Dani García, gaspacho ganhador
O cozinheiro malaguenho recebe na Espanha o Prêmio Nacional de Gastronomia
ROSA RIVAS - Madrid – El País - 20/02/2009
Tradução de Antonio de Freitas Jr.
"Foi uma surpresa. Estou muito emocionado de que tenham lembrado de mim", declarou ontem por telefone dos EUA Dani García. Este cozinheiro malaguenho (Marbelha, Espanha, 1975) recebeu na Espanha o Prêmio Nacional de Gastronomia. Segundo a Real Academia Espanhola de Gastronomia, que outorga este prêmio cada ano, o chefe andaluz -que possui duas estrelas Michelin- é o melhor chefe de cozinha espanhol de 2008.
Porém o prêmio não foi recebido em sua terra, mas em Miami, EUA, onde participou no festival Southern Wine & Spirits. Nesta vitrine da culinária espanhola que se celebra atualmente nos EUA, Dani García apresenta uma de suas especialidades, o “gazpacho de cerezas con nieve de queso, anchoa y pistacho”. Os Reis de Espanha o degustaram junto aos comensais americanos.
Enquanto lhe comunicavam a boa noticia, o cozinheiro andava ontem em pleno trabalho "rodeado de grandes da cozinha espanhola". Tratava-se do chef basco Pedro Subijana, do asturiano José Andrés (dono de um império gastronômico nos EUA) e o mago do chocolate Paco Torreblanca. Elaboravam um jantar de gala a oito mãos: Dani, a entrada; Subijana, um primeiro prato de “rape” (peixe-sapo); José Andrés, umas “carrilleras”; e Torreblanca, a sobremesa.
"É uma honra receber o Prêmio Nacional de Gastronomia. É um prêmio que todo chef deseja receber em sua carreira profissional. É uma recompensa a todo o esforço e trabalho que, tanto minha equipe como eu, fazemos dia a dia com tanta paixão", declarou o cozinheiro, que recebeu o reconhecimento das mãos do presidente da Real Academia de Gastronomia, Rafael Ansón.
García elevou à categoria de alta gastronomia suas memórias culinárias malaguenhas aprendidas nos fogões com sua mãe e sua avó. Os produtos do mar e da terra alcançam nova dimensão em suas criações, onde o nitrogênio líquido transforma sopas e suas mãos desenham silhuetas de paisagens praieiras comestíveis. Neste momento, segundo revelou ontem a este jornal, anda pesquisando novidades para sue cardápio: "Seguimos jogando na linha dos “trampantojos” (ilusões de ótica), sobretudo vegetais e frutas, com ameixas que não são ameixas ou tomates coloridos, por exemplo". O “nitrogel”, uma aplicação de nitrogênio, lhe servirá para criar "uma horta como sobremesa". Em temporadas anteriores levou à mesa os espetos das praias malaguenhas e as profundidades marinhas de algas e moluscos.
Dani García começou sua carreira profissional no restaurante “Tragabuches de Ronda”, depois de estudar na escola malaguenha de hotelaria “La Cónsula” e em “Lasarte” com o mestre basco Martín Berasategui. No “Tragabuches” conseguiu aos 24 anos sua primeira estrela Michelin e a segunda lhe chegou em 2007, já no restaurante “Calima”, do Hotel Meliá Don Pepe de Marbela, que no ano passado foi reformado para ganhar uma espetacular janela para o mar.
O vínculo de Dani García com o grupo hoteleiro Meliá lhe garante também a direção gastronômica de restaurantes em Guía de Isora (Tenerife) e em Madri, onde abriu recentemente em Argüelles o lounge-bar Uno, com sabores mediterrâneos transplantados ao gosto urbano. Sua próxima aventura será em Sevilha, no restaurante “Burladero, Tapas y Tintos”, que abrirá em 28 de fevereiro no Gran Meliá Colón.