terça-feira, março 31, 2009

Uma roupa nova para a torre Eiffel


Uma roupa nova para a torre Eiffel

60 toneladas de pintura foi o presente da Prefeitura no 120º aniversário do monumento

ELPAÍS.com - Madrid - 31/03/2009

Tradução de Antonio de Freitas Jr.

A torre Eiffel, o monumento pagão mais visitado do mundo, símbolo da França e da Europa, completou nesta terça-feira (31/03) 120 anos. Para celebrar o aniversário do monumento desenhado por Gustave Eiffel, a Prefeitura de Paris deu-lhe uma nova capa de pintura. "Como nos pediu Gustave Eiffel no seu testamento, temos que repintar a torre regularmente para protegê-la da corrosão", explicou Jean-Bernard Bros, Secretário do Prefeito de Paris.

Há 120 anos se inaugurou a Exposição universal de Paris, em 31 de março de 1889, para comemorar o centenário da Revolução francesa. A torre, que foi a mais alta do mundo durante 40 anos – até que em 1929 se construiu o Edifício Chrysler em Nova York-, se converteu no símbolo da exposição, ainda que os artistas não gostaram da estrutura de ferro, que consideravam "feia e monstruosa".

Artistas, escritores e arquitetos escreveram uma carta de protesto "contra a torre do Senhor Eiffel" que qualificaram de "esqueleto de atalaia" (Paul Verlaine), ou "pirâmide alta e magra de escalas de ferro" (Guy de Maupassant). Tentaram, sem sucesso, paralisar as obras em 1887.

A construção finalizou às 13.30 hora local de 31 de março de 1889, quando Eiffel subiu os 1.710 degraus existentes desde a base até o terceiro andar da "Dama de Ferro" e hasteou a bandeira francesa.

Para esta campanha de renovação serão necessárias 60 toneladas de pintura, modelo "castanho torre Eiffel", que cobrirão uns 250.000 metros quadrados de vigas. No princípio de sua historia, a torre era marrom. Mais tarde foi pintada de amarelo e nos anos 50 de vermelho, antes de voltar a sua cor original.

Paris prevê numerosos atos para comemorar o aniversário: exposições, concertos, fogos de artifícios e visitas gratuitas para alunos dos colégios de Paris. 6,9 milhões de pessoas visitaram a torre em 2008, sendo que 75% chegaram de fora da França. A sociedade que explora o monumento prevê uma diminuição de visitas para 2009 pela crise econômica

segunda-feira, março 30, 2009

Vendida por 47.000 euros a fotografia mais antiga de Nova York


Vendida por 47.000 euros a fotografia mais antiga de Nova York

A imagem, um daguerreótipo de 1848, mostra uma casa de campo no centro de Manhattan

ELPAÍS.com - Madrid – 30/03/2009

Tradução de Antonio de Freitas Jr.

Uma das fotografias conservadas mais antigas de Nova York foi vendida por 62.500 dólares (47.300 euros) numa casa de leilões da grande maçã, a um comprador que não se ha identificou, segundo informa a CNN.com.

A fotografia é um daguerreótipo de 14 x 10 centímetros que data de 1848. Mostra uma casa de campo no que então se conhecia como a antiga “Bloomingdale Road” e que era mencionada como "uma continuação da Broadway", a artéria viária que cruza a ilha de Manhattan de sul a norte. Em primeiro plano, um caminho conduz a um pórtico de entrada na cerca que rodeia os terrenos. Também se aprecia a figura de um homem sobre o que parece uns pastos cercados rodeados de bosque.

segunda-feira, março 23, 2009

Roberto Carlos comemora 50 anos de carreira com série de shows


Roberto Carlos comemora 50 anos de carreira com série de shows

UOL Música - Da Redação - 23/03/2009 - 17h36

São muitas emoções. É assim que Roberto Carlos resume sua carreira de 50 anos. E para comemorar o aniversário de meio século no palco, o Rei vai fazer uma festa que inclui show solo e com convidados, de rock a sertanejo, e até megaexposição de memorabilia. Tudo isso ao longo de 2009 e começo de 2010, ano em que pretende lançar um disco de inéditas.

