segunda-feira, novembro 01, 2004

Bush versus Kerry

A un presidente

Todo lo que haces y dices no es más que
un espejismo para América,`
No has aprendido nada de la Naturaleza de la política
de Naturaleza no has aprendido la gran amplitud,
la rectitud, la imparcialidad,
No has visto que sólo una política semejante
es la apropiada para estos Estados,
Y que lo que sea menos que ella,
tarde o temprano,
se disipará de estos Estados.

Walt Whitman,
em “Hojas de Hierba”, 1855.

Nesta terça, dia 02 de novembro, os estadunidenses vão as urnas escolher entre a reeleição do presidente George W. Bush ou a vitória do senador democrata John Kerry. Tecnicamente empatados, as duas visões de mundo dos candidatos não são tão distintas, mas é inquestionável o apoio e a torcida internacional pela vitória do senador Kerry. De acordo com o jornal The Guardian, a campanha eleitoral americana custou 1 bilhão de dólares.

Nestes quatro anos de governo Bush o mundo ficou mais instável, inseguro e, acima de tudo, mais anti-americano que nunca. A maior democracia do mundo cometeu graves erros na condução de sua guerra contra o terror, inclusive com a quebra da aliança atlântica, que os unia aos europeus desde a Segunda Grande Guerra.

Ademais, nos quatros anos de governo Bush o déficit público dos Estados Unidos deve alcançar este ano a cifra recorde de 422 bilhões de dólares. Este valor equivale a 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e mais do que o PIB brasileiro. Bush herdou de seu antecessor, Bill Clinton, um superávit de US$ 236 bilhões. O meio ambiente também sofreu nas mãos de Bush, que no seu governo fez esquecer que os republicanos foram responsáveis por 11 das 16 principais leis ambientais dos EUA, conforme informação da Agência de Proteção Ambiental – EPA. Bush decepcionou a todo o mundo em 2001, ao retirar os EUA do Protocolo de Kyoto, principal acordo internacional para tentar conter as emissões dos gases que causam o efeito estufa.

A “Surpresa de Outubro” foi a descoberta de que a Casa Branca necessita mais 20 mil soldados no Iraque e mais 70 bilhões de dólares para sustentar uma guerra ilegal, do ponto de vista do Direito Internacional. Hoje, a Coréia do Sul se uniu à China ao solicitar que Washington ofereça mais concessões ao regime da Coréia do Norte - um dos três integrantes do 'Eixo do mal' de Bush - para atrair Pyongyang à mesa negociadora.

De acordo com uma pesquisa da Universidade de Harvard, 62% dos universitários estadunidenses pretendem votar nestas eleições. Desta maneira, se espera uma grande participação nesta eleição dos jovens, que devem ir às urnas como em 1972, quando em plena guerra do Vietnã, reduziu-se a idade mínima para votar para 18 anos. Na eleição anterior, dos 42,8 milhões de americanos entre 18 e 30 anos apenas 18 milhões votaram, quando George Bush ganhou por uma diferença de pouco mais de 500 votos na Flórida.

A participação do eleitorado americano deve superar a do ano 2000, quando votaram 105 milhões de pessoas, de uma população de 286 milhões, o equivalente a 51% das pessoas com idade para votar e 86% dos eleitores registrados. Alguns analistas afirmam que esta eleição poderá superar a de 1992, na qual votaram 58% do eleitorado, dando a vitória a Bill Clinton. Nos EUA, o voto é opcional.

O escritor estadunidense Gore Vidal costuma pedir a reforma da Constituição dos EUA para que seja incluída uma nova regra eleitoral: a que proíba que candidatos a presidente se apresentem de maneira voluntária. Segundo Vidal, esta seria uma homenagem a maior de todos os presidentes americanos, George Washington, que nunca quis ser presidente.

Como recentemente afirmou o historiador estadunidense Arthur Schlesinger Jr., em artigo muito comentado, não devemos perder nossas esperanças nos EUA, porque eles continuam a ser o país audaz e idealista de Franklin Roosevelt e John Kennedy, “ainda que ultimamente a audácia e o idealismo tenham se convertido em belicosidade e arrogância”.