segunda-feira, setembro 22, 2008

A herança econômica

A herança econômica

Joaquín Estefanía – El País - 22/09/2008

Tradução de Antonio de Freitas

As últimas medidas tomadas pelo governo Bush para salvar às finanças determinarão a herança econômica que receberá o novo presidente dos EUA. O patrimônio ‘neocon’ (essa "categoria zumbi", como recordava nestas mesmas páginas o filósofo Jorge Urdánoz citando a Ulrich Beck) em matéria econômica não pode ser mais catastrófico para as contas públicas e mudou as regras do jogo.


Pendentes da letra pequena desse pacote de auxilio - que custará "bilhões de dólares" segundo o Secretário do Tesouro-, se pode elaborar um primeiro balanço da intervenção governamental no setor financeiro, durante o último ano.

Até agora gastaram mais de 900 bilhões de dólares em ajudas concedidas pelo governo estadunidense para refinanciar e dar garantias às hipotecas com risco de inadimplência, em tomar o controle da seguradora AIG e das agencias Fannie Mae e Freddie Mac, em liquidez aos bancos em forma de empréstimos, no crédito a Morgan Stanley para adquirir Bearn Stearn, etc.

A nova agência anticrise que ficará com as hipotecas tóxicas limpando o balanço dos bancos, o fundo de estabilização, etc, anunciados na sexta-feira passada, custarão ao menos outros 700 bilhões de dólares. Em definitiva, cerca de 1,6 trilhões de dólares.

Ainda que sejam quantidades heterogêneas (e em parte susceptíveis de devolução), supõem ao redor de 15% do PIB americano, o que terá enormes conseqüências no déficit e na dívida pública do país. Para mais de uma geração. O Congresso dos EUA, que tem que elevar a capacidade de endividamento do governo americano, enfrenta a um interessante dilema: ainda que, a curto prazo, estes auxílios tenham efeitos positivos no sistema financeiro privado, sua contribuição negativa aos desequilíbrios macroeconômicos gerais subordinará a política econômica do sucessor de Bush.

Porém, ademais dos grandes números, a política ‘neocon’ mudou as regras do jogo da economia de mercado: seu relato econômico neoliberal foi acompanhado da maior intervenção pública conhecida para salvar o capitalismo, desde os tempos de Roosevelt e seu ‘new deal’ nos anos trinta.

Todos os tópicos que denunciavam a hipocrisia do discurso neocon se tornaram realidade ao mesmo tempo: saneamento público das perdas privadas; privatização de lucros e socialização de perdas... E tudo isto, de modo que pareça irremediável: "O risco de não atuar seria muito maior, mais pressão sobre nossos mercados financeiros causariam perdas massivas de emprego, devastariam as contas de poupança e pensões, corromperão ainda mais o valor das casas e secariam a fonte dos empréstimos para novas casas, carros e estudios. São riscos que os americanos não podem se permitir" (Bush).

Contam os cronistas que a economia se fez dona da campanha eleitoral. Em principio, parece que o inferno financeiro desgasta mais a McCain por sua vinculação ao mesmo partido que o responsável final da situação, por sua ignorância confessa nestes assuntos e porque seu principal assessor econômico, até ser despedido, o senador Gramm, é o que deu nome a uma lei de 1999 (a Lei Gramm-Leach-Blieley) que rompeu as fronteiras entre a banca de investimento e a banca comercial, e deu asas a uma zona de sombras para a primeira, que é a que permitiu o escândalo das ‘hipotecas subprime’.

Obama rodeou-se por uma equipe de assessores que é a mesma que protagonizou a etapa mais larga de prosperidade na historia econômica do país, coincidentemente com as duas legislaturas democratas de Bill Clinton, e condiciona seu apoio ao resgate a um plano de estímulo geral, que define com muita inteligência: não socorrer somente a Wall Street (as finanças), mas também a Main Street (a economia do cidadão comum).

Três quartos de século depois de Roosevelt, o Estado volta à economia e, paradoxos da historia, a realidade reconhece que Keynes tinha razão: para salvar a um país de uma grande crise econômica se requer do dinheiro público e da política fiscal. Isto é, o contrario do que disse Reagan e seus sucessores desde princípios dos anos oitenta. Voltarão a nos enganar?: Tentarão.

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Joaquín Estefanía

De Wikipedia, la enciclopedia libre

Joaquín Estefanía Moreira (Madrid, 1951) es un periodista español.

Biografía


Licenciado en Ciencias Económicas y en Periodismo por la
Universidad Complutense de Madrid, comenzó su actividad profesional en 1974 como redactor en el Diario Informaciones; poco después pasa a ser jefe de la sección de economía de la revista Cuadernos para el diálogo y redactor jefe del diario económico Cinco días.
Más adelante se incorpora al Diario
El País, del que llegó a ser director entre 1988 y 1993 y de 1993 a 1996 director de publicaciones del Grupo PRISA. Continúa escribiendo una columna sobre economía en el Diario El País.
Ha escrito varios libros de contenido económico.

Libros publicados
La nueva economía: una exposición para comprender, un ensayo para reflexionar (1995).
La nueva economía: la globalización (1996),
El capitalismo (1997),
Contra el pensamiento único (1998),
Aquí no puede ocurrir: el nuevo espíritu del capitalismo (2000),
El poder en el mundo (2000).
Diccionario de la nueva economía (2001).
Hij@, ¿Qué es es la globalización? (2002).
La cara oculta de la prosperidad (2003).
La mano invisible (2006).
La larga marcha: medio siglo de política (económica) entre la historia y al memoria (2007).