Roberto Carlos vai dar início a série de shows no dia de seu aniversário de 68 anos: 19 de abril. Será em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, cidade natal do Rei e onde ele não se apresenta há 14 anos. "É uma emoção muito grande voltar para lá. Tenho que me segurar, senão vou chorar a cada meia-hora", diz o cantor.

A intenção é levar a turnê para percorrer o Brasil durante todo o ano. Por enquanto, 25 shows já estão confirmados em 18 cidades, entre eles uma apresentação no Maracanã para cerca de 60 mil pessoas no dia 11 de julho. Os ingressos ainda não começaram a ser vendidos e os valores não foram divulgados, mas segundo Roberto Carlos, a ideia é fazer o máximo possível de shows a preços populares.

O roteiro do espetáculo tem direção musical e arranjos do maestro Eduardo Lajes. O repertório e a concepção das apresentações, no entanto, não estão definidos. "Ainda vamos sentar para escolher as músicas e os artistas convidados".

Convidados estes que não faltarão nas comemorações de Roberto Carlos em São Paulo, a "segunda casa de todo artista", de acordo com ele. No dia 26 de maio, o espetáculo "Elas cantam Roberto Carlos" vai reunir 14 vozes femininas no Theatro Municipal. "Não sei quem serão 'elas'. Os artistas é que estão preparando a homenagem", disse.

No dia 11 de agosto é a vez do rock and roll reparecer na carreira do Rei. "Roberto Carlos Rock Symphony" vai colocar no Ginásio Ibirapuera expoentes do gênero para tocar suas músicas. Já em 2010, no mês de março, "Emoções Sertanejas" vai levar ao palco do Estádio do Pacaembu duplas e representantes do estilo.

Os artistas também não foram anunciados, mas o Rei promete participar dos três eventos temáticos, todos com rendas revertidas para projetos sociais.

Exposição

A música de Roberto Carlos também será traduzida em memorabilia. A Oca do Parque Ibirapuera vai abrigar, em janeiro de 2010, a "Expo RC 50 anos", que promete ser a mais completa mostra já montada no país sobre um músico brasileiro em atividade.

A exposição vai mostrar o famoso calhambeque que deu origem à música homônima e foi recentemente reformado por Emerson Fittipaldi, além de imagens, sons e objetos para contar, de forma interativa, a história do cantor.

No entanto, Roberto já adianta: há poucas chances de se ver lembranças da boate Plaza, em Copacabana, um dos lugares em que a bossa nova foi gerada e onde ele começou na música como crooner. "Tenho pouco material dessa época. Quase não há documentos. Naquele tempo a gente não pensava no quanto valeriam essas coisas", conta.

Seu primeiro disco, "Louco por Você", foi lançado em 1961 e é marcado pela influência da bossa nova. Roberto Carlos nunca permitiu que o álbum fosse reeditado. E agora, 50 anos depois? "Pode ser que sim, pode ser que não", ri o cantor. "Na verdade eu nunca quis relançar, mas posso mudar de idéia".

Enquanto isso, ele prepara um disco de inéditas para ser lançado até 2010. "Já tenho algumas músicas prontas minhas e algumas com parceria de Erasmo", adianta. E garante que continuará falando do que sempre falou em suas canções: o amor. "É a coisa mais importante que existe".

As comemorações de 50 anos de carreira não terminam no Brasil. Em março de 2010 a festa desembarca em Nova York, dando início à fase internacional da excursão.

