se. Os Estados Unidos são conscientes de que a máquina asiática é muito potente e, sobretudo, paciente. Em definitiva, pensam os dirigentes chineses, que são umas quantas décadas frente aos cinco mil anos de história que reivindicam para seu país? Washington teme perder sua hegemonia global, a liderança no oceano Pacífico e vê com maus olhos o contínuo incremento do orçamento militar chinês - muito inferior, em qualquer caso, ao seu - e, sobretudo, a falta de transparência com relação a “no quê se gasta”.
Mas a economia estadunidense está cada vez mais entrelaçada com a chinesa e o presidente George W. Bush há tempo deixou de falar da China como rival estratégico, como fez na sua primeira legislatura, e se acercou à visão européia de considerá-la um sócio. Milhares de empresas norte-americanas estão instaladas no país asiático, onde produzem desde carros até os tênis que calçam seus cidadãos. E o que dizer da langerie, as camisas e os artigos de eletrônica, que importam a baixos preços da China para alimentar as práticas consumistas de sua população, desde o Oregon até o Alabama.
Para vizinhos como o Japão e a Índia, o despertar do dragão chinês supõe também um desafio, pela busca de recursos energéticos e porque no passado se enfrentaram militarmente, e para Europa representa um grande desafio para suas empresas, que viram como a concorrência asiática forçou o fechamento de fábricas e a demissão de milhares de trabalhadores.

Os Governos europeu e estadunidense criticam que a moeda chinesa está infra-valorada, o que favorece a atividade exportadora das companhias asiáticas, ainda que desde que em julho de 2005 Pequim atrelou o ‘yuan’ - ou ‘renminbi’- a uma cesta de moedas -incluídos o dólar, o euro e o ‘yen’-, em lugar de estar unido só ao bilhete verde estadunidense, não deixou de valorizar-se. As autoridades monetárias disseram a principio que flexibilizariam a taxa de câmbio progressivamente, o repetiram e assim o estão fazendo, em boa parte devido à pressão ocidental.
Os Governos estrangeiros criticam também que a nação asiática não respeitou alguns dos compromissos assumidos quando entrou na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, e que o crescimento da pirataria e a infração de direitos de propriedade intelectual são assustadores. Os sindicatos estrangeiros argumentam que as condições laborais na China são deploráveis, mas o mesmo ocorre em outros países em desenvolvimento, como Índia, Vietnã ou Camboja, e assim aconteceu na Europa ou nos EUA.

A ‘ascensão pacífica’, uma das primeiras iniciativas postas em marcha pela quarta geração de líderes chineses - as três precedentes foram as de Mao Zedong, Deng Xiaoping e Jiang Zemin -, encabeçada por Hu Jintao, é um dos principais eixos da política externa chinesa. O outro eixo é conhecido como ‘diplomacia do petróleo’, segundo a qual Pequim baseia suas relações com outros Governos, em boa medida, nas suas prioridades econômicas, o que explica as freqüentes viagens dos dirigentes à África ou à América do Sul.

Numa visita realizada por Wen Jiabao aos Estados Unidos em dezembro de 2003, o primeiro-ministro afirmou que a política estrangeira de um país está cada vez más ligada ao que percebe que são seus interesses nacionais e a seu próprio desenvolvimento, e para China, assegurar-se de fornecimento de recursos energéticos e matérias primas - petróleo, cobre, gás o urânio, entre outros -, das que tanto carece, é a chave para seguir crescendo. O país asiático é o segundo maior consumidor de petróleo do mundo depois dos Estados Unidos.

Dois exemplos desta tática ocorreram recentemente. Em junho passado, Pequim e Tóquio alcançaram um compromisso para desenvolverem conjuntamente campos de gás natural no mar da China oriental, numa zona que ambos consideram dentro de suas fronteiras e que fora durante anos fonte de atritos. O acordo foi facilitado pela suavização que experimentaram as relações entre ambos os rivais históricos. E no mês passado, a China e a Rússia firmaram um acordo que fixou definitivamente os 4.300 quilômetros de fronteira comum e pôs fim a quatro décadas de disputas sobre a demarcação de seus territórios. Os intercâmbios entre os dois Governos melhoraram consideravelmente nos últimos anos, em boa medida pelo afã comum de contrapor o peso político e econômico dos Estados Unidos, mas também pela sede chinesa de gás e petróleo russo.

Em paralelo, o Executivo de Hu Jintao multiplicou os esforços para polir sua imagem diplomática internacional e corresponder à sua posição como um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Para isto, deixou, pouco a pouco, de atuar discretamente na sombra, como era sua tradição, para assumir responsabilidades e um papel sob os focos, como demonstram sua atuação nas negociações para resolver a crise nuclear da Coréia do Norte e o envio de soldados em missões de paz.

