CSIC
Encontrado o sítio arqueológico onde apunhalaram a Júlio César
O general foi assassinado na Cúria de Pompeu, de acordo com os pesquisadores
El País - Madrid - 10-10-2012
Tradução de Antonio de Freitas
O cinema, o teatro e a pintura histórica do século XIX contaram muitas vezes o assassinato Júlio César, o nobre e militar romano, um dos membros do primeiro triunvirato — os outros eram Pompeu e Crasso— que governou Roma no século I a.C. Vinte séculos depois, uma equipe do 'Consejo Superior de Investigaciones Científicas - CSIC' liderado pelo historiador Antonio Monterroso encontrou o lugar exato onde o general que submeteu a Gália foi apunhalado e morto em 15 de março do ano 44 a.C por um grupo de senadores que conspiraram contra ele.
O lugar desse magnicídio está justo no centro ao fundo da Cúria de Pompeu de Roma, o edifício que se utilizava ocasionalmente para reuniões dos senadores. Júlio César deixou este mundo enquanto presidia, sentado numa cadeira, uma reunião do Senado na Cúria. Daquele assassinato surgiu o segundo triunvirato, integrado por Marco Antonio, Lépido e Octavio Augusto, e depois começaram as guerras civis que abriram a porta ao império.
"O que encontramos é uma tampa de concreto de três metros de largura por dois de altura, uma estrutura que marcou o lugar onde estava sentado Julio César naquela reunião", afirma em conversa telefônica Monterroso, do Centro de Ciências Humanas e Sociais do 'CSIC', que leva desde 2002 pesquisando nesta zona. "Essa estrutura não é original do edifício, que data de 55 a.C., mas foi colocada em torno do ano 20 a.C. por ordem de Augusto, seu filho adotivo e sucessor para fechar a zona e condenar o assassinato de seu pai". A esta conclusão chegaram graças aos dados proporcionados por um scanner laser tridimensional.
Centro de Roma
Os restos da Cúria de Pompeu estão atualmente na área arqueológica da Torre Argentina, em pleno centro histórico da capital italiana. Pelas fontes clássicas já se sabia que este espaço foi fechado e se converteu numa capela-memória a Julio César. "O que ainda desconhecemos é se este fechamento resultou também no fato de que o edifício deixasse de ser completamente acessível", aclara o cientista. Monterroso explica que estas relíquias foram descobertos "na época de Mussolini, em 1929, quando se retirou parte do centro histórico e apareceu a Cúria".
Na Torre Argentina, ademais da Cúria de Pompeu, há outras relíquias, como os do Pórtico das Cem Colunas (Hecatostylon). Os dois edifícios formam parte do complexo monumental de 54.000 metros quadrados que Pompeu Magno, um dos maiores militares da historia de Roma, construiu na capital para comemorar seus triunfos militares no Oriente no ano 55 a. C. "É muito atraente, no sentido cívico e cidadão, que milhares de pessoas hoje em dia tomem o ônibus ou o bonde justo ao lado de onde há 2.056 anos foi apunhalado Julio César, ou que inclusive vá ao teatro, pois o principal da capital, o Teatro Argentina, se encontra muito perto".
O projeto, com uma duração de tres anos, conta com a tutela da 'Sovraintendenza ai Beni Culturali' da Prefeitura de Roma, com o apoio financeiro do Plano Nacional de I+D+I 2008-2011 do Ministério da Economia e Competitividade e com o respaldo da 'Escuela Española de Historia y Arqueología' do 'CSIC' em Roma.