Veja o roteiro já confirmado da turnê no Brasil:

Cachoeiro do Itapemirim (ES) - 19 de abril;

Caruaru (PE) - 7 de maio;

Recife (PE) - 8 e 9 de maio;

Aracaju (SE) - 21 de maio;

Salvador (BA) - 23 de maio;

São Paulo (SP) - 26 de maio ("Elas cantam Roberto Carlos");

João Pessoa (PB) - 3 de junho;

Natal (RN) - 4 de junho;

Fortaleza (CE) - 6 de junho;

Teresina (PI) - 9 de junho;

Belém (PA) - 11 de junho;

Manaus (AM)- 13 de junho;

Rio de Janeiro (RJ) - 11 de julho;

São Paulo (SP) - 11 de agosto ("RC Rock Symphony");

Porto Alegre (RS) - 8 ou 15 de agosto;

Vila Velha (ES) - 16 de agosto;

São Paulo (SP) - 21, 22, 28 e 29 de agosto;

Curitiba (PR) - 18 e 19 de setembro;

Brasília (DF) - 17 de outubro;

Belo Horizonte (MG) - 14 de novembro;

São Paulo (SP) - março de 2010 ("Emoções Sertanejas")

quarta-feira, março 18, 2009

México declara guerra alfandegária contra Estados Unidos


México declara guerra alfandegária contra Estados Unidos

O governo de Felipe Calderón decide aumentar a cobrança de 90 produtos agrícolas e indústrias

ANTONIO O. ÁVILA - México - El País - 18/03/2009

Tradução de Antonio de Freitas Jr.

A difícil relação do México com os Estados Unidos tem uma nova frente comercial. O governo mexicano decidiu aumentar a cobrança de tarifas alfandegárias sobre 90 produtos agrícolas e indústrias importados de seu vizinho do norte. Trata-se de una represália contra os Estados Unidos por violar o Tratado de Livre Comercio da América do Norte (TLCAN) (NAFTA em inglês) ao cancelar o programa piloto de Transporte Transfronteiriço de Carga. Ou seja, porque fecharam a passagem de sua fronteira aos caminhões mexicanos de carga, uma decisão que não somente ocasionou perdas econômicas, como também gerou uma resistência social.

O secretário mexicano de Economia, Gerardo Ruiz Mateos, explicou que o castigo às exportações se aplica desde terça-feira passada (17/03), uma vez que os Estados Unidos não aceitarão revisar o fechamento do caminho aos transportes mexicanos. "Somos obrigados a adotar medidas de represália conforme o Tratado". As tarifas alfandegárias se aplicam a 90 produtos industriais e agrícolas de 40 Estados do gigante norte-americano. O valor dessas compras em 2007 foi de 2,4 bilhões de dólares.

Numa clara crítica à posição que adotou Washington, o ministro comentou que "nestes momentos de crise econômica, quando devemos evitar a todo custo o protecionismo, a decisão dos Estados Unidos vai em sentido contrário e manda um sinal negativo ao México e ao resto do mundo". Não obstante, Ruiz Mateos espera que tudo volte ao bom caminho, dada a importância que tem a relação comercial bilateral, com um valor de 367 bilhões de dólares em 2008.

A conta-gotas

A medida mexicana chamou a atenção da Casa Branca, ao ponto de que o secretario de imprensa presidencial, Robert Gibbs, disse que a Administração de Barack Obama busca ações que permitam a reabertura da fronteira aos camioneiros, diante do que qualificou como "medidas de repressão" contra as exportações estadunidenses. "Isto é em resposta ao fim do programa piloto transfronteriço que permitiu a um pequeno número de caminhões mexicanos entrarem nos Estados Unidos além da zona comercial fronteiriça [30 milhas] e prover aceso recíproco a companhias dos Estados Unidos".

No México se acredita que a explicação estadunidense para fechar a passagem aos camioneiros carece de sustentação. As autoridades sustentam que passaram uns 46.000 cruzamentos sem que se registrassem incidentes de importância.

A historia deste choque começou em 11 de março, quando o Congresso estadunidense não concedeu dinheiro a um programa de abertura de fronteiras para os transportes de carga mexicanos. Desta forma, se cancelou o plano que, originalmente, de acordo com o contemplado no TLCAN (NAFTA) tinha que haver começado a fluir em janeiro de 2000. As dúvidas estadunidenses a respeito da segurança que brindam os camioneros mexicanos atrasaram a entrada em vigor do convenio até 2007, quando começou a conta-gotas e pendente por um fio político e financeiro.