Para a diplomacia chinesa, as chaves são a "não ingerência nos assuntos internos de outros países", e a construção de relações baseadas no ‘beneficio mutuo’ (‘win-win’, em inglês). Isto leva, conseqüentemente, a olhar muitas vezes para o outro lado e fazer negócios com alguns Governos que violam sistematicamente os direitos humanos, o que lhe valeu as críticas do Ocidente.
Se externamente o objetivo é mostrar um país pacífico e colaborador, internamente a prioridade dos dirigentes é conseguir para 2020 uma "sociedade moderadamente acomodada", ou de classe media (‘xiaokang’, termo registrado pela primeira vez em ‘O clássico dos ritos’, um dos cinco livros clássicos chineses associados a Confúcio). Como sempre, os líderes olharam para o passado para construir o futuro.
Ao ‘xiaokang’ soma-se o outro objetivo socioeconômico do Executivo de Hu Jintao, a criação de uma ‘sociedade harmoniosa’ (‘hexie shehui’, uma idéia proposta pelo partido comunista em 2005 para mudar diametralmente do desenvolvimento a qualquer preço para uma economia mais equilibrada. As desigualdades sociais - entre as maiores do mundo -, as diferenças entre as províncias ricas da costa e as pobres do interior, bem como entre as cidades e os povoados, chegaram a tal nível que o Governo reconheceu que supõem um perigo para a sobrevivência do PCCh, um partido ao que muitos daqueles que se filiam, o fizeram unicamente para conseguir um posto na Administração. A renda per capita mensal nas zonas urbanas cresceu a 1.148 yuanes (108 euros) em 2007, 79% mais que em 2002, enquanto que no campo foi de 345 yuanes (32 euros), 67% mais que cinco anos antes.

À fratura social soma-se uma longa lista de desafios: manter um crescimento da economia superior a 7% para proporcionar empregos à população; interromper a corrupção, que custa 3% do PIB por ano; controlar a inflação e diminuir a poluição. Contudo, 70% dos rios chineses estão contaminados e a chuva ácida afeta a um terço do território.
A implantação de uma política mais igualitária e respeitosa com o meio ambiente foi referendada no XVII Congresso do partido, celebrado no passado outubro [o conclave têm lugar a cada cinco anos]. A Constituição do PCCh foi modificada para incluir o conceito de ‘desenvolvimento científico’ impulsionado por Hu Jintao, que impõe a necessidade de que os avanços econômicos não se produzam a qualquer preço.

Por outro lado, a China tem que administrar com atenção suas relações com Taiwan e fazer frente às tensões separatistas nas regiões autônomas de Xinjiang - onde supostos terroristas muçulmanos ‘uigures’ mataram na segunda-feira passada, dia 04 de agosto, a 16 policiais de fronteira -, e Tibet, onde em março a população local se levantou contra o que considera a falta de liberdade religiosa e a destruição de sua cultura por parte do Governo central. As manifestações, inicialmente pacíficas, degeneraram em violentas e foram reprimidas com dureza pelas forças de segurança, o que fez planar a sombra do boicote sobre os Jogos Olímpicos.
Os dirigentes tomaram contundentes medidas para reduzir as brechas: eliminaram impostos milenários aos camponeses, investiram bilhões de euros em construção de infra-estruturas nas províncias do interior, estão estendendo a gratuidade dos nove anos de educação obrigatória e implantando um sistema de seguros médicos. Tarefas ingentes e com resultados desiguais, num país de 1.300 milhões de habitantes.

A manutenção da estabilidade e a construção de uma ‘sociedade harmoniosa’ entram muitas vezes em conflito com os interesses individuais. Mas na China, o que o Governo considera o bem coletivo passa por cima do particular. Ademais, ‘estabilidade’ significa para o PCCh impedir qualquer dissidência, crise ou levantamentos, como os que no passado sacudiram o país derribando dinastias ou fazendo correr perigo a continuidade do partido. É o caso das manifestações a favor da democracia de Tiananmen, em 1989, que acabaram numa matança. Algo que os dirigentes querem evitar a todo custo em sua acelerada marcha para converter a China numa superpotência. Pequim argumenta, também, que há forças querendo derrocar o Governo e acabar com o partido comunista, e aponta algumas organizações não governamentais, políticos e intelectuais estrangeiros com estes interesses.
As vozes que se levantam desde fora de suas fronteiras em contra das contínuas violações dos direitos humanos são numerosas: Anistia Internacional, Human Rights Watch, Human Rights in China, Reporteros Sin Fronteras, defensores de Darfur, organizações religiosas, o movimento de inspiração budista Falun Gong e grupos contrários à pena de morte ou defensores dos direitos nacionais de Tibet, entre outros.

