segunda-feira, outubro 04, 2004

Brasil em números


O IBGE divulgou na semana passada os resultados da sua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, relativos ao ano de 2003, realizada em 133 mil residências em todo país, atingindo um total de quase 385 mil pessoas. E os dados revelados mostram um Brasil mais pobre e menos desigual, mais alfabetizado e mais feminino.

A renda média dos brasileiros, de todas as categorias, pelo sétimo ano consecutivo sofreu diminuição, pois o rendimento da população empregada baixou de R$ 852 em 1996, para R$ 692 em 2003. Vale ressaltar que a renda em 2002 foi de R$ 747, o que gerou uma queda de 7,4%, o maior percentual desde 1997. O acumulado desde 1996 é de 18,8%. A renda média domiciliar também diminuiu em média 8%, chegando a R$ 1.268 em 2003.

Entretanto, mesmo com a diminuição dos rendimentos, a concentração de renda no país diminuiu. De acordo com os números do PNAD-2003, a renda dos 10% da população com melhores salários significava 49% no total, e no ano passado 45%. Enquanto isso, os 10% da população com rendimentos mais baixo aumentou sua participação no total, saltando de 0,7% para 1%.

As mulheres ainda recebem menores salários que os homens, mesmo sendo em média mais escolarizadas que os homens, sendo a média feminina de R$ 547 e a masculina de R$ 786. No período houve uma maior aproximação entre o trabalho de gênero, pois a renda feminina que era de 59% da masculina em 1993, passou a 69,6% em 2003. Além de que a taxa de desemprego é maior entre as mulheres, 12,3%, do que entre os homens, 7,8%. Houve, ainda, uma diminuição do número de filhos por mulher em todo país.

A centenária figura do “êxodo rural” continua existindo, mesmo com o milagre da agricultura brasileira, pois se em 1992, 28,4% da população empregada trabalhava em atividades agrícolas, em 2003 esse percentual foi de 20%, que significa um total de 16,4 milhões de trabalhadores.

Outra surpresa nos dados do PNAD-2003 foi o fato de que, mesmo diminuindo a remuneração e o número de brasileiros empregados, houve no período um aumento do operariado urbano com carteira assinada, principalmente no setor do comércio. O total de trabalhadores protegidos pelos direitos trabalhistas atingiu em 2003 o total de 24 milhões de pessoas. Esse fato justificou um incremento de 4% do número de contribuintes da previdência social - na qual estão associados hoje um total de 46,4% da população - além do numero de trabalhadores sindicalizados.

O funcionalismo público, a nível estadual e federal, sofreu uma queda no total da população empregada, enquanto que o funcionalismo municipal aumentou de 25,4% para 40,3%.

Houve uma significativa diminuição do número de crianças fora da escola, e o destaque ficou para o Nordeste com um recuo de 16,6% para 4%, no período compreendido entre 1993 e 2003, no percentual de crianças de 7 a 14 anos que não estudavam.

Para o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, a diminuição dos índices de emprego e renda revelados pela PNAD-2003 é atribuída ao ajuste do governo “para equilibrar as finanças públicas, reduzir o perigo inflacionário e equacionar o problema da dívida externa”.

Por fim, os dados do PNAD-2003 revelaram algo que já se fazia sentir: que o Brasil começa a envelhecer. Caem as taxas de mortalidade e de fecundidade no país, gerando um aumento do envelhecimento da população brasileira. Os brasileiros com mais de 60 anos, que antes representavam apenas 8%, hoje são quase 10% da população nacional. Desde 1981, vem aumentando significativamente a faixa etária do maior contingente da população brasileira. Naquele ano a maioria da população encontrava-se entre zero e quatro anos de idade. Em 1986, esse grupo estava formado pelos indivíduos de cinco e nove anos. E em 2003, a predominância da população era de jovens entre 15 e 19 anos.


Contudo, o brasileiro conseguiu consumir um pouco mais no período, aumentando o acesso às novas tecnologias, principalmente o computador, a internet e os aparelhos celulares. Agora, imaginem se os 82 bilhões de dólares brasileiros existentes nos paraísos fiscais e nos EUA, segundo cálculo do Banco Central, retornassem ao país. Se a confiança dessa pequena e bilionária parcela da população brasileira fosse conquistada, imaginem só o que seria esse Brasil.