Google completa dez anos na Internet
Seus fundadores ofereceram em 1998 seu projeto a várias empresas que decidiram rechaçá-lo
EFE - São Francisco – El País - 08/09/2008
Tradução de Antonio de Freitas
Quando em 1998 Larry Page e Sergey Brin criaram um novo motor de busca em Internet e tentaram vendê-lo ninguém o quis comprar, assim que decidiram fundar sua própria firma e a nomearam inspirando-se num termo matemático: Google.
Dez anos depois, Google é um gigante informático onipresente na Internet -e, às vezes, fora dela- com 20.000 trabalhadores e um valor em bolsa que se aproxima aos 104 bilhões de euros, muito próximo de grandes do setor com décadas de historia como a Microsoft ou a Apple.
Page e Brin, então dois estudantes da universidade de Stanford, fundaram a Google em setembro de 1998. Em 7 de setembro desse ano o Estado da Califórnia aceitou a solicitação de criação da empresa, se bem Google não têm uma data oficial de aniversario e simplesmente celebra o mês de setembro pela coincidência de eventos relacionados com a criação da companhia.
Cansados de buscar um comprador, Page e Brin montaram sua própria empresa e conseguiram 100.000 dólares de capital de risco de Andy Bechtolsheim, um dos fundadores de Sun Microsystems. Google - cujo nome deriva do termo matemático Gogol, um numero um seguido de cem zeros - operou em principio nos dormitórios de Brin e Page numa faculdade de Stanford.
Da garagem ao escritório
Com o tempo, a empresa deu o grande salto a uma garagem de propriedade de Susan Wojcicki, hoje cunhada de Brin, e em 1999 se mudou a sua sede corporativa em Silicon Valley conhecida como Googleplex. Seus empregados desfrutam ali de umas das melhores condições laborais de todo o setor, com comida e massagens grátis e a possibilidade de dedicar 20% de seu tempo de trabalho a iniciativas e projetos próprios.
Google processa dois terços de todas as buscas mundiais em Internet, 40% da publicidade online e acede a informação potencialmente confidencial de cerca de 650 milhões de pessoas que usam diariamente seu serviço de buscas ou outros como YouTube, Google Maps ou Gmail.
A companhia adentrou em campos bastante distantes a seu negocio tradicional como o software baseado na Internet ou a luta contra a mudança climática e esta semana anunciou o lançamento de Chrome, um navegador de Internet com o espírito de competir com Explorer de Microsoft. Porém seu crescente controle do tráfego em Internet e publicidade online preocupam a alguns especialistas, que temem que o buscador esteja estendendo demasiado seus tentáculos e olham com receio que controle tanta informação.
"Estão acumulando demasiado poder", assegura Jeff Chester, diretor do Centro para a Democracia Digital, uma prestigiosa organização não governamental (ONG) e centro de estudos sobre Internet. "É uma equação que não está equilibrada, trata-se de um sistema desenhado somente por uma entidade", disse este especialista que, não obstante, acredita que Google contribuiu "a democratizar o aceso à informação".
O poder do Google
Outros analistas vêem com desconfiança seu rápido crescimento, pois crêem que a que é uma das empresas mais dinâmicas e inovadoras de Internet pode acabar afogada em burocracia e se parecer com a Microsoft ou com a IBM.
Para Jeff Battelle, conselheiro delegado de Federated Media e autor de The Search, um dos livros mais vendidos sobre o buscador, Google têm que ter especial cuidado em não ser vítima de seu próprio sucesso. "Creio que Google se enfrenta ao típico desafio de todas as empresas excepcionais de grande crescimento: inovar à medida que muda o clima econômico mas não enamorar-se de cada coisa que possam fazer", assegura Battelle.
Em Google opinam que, em que pese serem hoje tão grandes, mantiveram-se "fieis a uma cultura que permite que as melhores idéias saiam à superfície, venham de onde vier dentro da empresa". Num documento para a imprensa sobre seu décimo aniversario, o buscador insiste em que sua hierarquia "é mínima" e em que seguem sendo uma organização plana na que cada individuo pode ter um grande impacto. Como suas prioridades para o futuro, a firma cita "apostar com força pela web móvil", ademais de "desenvolver potencial para monetarização" e "liderar em busca rápida como o raio".