Também há vozes dissidentes dentro da China, sejam políticas ou de peticionários que exigem compensações justas pelas expropriações, ainda que o Governo as reprima com dureza. Um dos casos mais proeminentes é o de Hu Jia (ativista ambiental, defensor dos afetados pela AIDS e porta-voz dos dissidentes nos cárceres chineses) e sua esposa Zeng Jinyan. Hu, de 35 anos, foi detido em dezembro passado e condenado em abril a três anos e meio de cárcere em um julgamento que durou um dia, por "incitar à subversão do poder do Estado". O arresto de Hu foi interpretado como uma forma de silenciar a um dos dissidentes mais críticos com o Governo, ademais expô-lo como castigo exemplar. Zeng, sua mulher, está submetida a vigilância domiciliar.
Na semana passada, Anistia Internacional (AI) acusou às autoridades chinesas de descumprirem a promessa que fizeram quando conseguiram os Jogos em 2001, a de que melhorariam o estado dos direitos humanos no país. Outras organizações se pronunciaram nas últimas semanas no mesmo sentido. Segundo afirmam, a situação não só não melhorou diante do evento esportivo, como piorou. Desde meses, Pequim aumentou os controles sobre ativistas, que foram postos sob vigilância ou, diretamente, detidos e acusados de querer "subverter o poder do Estado" ou de "revelar segredos de Estado".

Quando os Governos estrangeiros criticam esta situação ou a gestão do Tibet, Pequim replica que são assuntos internos e que nenhum país tem direito a imiscuir-se neles. Um embaixador ocidental afirma: "Já não vale dizer 'isto é uma questão interna'; vivemos numa aldeia global e as ações devem ser justificadas e argumentadas".
Pequim afirma que o Ocidente é injusto e que a situação dos direitos humanos melhorou. Eles afirmam que o primeiro direito humano é o direito da população chinesa se alimentar. Contudo, deficiente diante do Ocidente da legitimidade que outorga haver ganhado o direito de governar nas urnas, o Governo chinês tem perdida no momento a batalha das relações públicas.

A grande pergunta que se faz tanto quem visita a China pela primeira vez como quem leva anos vivendo nela é se algum dia chegará a democracia ao Império do Centro. Hu Jintao prometeu reformas controladas e uma maior participação dos cidadãos nos assuntos políticos do país para 2020, o ano que fixou para conseguir a "sociedade moderadamente acomodada", mas advertiu que qualquer avanço neste sentido será realizado sob o Governo absoluto do partido.
Analistas e observadores políticos estrangeiros consideram que é imprescindível que a China melhore suas estruturas de Governo para poder seguir avançando. "A insegurança judicial e a corrupção são grandes problemas. Um país moderno e desenvolvido não pode existir sem um Estado de direito. Esta é a chave do futuro", afirma o diplomata europeu antes citado.

Os dirigentes chineses afirmaram repetidas vezes que nunca adotarão um modelo de democracia de estilo ocidental. Ao mesmo tempo caminham numa direção mais oligárquica, com uma liderança baseada na busca de acordos e o consenso. Porque os tempos de grandes figuras históricas, como Mao ou Deng, acabaram. Tratar-se-ia de um sistema de consenso que a partir de 2012 está previsto que seja administrado pelo atual vice-presidente, Xi Jinping, de 55 anos, e o vice-primeiro-ministro Li Keqiang, de 53, que devem suceder a Hu e Wen nos seus cargos, respectivamente. Xi é o máximo responsável pela organização dos Jogos.
A história chinesa do último século - marcada pela guerra civil, fomes, caos político e isolamento - explica em boa medida porque a maioria da sociedade não reclama por mudanças políticas e porque os Jogos Olímpicos são um motivo de celebração para muitos cidadãos, apesar das vozes dissidentes, devidamente silenciadas. O país é estável e cada vez mais rico.