Para Ruiz Mateos, a "ação dos Estados Unidos é equivocada, protecionista e claramente viola o Tratado. Por decidir proteger a seus transportistas decidiram afetar a concorrência e a competitividade de nossos países e da região, impactando a muitos outros setores produtivos". O secretario mexicano assegurou que em breve publicará a lista de produtos sancionados, porém adiantou que se trata de artigos que não afetam às cadeias produtivas mexicanas, pelo que não afetarão nos preços finais nem na cesta básica dos mexicanos.

domingo, março 15, 2009

A Discovery decola com sucesso rumo a Estação Espacial após um mês de atraso


A Discovery decola com sucesso rumo a Estação Espacial após um mês de atraso

Seu objetivo é levar à ISS una grande viga estrutural e novos painéis solares que, somados aos atuais, proporcionarão suficiente energia à base para aumentar a tripulação estável

ALICIA RIVERA – El País - 16/03/2009

Tradução de Antonio de Freitas Jr.
O ônibus espacial Discovery partiu às 20:42 deste domingo, hora de Brasília, da
base espacial Kennedy, na Florida. Seu objetivo é levar à Estação Espacial Internacional (ISS) uma grande viga estrutural e novos painéis solares que, somados aos atuais, proporcionarão suficiente energia à base para aumentar a tripulação estável em órbita de três a seis astronautas. Será a partir do próximo mês de maio.

A Discovery , com sete astronautas a bordo, sob o comando do comandante Lee Archambault , permanecerá 10 dias no espaço, em lugar dos 14 que duraria se a partida houvesse sido realizada no dia 11, como estava previsto. Porém, um vazamento de combustível (hidrogênio gasoso) que se produziu nos dutos do tanque da nave obrigou a atrasar o lançamento. Mas esta missão da Discovery, a primeira de um ônibus espacial em 2009, já estava atrasada um mês devido a um problema com umas válvulas de combustível da nave, é a primeira que se realiza em 2009.

Agora só se poderão fazer dois passeios espaciais nesta missão e não os quatro previstos. O problema é que a Discovery tem que abandonar a ISS a tempo para que chegue uma
nave russa Soyuz no próximo dia 26 com a tripulação de reposição da estação.

A Discovery chegará dentro de dois dias à ISS. Ademais da viga estrutural e os painéis solares, a nave leva um equipamento de reciclagem de urina para substituir ao que está quebrado na base orbital. Uma peculiaridade deste voo é que instalaram debaixo da asa esquerda da Discovery um pequeno dispositivo que servirá para tomar dados do fluxo de ar durante a reentrada da nave na atmosfera. Estes dados se utilizarão no modelo e desenho do novo sistema de transporte espacial que está desenvolvendo a NASA em
seu programa Constellation.

quarta-feira, março 11, 2009

Começa a funcionar o Conselho de Defesa Sul-americano

Começa a funcionar o Conselho de Defesa Sul-americano

M. D. - Santiago – El País - 10/03/2009

Tradução de Antonio de Freitas Jr.

Com homenagens ao herói militar chileno Bernardo O'Higgins constituiu-se nesta terça-feira (10/03) o Conselho de Defesa das Nações Sul-americanas, integrado pelos países que compõem a União de Nações Sul-americanas (UNASUL).

O órgão se converterá numa instância histórica dentro das democracias do continente que afiançará a cooperação em matéria de defesa entre os países associados, permitirá superar as diferenças sobre gasto militar e coordenará a segurança externa.
Será a primeira vez que os encarregados das Forças Armadas do Cone Sul se sentam para falar periodicamente. A presidência do organismo, que não pretende emular à OTAN, será temporal, igual a que se utiliza na UNASUL. Também estão programados a partir desta reunião conselhos anuais dos titulares de Defesa.

