As eleições para a renovação dos 450 integrantes da Câmara Baixa do Parlamento russo – Duma ocorreram dia sete de dezembro, e o grande vitorioso foi o Presidente Vladimir Putin, através do seu partido Rússia Unida, que obteve mais de 37% dos votos validos dos 110,7 milhões de eleitores russos, sendo que o índice de participação atingiu 56%. Segundo dados parciais, o partido de Putin conseguiu ao menos 222 das 450 cadeiras da Duma, sendo que o Partido Comunista – principal adversário de Putin – teria conseguido apenas 53 cadeiras.
Desta forma, o perfil atual da Duma ficou distribuído entre 37% para Rússia Unida, 12,7% para o Partido Comunista comandado por Zyuganov, o ultranacionalista Partido Liberal-Democrático da Rússia - LDPR de Vladimir Jirinovski com 11,8% e a aliança nacionalista de esquerda A Pátria com 9% .
Entretanto, vários organismos observadores internacionais e a própria Casa Branca afirmaram que essas eleições foram um verdadeiro retrocesso para a jovem democracia russa, uma vez que a máquina governamental favoreceu o partido de Putin, através da manipulação dos meios de comunicação estatais e pela utilização de dinheiro público.
A falta de alternativas atraentes na atual cena política russa garantiu a Putin a vitória. Putin possui hoje uma aprovação de 82% do eleitorado russo, patamar conquistado graças a sua cruzada contra os chamados oligarcas, ou seja, os empresários enriquecidos pela corrupção na época das privatizações levadas a cabo pelo ex-presidente Boris Ieltsin na década de 90. Também se atribui esse enorme índice de aprovação do Presidente Putin ao fato de que até hoje o eleitorado russo considera necessário um líder forte para governar o país.
O fator econômico também é favorável a Putin, pois a Rússia cresceu nos últimos cincos anos a uma media de 6,6%, recebendo desde a queda da União Soviética em 1991 a cifra de 54 bilhões de dólares em investimentos externos. Algo totalmente inédito em solo russo, a economia apresenta uma moeda estável, a inflação controlada e uma boa reserva de divisas. A locomotiva desse sucesso econômico se encontra na produção petrolífera, pois é bem sabido que a economia russa é bastante frágil, sendo que 12 grupos econômicos produzem 70% do PIB nacional, e que 40 milhões de cidadãos vivem abaixo da linha de pobreza.
Por fim, outra grande bandeira de campanha de Putin, a dureza com que o Presidente combate os separatistas tchetchenos e a afirmação de que a questão tchetchena está resolvida, se viu um pouco debilitada, pois o atentado terrorista no centro de Moscou, próximo ao Kremlin – a sede do poder russo, do último nove de dezembro vitimou mais de seis pessoas, além de ferir outras treze, demonstrou que o problema segue na ordem do dia. Foi o segundo atentado suicida em menos de quatro dias, pois no dia cinco de dezembro uma explosão destruiu parte de um trem na cidade de Yesentuki, causando a morte de quarenta e quatro e ferindo mais de duzentas pessoas.
A vitória nestas eleições legislativas pavimenta o caminho para a reeleição do Presidente Vladimir Putin em março de 2004, quando se realizarão as eleições presidenciais na Rússia.