segunda-feira, setembro 21, 2009

Dan Brown passa do Opus Dei à Maçonaria


Dan Brown passa do Opus Dei à Maçonaria

O popular autor lança cinco milhões de exemplares de 'O símbolo perdido'

DAVID ALANDETE - Washington – El País - 16/09/2009

Tradução de Antonio de Freitas Jr.

A sala principal da Casa do Templo de Washington, uma das sedes do Conselho Supremo número 33 dos franco-maçons está erigida em forma de pirâmide. Uma imponente clarabóia, adornada por imagens de águias bicéfalas, joga luz sobre um altar, ao qual rodeia uma inscrição em letras douradas: "Da luz da palavra divina, o logos, procede a sabedoria da vida e o fim da iniciação". Sobre esse altar repousam os textos sagrados da humanidade, com a Bíblia entre eles.

Dan Brown, autor de ‘O Código Da Vinci’, visitou este templo maçônico em numerosas ocasiões enquanto se documentava para sua nova novela, ‘O símbolo perdido’, publicada dia 15 de setembro nos EUA com uma tiragem inicial de cinco milhões de exemplares. Nesta sala estão as soluções para os muitos enigmas que permeiam a nova entrega das aventuras do professor Robert Langdon. Aqui, a simples vista, está a razão pela qual um eunuco tatuado e musculoso rapta ao mentor de Langdon para submeter-lhe a um violento jogo de xadrez sobre o mapa de Washington, traçando linhas que desenham figuras esotéricas e arcanos.

O novo livro de Brown possui todos os condimentos de seus predecessores: segredos históricos e simbologias artísticas. Material de rápida ascensão nas listas de vendas de ficção. ‘O Código Da Vinci’, publicado em 2003, já vendeu 80 milhões de cópias. No dia de seu lançamento, as livrarias de Washington guardavam centos de exemplares para clientes que levavam meses em lista de espera.

A trama da nova novela está calcada daquele sucesso anterior. O professor é posto à prova por um cruel fanático que se aproveita de sua clarividência para revelar um segredo que lhe dará um poder ilimitado. Em lugar do Priorato de Sião, do Opus Dei ou dos templários, nesta ocasião a trama leva a marca e está dominada quase que integralmente pelos maçons e suas artificiosas práticas ideológicas e arquitetônicas.

"Como todo escritor, Brown mesclou historia e ficção em seu livro", explica o grande arquivista e historiador do Conselho Supremo 33, Arturo de Hoyos. Há muitos elementos inventados na novela. De Hoyos mostra o edifício, copiado do antiqüíssimo Mausoléu de Halicarnasso, enquanto explica ao visitante que os maçons são, na realidade, uma fraternidade que lutou pelos valores da igualdade e o bom governo durante a guerra de independência americana, defendendo os ideais do Iluminismo.

Muitos dos pais fundadores dos EUA e o primeiro presidente foram maçons. Dan Brown teve tudo isto em conta na hora de ambientar sua nova novela. George Washington usou um rito maçom para colocar a primeira pedra do Capitólio. Um total de 13 maçons firmou a Constituição americana. E se suspeita que o arquiteto francês que desenhou a cidade, Pierre L'Enfant, era também maçom e encheu o mapa de símbolos relativos a tal irmandade.

Entre eles se movem Langdon e seu arquiinimigo, Malakh, cujo nome significa anjo na tradição bíblica hebréia. A trama é rica em simbologia. A forma, o estilo da novela, é simples, pouco elaborada às vezes simples pretexto para a trama. Dan Brown teve ilustres precursores no mister de dissecar os maçons, como Umberto Eco e seu ‘O pendulo de Foucault’. Porém, Brown está longe de Eco. Não é semiólogo nem historiador. É escritor de sucesso. Sua intenção é entreter. E com sua nova novela agradar a seus fãs.