Este organismo é inédito dentro das relações entre os países sul-americanos, se bem que na época das ditaduras latino-americanas dos anos setenta houve uma coordenação entre estas através de seus aparatos de inteligência para a repressão e extermínio dos opositores, conhecida como a Operação Condor. Na atualidade, o panorama político mudou radicalmente, com governos democráticos encabeçados em muitos países por coalizões políticas ou partidos progressistas e sem o cenário da guerra fria.

Á cerimônia de criação do organismo assistiram os 12 ministros de Defesa de Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Brasil, Equador, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Suriname e Guiana.

Um dos pontos que mais debate causou foi a possibilidade de se fazer transparentes os gastos com defesa desta região, que em 2008 moveram cerca de 38.659 milhões de euros. A este respeito, o ministro de Defesa chileno, José Goñi, declarou que o Conselho não obrigará a revelar os dados militares, mas que tratará de dar informação sobre as compras militares como política de "boa vizinhança". Por sua parte, o ministro peruano, Antero Flores-Araos, foi mais além e declarou à Agencia Andina que "quando haja as aquisições do Núcleo Básico de Defesa do Peru, informaremos com a transparência devida".

Declaração de Santiago de Chile


Primera Reunión de Ministras y Ministros de Defensa del Consejo de Defensa Sudamericano (CDS) de la UNASUR

DECLARACION DE SANTIAGO DE CHILE

LA MINISTRA Y LOS MINISTROS DE DEFENSA, asistentes a la Primera Reunión del Consejo de Defensa Suramericano (CDS) de la Unión de Naciones Suramericanas (UNASUR), en cumplimiento del mandato de las Jefas y Jefes de Estado y de Gobierno en la creación del CDS y aprobación de su Estatuto el 16 de diciembre de 2008 en Salvador, Brasil, reunidos en la ciudad de Santiago de Chile los días 9 y 10 de marzo de 2009, reafirman la unidad de propósitos que hoy alcanzan nuestros países en la perspectiva de construir una zona de paz y cooperación.

RATIFICAN el respeto de manera irrestricta a la soberanía, integridad e inviolabilidad territorial de los Estados, la no intervención en sus asuntos internos y la autodeterminación de los pueblos.

REAFIRMAN la convivencia pacífica de los pueblos, la vigencia de los sistemas democráticos de gobierno y su protección, en materia de defensa, frente a amenazas o acciones externas o internas, en el marco de las normativas nacionales. Asimismo, rechazan la presencia o acción de grupos armados al margen de la ley, que ejerzan o propicien la violencia cualquiera sea su origen.

CONSIDERAN que, apoyados en la historia compartida y solidaria de nuestras naciones y honrando el pensamiento de quienes forjaron nuestra independencia y libertad, el Consejo de Defensa Suramericano contribuirá poderosamente a la construcción de un futuro común de nuestra región.

CONVENCIDOS que este proceso de integración y unión suramericanos es ambicioso en sus objetivos estratégicos y flexible y gradual en su implementación.

ACUERDAN que los planes de acción del CDS deberán regirse por los siguientes objetivos generales:

a) Consolidar Suramérica como una zona de paz, base para la estabilidad democrática y el desarrollo integral de nuestros pueblos, y como contribución a la paz mundial.

b) Construir una identidad suramericana en materia de defensa, que tome en cuenta las características subregionales y nacionales, y que contribuya al fortalecimiento de la unidad de América Latina y el Caribe, y

c) Generar consensos para fortalecer la cooperación regional en materia de defensa.

ACUERDAN impulsar el Consejo de Defensa Suramericano en el marco de la UNASUR a través de la ejecución del Plan de Acción 2009-2010, que desarrolla cuatro ejes o lineamientos que, a su vez, contienen una serie de iniciativas específicas.

