terça-feira, agosto 17, 2010

A invenção dos nomes das nações latinoamericanas


A invenção dos nomes das nações latinoamericanas

EL PAÍS inicia uma série de artigos em que destacados historiadores analisam as origens das denominações dos Estados da América Latina

JOSÉ CARLOS CHIARAMONTE/CARLOS MARICHAL/AIMER GRANADOS

El País - 09/08/2010

Tradução de Antonio de Freitas

Com o bicentenário (1810-2010) se recorda e celebra a independência das nações da Hispanoamérica. O complexo e, em muitos casos, desagregado processo de separação da monarquia espanhola implicou não somente em guerras e revoluções políticas, mas também num esforço por renomear cada uma das nascentes países independentes. Na seguinte série de artigos preparados especialmente para EL PAÍS, destacados historiadores analisam as origens coloniais ou republicanas dos nomes das nações latinoamericanas, tarefa que foi matéria de alguns trabalhos isolados, porém raramente analisado coletivamente e de maneira contrastada.

A adoção de um nome para cada um dos Estados nacionais desprendidos da coroa espanhola e portuguesa dependeu da forma de governo que adotou cada um deles, da plena delimitação de suas fronteiras e das formas de identidade política. Em relação à forma de governo se pode afirmar que as disputas entre federalistas e centralistas, ou monarquistas contra republicanos, não resolveram da mesma forma a arquitetura dos Estados, ainda quando se produziu uma tendência à consolidação de Estados centralizados.

Em alguns casos, os limites territoriais das novas nações, pelo menos na primeira década após a independência, não estiveram claros. Um exemplo desta situação proporciona a historia das ‘Províncias Unidas do Rio da Prata’, que rapidamente se segregaram nas repúblicas independentes de Argentina, Paraguai e Uruguai; e o caso do surgimento em 1823 da breve República Federal de Centro América que logo deu passo à formação dos Estados nacionais de Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala. Inteiramente diversos foram os processos de independência de outros países desta vasta região, como se poderá observar na leitura dos respectivos trabalhos incluídos neste volume. Também - e como não!- se oferece nesta série um estudo da singular historia do nome do Haiti, a primeira nação que obteve sua independência na América Latina; e outro sobre Brasil, país que não teve que experimentar guerras sangrentas para alcançar sua independência e encontrou um caminho singular para se separar de Portugal.