É impossível entender a China sem olhar para o passado. Uma anedota ilustra muito bem isto. Uma professora de mandarim foi perguntada por seu aluno, há alguns anos: "Por que os chineses dizem Leste-Oeste, Norte-Sul quando falam dos pontos cardinais e não ao contrário?" Esta respondeu: "A forma de pensar chinesa e a ocidental são diferentes. Onde você acredita que estão o futuro e o passado?". O aluno respondeu de imediato: "O futuro está adiante e o passado detrás". "Não", respondeu, ela. "Na China, o passado está adiante e o futuro está detrás, porque para ir até o futuro deves olhar sempre para o passado". Isto é o que marca profundamente as decisões de seus líderes e explica porque querem que os Jogos Olímpicos sejam um grande sucesso.
------------------------------------------------------------

China
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
China (中國 em chinês tradicional, 中国 em chinês simplificado, Zhōngguó no sistema pinyin e Chung-kuo no sistema Wade-Giles)[1] é uma antiga unidade histórica, cultural e geográfica na parte continental do leste da Ásia, incluindo algumas ilhas que desde 1949 foram divididas entre a República Popular da China (que inclui a China continental, Hong Kong e Macau) e a República da China (que inclui Taiwan e algumas ilhas da província de Fujian).
A palavra China costuma referir-se a regiões que, em termos mais específicos não fazem parte dela, como é o caso da Manchúria, da Mongólia Interior, o Tibete e Xinjiang (ver mapa das divisões da China). Nos meios de comunicação ocidentais, “China” refere-se, normalmente, à “República Popular da China”, enquanto que “Taiwan” se refere à “República da China”. Muitas vezes, em termos informais, especialmente entre chineses e ingleses (no contexto do mundo dos negócios), “a Grande região da China” (大中华地區) refere-se ao sentido mais lato, tal como foi apresentado no parágrafo anterior.
Na sua história, as capitais da China situavam-se, essencialmente, no leste. As quatro capitais mais citadas são Nanquim (Nanjing), Pequim (Beijing), Xian, e Luoyang. As línguas oficiais foram mudando ao longo da sua extensa história, (incluindo línguas entretanto desaparecidas), incluindo o mongol, o manchu e os vários dialetos do chinês, entre os quais o mandarim (em chinês Hanyu, pronunciado haN ü, ou seja, /h/ como hat, em inglês, e /ü/ como o som do "u" francês) e o cantonês.
A palavra portuguesa "China", bem como o prefixo associado, "sino-", derivam, provavelmente, de “Qin” (pronúncia "tchim", onde o "q" é pronunciado como um alveopalatal, como o "ch" na palavra inglesa chest). Há quem defenda, no entanto, que China derive da palavra chinesa para chá (igual à palavra em português que, aliás, tem a sua origem etimológica no próprio mandarim) ou, mesmo, de "seda" (note-se, em jeito de nota de rodapé, que é vulgar a associação entre a palavra china e os produtos que têm aí a sua origem: china, em português, também pode significar porcelana) . Qualquer que seja, contudo, a origem da palavra "China" (que é uma palavra europeia, não existindo em qualquer das línguas sino-tibetanas) foi-se perdendo à medida que era filtrada pelos vários povos atravessados pela Rota da Seda, que fazia a primeira ligação histórica estável entre esta região asiática e a Europa. (Ver também: China nas várias línguas mundiais)
História da China
A China aparece desde cedo na história das civilizações humanas a organizar-se enquanto nação (ainda que a identidade nacional chinesa seja complexa), demonstrando um pioneirismo notável em áreas como a arte e a ciência, ultrapassando largamente, na altura, o resto do mundo. Em cerca de 1000 a.C., a China consistia num conjunto complexo e intrincado de reinos de pequenas dimensões. Em 221 a.C., todos estes reinos foram anexados ao estado Qin, dando início à Dinastia Qin.

Na história da China, ao longo dos séculos, num movimento pendular, verificamos períodos de união e de desunião. No século XVIII, a China experimentou um progresso tecnológico acentuado, em relação aos outros povos da Ásia Central, ainda que tivesse perdido terreno se comparada à Europa. Os acontecimentos do século XIX, em que a China tomou uma postura defensiva em relação ao imperialismo europeu ao mesmo tempo que estendia o seu domínio sobre a Ásia Central, podem ser explicados sob este ponto de vista. Veja Guerras do Ópio, Rebelião Taiping e Levante dos Boxers.
No início do século XX, o papel desempenhado pelo Imperador da China desapareceu em 1912, com a proclamação da república por Sun Yat-sen, e posteriormente com a China a entrar num período de desagregação devido à Guerra Civil Chinesa. Atualmente há duas regiões que reclamam, formalmente, para si o nome de China: a República Popular da China e o Governo pré-revolucionário da República da China, que administra Taiwan e várias pequenas ilhas de Fujian. Ver também: Cronologia da história Chinesa, Dinastias Chinesas, História de Hong Kong, História de Macau, História de Taiwan.
Política

Depois da unificação sob o Império Qin, a China foi dominada por mais 10 dinastias, muitas das quais comportavam um complexo sistema de reinos, principados, ducados, condados e marquesados. Contudo, o poder era centralizado na figura do Imperador. Este era ainda coadjuvado por ministros civis e militares e, principalmente, por um primeiro-ministro. Aconteceu, por vezes, o poder político ser tomado por oficiais (eunucos), ou familiares. As relações políticas com regiões dependentes do império (reinos tributários) eram mantidas à base de casamentos, coligações militares e ofertas. Atualmente, a China é governada pelo Partido Comunista Chinês, que realizou a planificação econômica chinesa, fundado por Mao Tsé-tung.