1. POLÍTICAS DE DEFENSA.

a. Crear una red para intercambiar información sobre políticas de defensa.

b. Realizar un seminario sobre modernización de los Ministerios de Defensa.

c. Compartir y dar transparencia a la información sobre gastos e indicadores económicos de la defensa.

d. Propiciar la definición de enfoques conceptuales.

e. Identificar los factores de riesgo y amenazas que puedan afectar la paz regional y mundial.

f. Crear un mecanismo para contribuir a la articulación de posiciones conjuntas de la región en foros multilaterales sobre defensa.

g . Proponer el establecimiento de un mecanismo de consulta, información y evaluación inmediata ante situaciones de riesgo para la paz de nuestras naciones, en conformidad con el Tratado de UNASUR.

2. COOPERACIÓN MILITAR, ACCIONES HUMANITARIAS Y OPERACIONES DE PAZ.

a. Planificar un ejercicio combinado de asistencia en caso de catástrofe o desastres naturales.

b .Organizar una conferencia sobre lecciones aprendidas en operaciones de paz, tanto en el ámbito interno como multilateral.

c. Elaborar un inventario de las capacidades de defensa que los países ofrecen para apoyar las acciones humanitarias.

d. Intercambiar experiencias en el campo de las acciones humanitarias a fin de establecer mecanismos de respuesta inmediata para la activación de acciones humanitarias frente a situaciones de desastres naturales.

3. INDUSTRIA Y TECNOLOGÍA DE LA DEFENSA.

a. Elaborar un diagnóstico de la industria de defensa de los países miembros identificando capacidades y áreas de asociación estratégicas, para promover la complementariedad, la investigación y la transferencia tecnológica.

b. Promover iniciativas bilaterales y multilaterales de cooperación y producción de la industria para la defensa en el marco de las naciones integrantes de este consejo.

4. FORMACIÓN Y CAPACITACIÓN.

a. Elaborar un registro de las academias y centros de estudio en defensa y de sus programas y crear una red suramericana de capacitación y formación en defensa, que permita el intercambio de experiencias y el desarrollo de programas conjuntos.

b. Proponer programas de intercambio docente y estudiantil, homologación, evaluación y acreditación de estudios, reconocimiento de títulos y becas entre las instituciones existentes, en materias de defensa.

c. Constituir y poner en funcionamiento el Centro Suramericano de Estudios Estratégicos de Defensa (CSEED), y encargar a un grupo de trabajo dirigido por Argentina, en un plazo de 60 días, la elaboración de la propuesta de su estatuto.

d. Realizar durante noviembre de 2009, en Río de Janeiro, el Primer Encuentro Suramericano de Estudios Estratégicos (Ier ESEE).

CONCUERDAN que este Plan de Acción es una agenda amplia para la construcción común, gradual y flexible de la identidad suramericana de defensa.

CONVOCAN a los Viceministros de Defensa de Suramérica a reunirse en la ciudad de Quito, Ecuador, a mediados de año, para verificar el cumplimiento de este Plan de Acción.

La Ministra y los Ministros del CDS darán cuenta de lo actuado al Consejo de Jefas y Jefes de Estado y de Gobierno, en el marco del artículo 5 del Tratado Constitutivo de la UNASUR, como fue encomendado por la Cumbre Presidencial de Salvador, Brasil, el 16 de diciembre de 2008.

Firman los 12 ministros de defensa.

segunda-feira, março 09, 2009

Obama quer o petróleo de Lula


Obama quer o petróleo de Lula

Washington pretende pôr fim a sua dependência energética da Venezuela

FRANCHO BARÓN - Rio de Janeiro - 09/03/2009

Tradução de Antonio de Freitas Jr.

Brasil e EUA mantêm contatos informais com o objetivo de fechar um futuro acordo comercial que aumente o fluxo de petróleo e derivados desde o gigante sul-americano até seu vizinho do norte. A recém estreada administração de Barack Obama já deixou clara sua vontade de incrementar consideravelmente as importações de petróleo brasileiro. Concretizando-se o pacto comercial, algo que hoje em dia parece muito provável, e que depende unicamente do Brasil, a consequência mais direta seria a saída da Venezuela do mercado energético estadunidense, onde atualmente consegue colocar entre 40% e 70% de sua produção petrolífera.

