A placa Wilkins perde a ponte de gelo que a unia à Antártida
A ruptura da última ligação que a mantinha presa a terra firme acelerará sua desintegração.
REUTERS / ELPAÍS.com - Oslo / Madrid - 05/04/2009
Tradução de Antonio de Freitas Jr.
A placa de gelo Wilkins perdeu a última ligação que a unia à península antártica. A ponte de gelo que a mantinha presa a terra firme - a placa flutua sobre o oceano - se rompeu este sábado, informaram os cientistas que vigiam a zona desde que detectaram os primeiros efeitos do aquecimento global. A ruptura desta ponte significa que a Wilkins ficou à deriva e que sua desintegração é iminente.
"É incrível como se rompeu esta porção de gelo. Há dois dias, estava intacta", assegurou David Vaughan, do Centro Britânico de Pesquisa Antártica, à agência Reuters após observar uma imagem da placa tomada pelo radar do satélite europeu Envisat.
A ruptura da ponte liberou um conjunto de icebergs. A perda desta porção gelada, que media quase 100 quilômetros de largura em 1950, vai provocar que as correntes oceânicas acelerem a desintegração da Wilkins, que estava unida às ilhas Charcot e Latady e que começou a sofrer um extraordinário retrocesso na década dos noventa.
A placa Wilkins havia sido estável durante o século passado. Os cientistas pesquisam agora quais processos estão intervindo nas fraturas de placas geladas na zona, assegura a Agência Espacial Europeia (ESA), que recorda que nos últimos 50 anos a temperatura media subiu 2,5 graus centígrados. Outras nove placas se romperam ou retrocederam na Antártida no último meio século, como a Larsen A em 1995 ou a Larsen B em 2002, modificando bruscamente os mapas do continente gelado.