Ver também:
Soberano Chinês, Direito Chinês, Lista de partidos políticos na China

Território

Originalmente na Dinastia Zhou, a China compreendia a região em torno do Rio Amarelo. Desde então que se expandiu para ocidente e para sul (até à Indochina), tendo atingido proporções máximas durante as dinastias Tang, Yuan e Qing. Do ponto de vista chinês, o Império Chinês teria, mesmo, incluído partes do Extremo Oriente Russo e da Ásia Central, durante as fases em que a Dinastia Yuan se mostrou no auge do seu poderio, ainda que a China fosse, nesse caso, meramente um dos vários territórios do Império Mongol.
Durante o Império Qing, o valor da Grande Muralha da China na defesa da integridade territorial do império diminuiu devido à sua expansão. Em 1683, Taiwan torna-se parte do Império Qing, originalmente como uma prefeitura da província de Fukien. As principais divisões administrativas da China foram sendo modificadas ao longo do tempo. No topo da hierarquia administrativa, encontramos os circuitos e as províncias (sheng). Abaixo destas divisões foram aparecendo prefeituras, subprefeituras, departamentos, comarcas (xiang), distritos (xian) e áreas metropolitanas. Existe alguma indefinição na tradução para português das divisões administrativas.
Ver também:
Divisões políticas da China

Geografia
A China contém uma larga variedade de paisagens, sobretudo
planaltos e montanhas a oeste e terras de menor altitude a leste. Como resultado, os rios principais correm de oeste para leste (Chang Jiang, o Huang He (do oriente-central), o Amur (do nordeste), etc), e, por vezes, em direcção ao sul (Rio das Pérolas, Rio Mekong, Brahmaputra, etc). Todos estes rios deságuam no Pacífico. Possui uma área de 9 572 909 km².

No leste, ao longo da costa do
Mar Amarelo e do Mar da China Oriental, encontramos uma extensa e densamente povoada planície aluvial. A Costa do Mar da China do Sul é mais montanhosa. O relevo da China meridional caracteriza-se por serras e cordilheiras não muito altas.

A oeste, há outra grande planície aluvial, a do norte. No sul ocidental, encontramos uma
meseta calcárea atravessada por cordilheiras montanhosas de altitude moderada onde, nos Himalaias, se situa o seu ponto mais elevado (Monte Everest). O sudoeste é ainda caracterizado por altos planaltos cercados pela paisagem árida de alguns desertos, como o Takla-Makan e o deserto de Gobi, que está em expansão. Devido à seca prolongada e, provavelmente devido a práticas de uma agricultura empobrecedora dos solos, as tempestades de poeira tornaram-se comuns durante a primavera chinesa.

Durante muitas dinastias, a fronteira sudoeste da China foi delineada pelas altas montanhas de vales escavados de
Yunnan, que, hoje, separam a China dos estados de Burma, Laos e Vietname.

Clima

Devido às suas grandes dimensões territoriais, a China apresenta diversos conjuntos climáticos. Porém destacam-se na definição geo-climática do país quatro climas: De Montanha: a sudoeste, ocasionado pela cordilheira do Himalaia; Continental Árido: na região central e abrangendo a maior parte do território do país, o que explica a baixa densidade demográfica e o pouco desenvolvimento urbano dessa região; Subtropical: a sudeste; Temperado Continental: a região nordeste, onde há cerca de 70% da concentração populacional do país.