Várias fontes diplomáticas e governamentais de Brasília confirmaram a EL PAÍS o interesse do governo de Luiz Inácio Lula da Silva em aumentar a presença brasileira no mercado norte-americano de hidrocarbonetos, ainda que isso implique numa colisão frontal com os interesses venezuelanos. Tudo isso dependerá da quantidade de petróleo que a companhia estatal brasileira Petrobras consiga bombear nos próximos anos dos poços perfurados em frente aos litorais dos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, assim como do marco jurídico que Washington e Brasília estabeleçam.

De Brasília se insiste em que o primeiro objetivo do governo é abastecer totalmente seu mercado interno e deixar de depender das importações de petróleo. Uma vez alcançada esta meta, a Petrobras entrará na luta de qualquer maneira pelos mercados mundiais de hidrocarbonetos e seus derivados. Por sua proximidade geográfica e a fluidez do diálogo político que já se estabeleceu com seu novo presidente, EUA se converte no grande comprador natural do ‘ouro negro’ brasileiro.

Do total das importações norte-americanas de hidrocarbonetos, 11% proveem da Venezuela. A empresa estatal venezuelana PDVSA não somente vende aos EUA petróleo pesado e extrapesado, como também mantêm suas próprias refinarias em solo estadunidense e uma ampla rede de postos de gasolina que distribuem seus derivados. Para Washington, uma relação comercial estável com a Venezuela no terreno energético é importante. Contudo, mesmo com suas frequentes ameaças de fechar a torneira do petróleo, para o regime de Chávez a venda de petróleo a seu inimigo ‘número um’ se converteu numa questão de vida ou morte já que lhe supõe um caixa diário de uns 80 milhões de dólares (64 milhões de euros).

É neste contexto que o governo de Washington tem posto os olhos desde há alguns meses nos recém descobertos mega-campos brasileiros de petróleo. Segundo os estudos preliminares realizados pela Petrobras, se encontram frente às costas do Brasil, na camada denominada pré-sal, ou seja, debaixo de uma grossa camada de sal que pode alcançar os dois quilômetros de espessura. É de uma qualidade excelente. Trata-se de petróleo leve, que em comparação com o pesado e o extrapesado (os extraídos na Venezuela), requer menos trabalho e investimento para ser refinado e transformado em derivados.

Fontes diplomáticas brasileiras recordam que o Departamento de Defesa norte-americano decidiu reativar em julho passado sua Quarta Frota para o Caribe e América do Sul, composta inicialmente por 11 navios, entre eles um porta-aviões e um submarino nuclear. "Esta decisão não é casual. Agora mais do que nunca estamos no radar dos estadunidenses, já que existe certa preocupação em alguns setores desse governo pelo que ocorra nesta zona de produção petrolífera", aponta uma fonte próxima ao presidente brasileiro.

As mesmas fontes afirmam que, para os EUA, a Venezuela é um motivo de preocupação mais que de sossego ou estabilidade regional. Obama vê o governo de Brasília como seu aliado natural na América do Sul. O Brasil é um país politicamente estável, de grande potencial econômico, com uma imensa riqueza natural e humana. "Se o Brasil continua em sua linha de fortalecimento institucional, respeito aos princípios da democracia e ao meio ambiente, segurança jurídica e diminuição da desigualdade social, seremos um país produtor de petróleo único no mundo. E isto é muito atraente para os EUA", assegura uma fonte governamental brasileira especialista em política energética.

Ainda que se desconheçam as reservas exatas, é certo que o petróleo achado no litoral brasileiro é abundante: cumprindo-se estas previsões, o Brasil passará a ser o oitavo ou nono produtor do planeta. Ademais, seu transporte até os EUA é quase tão simples como das costas venezuelanas. "Washington entende que as reservas do pré-sal são a salvação de sua dependência da Venezuela", se insiste em Brasília.

Para a Petrobras, a viabilidade do pacto comercial dependerá das quantidades de petróleo que se logrem extrair. A previsão é que haja petróleo para exportar não somente para os EUA, mas para outros países do mundo que já mostraram interesse, como a China e o Japão.

