quarta-feira, maio 19, 2010

BRASIL/ESPAÑA - Uma aliança estratégica


BRASIL, Aliança para a nova economia

Presidente Lula, aos investidores:

"O Brasil aprendeu a ser sério. E é um caminho sem retorno"

O Presidente destaca no seminário internacional “Invertir en Brasil”, organizado pelo jornal espanhol EL PAÍS em parceria com jornal brasileiro Valor Econômico, que sua nação aspira a ser "um ator global" no concerto mundial

EL PAÍS - 19/05/2010

Tradução de Antonio de Freitas

Fiel a um estilo que combina a experiência de sua etapa sindical com as duas legislaturas comandando o Brasil, um caráter próximo e afável, porém direto e, em ocasiões, combativo, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente brasileiro, que deixa este ano o cargo, ocupou o oratório que preside o seminário internacional sobre o futuro econômico de sua nação, organizado por EL PAÍS e Valor Econômico e falou, como Felipe González, de tudo um pouco. De crescimento, de perspectivas macroeconômicas, de desenvolvimento, de atrair mais investimento, mas também da ONU, da velha e da nova ordem global.

Precedido por Juan Luis Cebrián, conselheiro delegado do grupo PRISA, que o apresentou como um híbrido entre "Don Quixote e Sancho Pança" por seu idealismo e seu sentido comum, Lula destacou o sucesso que banha o Brasil na reta final de sua carreira política. "Vou terminar meu mandato com 14,5 milhões de novos trabalhadores", celebrou. Também, agregou, com 12 novas universidades que educam a 700.000 jovens a mais; tudo para um país com "gente, mercado e potencial". Mas, acima de tudo, "com capital humano".

Uma sociedade sólida

Para este último fator de crescimento, que melhorou substancialmente durante o governo Lula com relação a seus antecessores, o Presidente do Brasil encontra alguma explicação: "A economia brasileira é sólida porque a sociedade é sólida e participa no mercado". E um aviso: "O Brasil aprendeu a ser sério e entrou num caminho sem retorno. Venho pedir aos empresários espanhóis que invistam no Brasil, pois chegou o momento de que os brasileiros invistam na Espanha".

Essa manifesta seriedade deu pé a vaticínios do presidente: "O Brasil se transformará numa grande potencia. Está claro que nossos números são sólidos e que queremos ser um ator global". Um ator não somente econômico, como se entrevê nas suas palavras. Aqui lançou uma mensagem à ordem mundial que resultou após a Segunda Guerra Mundial, concretamente ao Conselho de Segurança -órgão decisório por excelência a que aspira Brasil-, inalterada desde 1945: "Quem está sentado numa poltrona não quer mudanças. Há a quem convêm que as Nações Unidas seja uma instituição Nações Unidas seja uma instituição fraca".

"Teremos problemas" se a ONU não mudar, acrescentou. Também abordou, ainda que de forma menor, seu acordo com a Turquia e Iran para dar uma saída ao conflito nuclear com este último país. Um acordo criticado, ironicamente, pelo próprio Conselho de Segurança no qual o Brasil espera poder sentar algum dia de forma permanente. "Necessitamos mais negociadores para levar a paz ao Oriente Médio", propôs. Seu adeus foi lapidário: "Chegou a hora do Brasil". Também se despediu, isso sim, de seus "aliados espanhóis".