Relevo

China é também um país de grandes montanhas, zonas montanhosas, planícies e colinas que ocupam 65% da superfície continental. Segundo o alinhamento podemos distinguir cinco sistemas de montanhas. A cordilheira de Kunlun, a norte do Himalaya, separa a alta planície de Qinghai-Tibete do deserto de Taklamakan, três dos seus cumes superam os 7000 metros: Muztag, Muztagata e Kongur; a cordilheira Tianshan, mais a norte com as seus cumes nevados; a cordilheira Xingan, no noroeste da China; e por último a cordilheira Hengduam e Qilian. As montanhas atingem especial altitude no setor ocidental para descer progressivamente para a costa. Há montanhas de singular beleza como é a Montanha Huangshan, a única zona de paisagem exclusivamente montanhosa que se encontra no sul da província de Anhui. Trata-se de uma montanha conhecida pelos seus singulares pinhos e pedras estranhas. Tem mais de setenta afiados picos que estão permanentemente cobertos por nuvens e nevoeiro. Os aspectos a salientar são os pinhos, as rochas, as nuvens e as fontes termais.

Flora

A China oferece uma grande variedade de solos que correspondem-se aproximadamente com as regiões geográficas. Ao norte da China encontramos na Bacia do Tarim o cinzento desértico, os pardos e férteis loes da planície, o castanho terreno florestal da Manchúria e as produtivas terras aluviais da Grande Planície do norte. Na China Central a Bacia Vermelha caracteriza-se por um fértil solo florestal cinzento-castanho, e a planície e delta do Yangtsé pelos seus terrenos aluviais. Na China meridional o solo é vermelho com abundantes materiais lateríticos. No Tibete destacam os terrenos pedregosos, semelhantes aos montanhosos da tundra.

Dado o fato da China ser um enorme país, que abarca os mais variados climas, não é surpreendente que exista uma grande variedade de espécies vegetais e animais. Parece que a vegetação natural da China estava formada por bosques mistos discontínuos de caducas e coníferas próprios de zonas temperadas; mas devido ao cultivo intensivo, esta vegetação desapareceu há muitos séculos. Desgraçadamente o impacto humano chega a ser considerável, por isso a riqueza natural é rara ou está em perigo de extinção. O governo tem estabelecido mais de 300 reservas naturais, protegendo por volta de 1, 8 % do território. O maior problema é a destruição do habitat causado pela agricultura intensiva, a urbanização e a produção industrial.

A flora tem "progredido" bem, apesar da pressão de mais de 1.000 milhões de pessoas, mas a desflorestamento, o pastoreio e os cultivos intensivos têm feito grandes estragos.

A última grande extensão florestal chinesa está na região sub ártica do nordeste, perto da fronteira russa. Pela sua diversidade de vegetação, a zona em redor de Xishuangbanna, no sul tropical, é a mais rica do país. Esta região também procura habitat para manadas de elefantes selvagens; porém, tanto os seres vivos como a floresta tropical estão sob a pressão da agricultura, da tala e da queimada.

Talvez a planta cultivada mais bela seja o
bambu. Há muitas variedades e é cultivado no sudeste, para ser utilizado como material de construção e alimento. Outras plantas úteis incluem ervas, entre elas o ginseng, horquilha dourada, angélica e fritilaria. Uma das árvores mais raras é o abeto branco de Cathay na província de Guangxi.

Fauna

A variedade de animais selvagens e domésticos é muito ampla. Além de estar representadas a maior parte das aves canoras e de caça, existem 800 variedades nativas do país. Ao norte, no nordeste especialmente, habitam animais selvagens como o tigre, o antílope, o cervo, o goral (antílope cabra), a ovelha azul, o
leopardo, o lobo e os mamíferos de peles. No Tibete pode-se ver ovelhas, yaks, pandas gigantes e ursos selvagens. No sul proliferam tigres, gibones, macacos e caimanes. Há que assinalar que o animal mais raro da Ásia Central é o urso formigueiro.

Talvez não exista na China animal mais representativo da beleza e luta pela vida selvagem do que o
urso panda. Estes belos animais, atualmente em perigo de extinção devido à combinação da caça, a invasão do habitat e os desastres naturais, sobrevivem graças aos tímidos esforços do governo central. Com escassa densidade, povoam as regiões de Sichuan, Tibete e Xinjiang, que provêem de habitat a outras magníficas espécies, como o leopardo das neves e os yaks selvagens. O extremo noroeste da China está habitado por alguns interessantes mamíferos como renas, alces, cervos almizcleros, ursos e martas. Também há uma considerável ornitofauna como grullas, patos, abutardas, cisnes e garças.

A ilha Hainam também possui variada vegetação tropical e vida animal. Há sete reservas naturais na ilha, embora é justo dizer que ainda algumas espécies em perigo de extinção, terminam no prato da comida.

Entre os animais domésticos encontram-se cães, gatos, patos, gansos, frangos e porcos que abundam em todo o território da China. Os búfalos aquáticos são nativos da zona sul da Península de Shandong. O zebu habita no sul e nordeste da China; no noroeste criam cabras, ovelhas e cavalos. Os camelos e as vacas são importantes também no nordeste.

Há também variedade de peixes de água doce, sendo o mais comum a carpa. Também abundam lagartos, rãs, tartarugas e salamandras. Na costa destacam a lubina, arenque, cavalas, ostras, tubarões e enguias.

A observação de pássaros é algo do que poderá desfrutar o turista, especialmente na primavera, estação na qual há que dirigir-se à Reserva Natural de Zhalong, na província de Heilongjiang; ao Lago Qinghai, na província do mesmo nome; e ao Lago Poyang, ao norte da província de Jiangxi, o lago de água doce maior da China.

Geologia

As formações
paleozóicas da China, exceptuando as que se referem ao Carbonífero Superior (Pensilvaniano), têm características marinhas, enquanto que os depósitos referentes ao Mesozóico e ao Cenozóico são de origem lacustre ou continental. Existem grupos de cones vulcânicos ao longo da Grande Planície do norte da China. Nas penínsulas de Liaodong e Shandong existem planaltos basálticos.

Estrutura social

Já existiram na China mais de uma centena de grupos étnicos. Em termos numéricos, a etnia dominante é a dos
Han. Ao longo da história, muitas etnias foram assimiladas às suas vizinhas ou, simplesmente, desapareceram sem deixar grandes testemunhos da sua existência. Muitas etnias distintas foram diluídas no grupo dos Han, o que explica o peso numérico desta etnia na China. Não obstante, os Han falam várias línguas muito diferentes. (Ver também: Línguas chinesas). O governo da República Popular Chinesa reconhece 56 etnias.

Cultura e Religião

Artigos principais:
Cultura chinesa, Religião na China.

A filosofia chinesa teve um impacto extremo na cultura do seu povo, tanto a nível erudito quanto a nível popular. As raízes da filosofia (e perspectiva religiosa) chinesa estão no Confucionismo, Taoísmo e Budismo (segundo a ordem cronológica).

No território chinês podemos encontrar diversas tradições religiosas, muitas delas dissemelhantes. A
veneração dos antepassados, o islão, e outras religiões populares chinesas ombreiam com outras crenças onde se misturam as correntes filosóficas atrás referidas. O cristianismo (catolicismo e protestantismo), apesar de minoritário por ser de certa forma reprimido pelo governo comunista, não deixa, por isso, de ser uma religião de referência.

A literatura chinesa tem uma antigüidade insuperável, em relação às outras civilizações. A invenção da impressão, atribuída aos chineses, não será alheia a este facto. Antes desta invenção, os Clássicos chineses e os textos religiosos (principalmente do Confucionismo, Taoísmo e Budismo) eram manuscritos a tinta, com pincéis. Com o fim de comentar e reflectir sobre estas obras, os estudantes reuniam-se em várias academias ou escolas, muitas das quais eram apoiadas pelo império. A casa imperial participava, não raramente nessas discussões filosóficas.

A cultura chinesa tem, tradicionalmente, uma grande reverência para com os filósofos, escritores e poetas clássicos. No entanto, os escritos deixados por muitos dos sábios clássicos são muitas vezes pontuados de descrições irreverentes, críticas e ousadas da vida cotidiana chinesa da sua época. (Ver
Lista de escritores chineses e Lista de poetas de língua chinesa).

Os chineses criaram diversos instrumentos musicais, como o
zheng, o xiao e o erhu, que se difundiram pelo leste e sudeste asiático. O sheng serviu de origem a muitos instrumentos de palheta livre ocidentais. Os caracteres chineses têm ( e tiveram) diversas variantes e estilos ao longo da história da China, tendo sido convencionada uma forma simplificada, em meados do século XX, na China Continental.

Uma arte milenar, nascida na China, a cultura dos
Bonsai foi adaptada, posteriormente por outros países asiáticos, como o Japão e a Coreia.

Ver também:
Budismo na China, Mitologia chinesa, Arte chinesa, Arte chinesa do papel, Poesia chinesa, Pintura chinesa

Ciência e Tecnologia
Ver artigo principal: Ciência e Tecnologia na China

Para além das contribuições culturais já mencionadas, outras quatro grandes invenções chinesas na área da tecnologia marcaram profundamente a história mundial:
Bússola
Impressão
Papel
Pólvora

Algumas outras importantes invenções chinesas:
Ábaco oriental
Estribo
Besta (arma)
Leme (navegação)
Guarda-chuva
Molinete de pesca

Outras áreas científicas onde os chineses se distinguiram:

A
astrologia chinesa e as suas constelações eram usadas com fins divinatórios. Aplicaram conceitos matemáticos na arquitectura e na geografia. O π foi calculado por Zu Chongzhi até ao sétimo dígito no século V. A alquimia é identificada com a química Taoísta, com bases diversas da química actual.

Foram levados a cabo estudos de
biologia extensivos e muito pormenorizados, que, ainda hoje são procurados e consultados, como as farmacopeias, género de catálogo de plantas medicinais.

A
medicina tradicional e a cirurgia foram, durante muito tempo, avançadas, havendo ainda hoje, muitos adeptos destas práticas médicas. Um exemplo conhecido é o da acupunctura. As autópsias eram consideradas sacrilégio. No entanto, houve quem violasse tal tabu, o que permitiu um mais vasto conhecimento sobre a anatomia interna humana.

População

A população da China é a maior do mundo. Possui mais de 1,3
bilhão de habitantes. Com políticas rígidas para controle de natalidade, estima-se que a China seja ultrapassada populacionalmente pela Índia.

A política de controle populacional da China tem como principal regra cada família possuir apenas um filho enquanto morar em centros urbanos, já no interior são permitidos dois filhos caso o primeiro seja mulher, revelando, assim, uma preferência dos chineses por filhos do sexo masculino, pois, segundo a tradição do país, são os filhos homens responsáveis por cuidar dos pais durante a 3ª idade e são eles também que carregam o sobrenome da família.

REPÚBLICA POPULAR DA CHINA
CAPITAL - Beijing (Pequim)
ÁREA - 9.562.036 km²
MOEDA - iuan
IDIOMAS - mandarim e dialetos regionais (principais: vu, min e cantonês)
RELIGIÃO - crenças populares (20,3%); budismo (8,5%); islamismo (1,4%); cristianismo (0,1%), sem filiação e ateísmo (64%)
POPULAÇÃO - 1 bilhão e 300 milhões de habitantes
COMPOSIÇÃO ÉTNICA - chineses han (91%) e grupos étnicos minoritários: chuans, manchus, uigures, huis, yis, tibetanos, mongóis, miaos, puyis, dongues, iaos, coreanos, duias, bais, hanis, cazaques, dais, lis e outros
CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO - 0,9% ao ano
ANALFABETISMO - 15%
MORTALIDADE INFANTIL - 41 crianças em mil
EXPECTATIVA DE VIDA - 68 anos para os homens e 72 anos para as mulheres
ESCOLARIZAÇÃO DE SEGUNDO GRAU - 43,7%
ESCOLARIZAÇÃO DE TERCEIRO GRAU - 5,7%
APARELHOS DE TELEVISÃO - 272 para cada mil habitantes
LIVROS PUBLICADOS - 110.283 títulos
PIB - 980 bilhões de dólares
RENDA PER CAPITA - 780 dólares
POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA (PEA) - 745 milhões
CONTRIBUIÇÃO DA AGROPECUÁRIA PARA O PIB - 18%
CONTRIBUIÇÃO DA INDÚSTRIA PARA O PIB - 49%
CONTRIBUIÇÃO DOS SERVIÇOS PARA O PIB - 33%
PRODUTOS AGRÍCOLAS - arroz, batata-doce, trigo, milho, soja, cana-de-açúcar, tabaco, algodão em pluma, batata, juta, legumes e verduras
PECUÁRIA - suínos, eqüinos, ovinos, bovinos, búfalos, camelos, caprinos e aves
MINERAÇÃO - carvão, petróleo, chumbo, minério de ferro, enxofre, zinco, bauxita, estanho, fosforito e asfalto natural
INDÚSTRIA - têxtil, materiais de construção e siderurgia
PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS - Japão, Estados Unidos da América, Taiwan e Coréia do Norte
ESTRUTURA POLÍTICA - República Parlamentarista
CHEFE DE ESTADO - Presidente Jiang Zemin
CHEFE DE GOVERNO - Primeiro Ministro Zhu Rongji
PARTIDO ÚNICO - Partido Comunista Chinês
PODER LEGISLATIVO - unicameral: Congresso Nacional do Povo (2.979 membros eleitos por voto indireto para mandato de 5 anos)
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH) - 98º lugar no "ranking"mundial

Referências


O termo Zhōngguó significa literalmente "país" [guó] "do meio" [zhōng]. Em pinyin, sistema gráfico latino na língua chinesa, o "zh" tem o som de um "d" álveo-palatal (como o "j" na palavra inglesa "jest"), e o "g" é falado como um "k", donde a pronúncia [Djón küo].

Ligações externas

Rádio China Internacional seção em português da Rádio China Internacional