O Brasil insiste em que está mais interessado na venda de derivados, como gasolina, já que lhe resultará muito mais rentável que a venda de barris de petróleo. Isto explica que Lula haja decidido apostar por uma grande injeção de capital na Petrobras para a construção de quatro novas refinarias e a ampliação de outras tantas que já existem. O país aumentou suas exportações de petróleo e derivados em quase 10% em 2008, e 40% dessas vendas foram parar nos EUA. O negocio está em marcha.

quinta-feira, março 05, 2009

McCartney e Ringo Starr voltarão a tocar juntos


McCartney e Ringo Starr voltarão a tocar juntos

Os dois ex-Beatles se reencontrarão no próximo 4 de abril em Nova York

EFE - Londres – El País - 05/03/2009

Tradução de Antonio de Freitas Jr.

Os ex-Beatles Paul McCartney e Ringo Starr voltarão a subir juntos em um palco. Será no próximo dia 4 de abril, durante uma apresentação beneficente no Radio City Music Hall de Nova York, segundo informa do Reino Unido a Fundação David Lynch, organizadora do evento.

A Fundação David Lynch, criada pelo autor de obras como Twin Peaks e Mulholland Drive, e que promove a meditação trascendental nas escolas, assegura que os dois sobreviventes do quarteto de Liverpool interpretarão pelo menos uma canção juntos.

"É para mim um grande prazer ser parte dessa noite. Sinto que estes objetivos de caridade [os promovidos pela Fundação David Lynch] são maravilhosos", afirmou Ringo Starr em um comunicado.

A última vez que ambos tocaram juntos foi em 2002, durante um concerto em homenagem ao falecido George Harrison.

quarta-feira, março 04, 2009

O MI5 considera Eric Hobsbawm matéria reservada


O MI5 considera Eric Hobsbawm matéria reservada

A espionagem britânica nega o acesso do historiador aos seus arquivos

PATRICIA TUBELLA - Londres - 03/03/2009

Tradução de Antonio de Freitas Jr.

O mundo o reconhece como um dos mais importantes historiadores do último século, sua vasta obra de pesquisa é uma referência obrigatória e sua biografia de rigoroso intelectual marxista mereceu em seu dia a homenagem real com a concessão do título de “Companheiro de Honra” por seus "serviços à nação". As credenciais que exibe Eric Hobsbawm em seus 91 anos não parecem, contudo, impressionar os serviços de espionagem britânicos, cujo braço doméstico (MI5) está obstinado em lhe negar acesso a seu próprio arquivo, amparando-se em nebulosas razões de segurança nacional.

O nonagenário historiador solicitou esses documentos para corrigir possíveis erros na sua autobiografia, cuja primeira edição foi publicada em 2002. Nela se verifica sua filiação ao hoje finado Partido Comunista britânico desde 1936, ou seus anos de universitário esquerdista no campus de Cambridge, onde entrou em contacto com aquele grupo de espiões encabeçada por Anthony Blunt. Porém "até onde alcança meu conhecimento, nunca estive implicado em nenhum assunto que diga respeito à segurança do país", aduz surpreso pelo veto. O ‘caso Hobsbawm’ sim se converteu em um assunto de interesse nacional.

O trabalhista lorde Lipsey, membro vitalício da Câmara alta, utilizava esse foro na semana passada para reclamar do governo que resolva o absurdo. Antigo conselheiro especial do Primeiro-ministro James Callaghan, durante os anos setenta, Lipsey pôde "comprovar como os serviços de espionagem estavam ansiosos por recolher informação sobre os comunistas - então um partido que não representava uma ameaça para ninguém - enquanto evitavam às seitas trotskistas que sim encarnavam uma ameaça potencial para a segurança nacional". O lorde trabalhista conclui que o MI5 quer em realidade "evitar expor sua própria inépcia".

A atual legislação britânica sobre proteção de dados permite ao cidadão solicitar acesso aos arquivos secretos sobre sua pessoa, pero também ampara a agencia de segurança para denegar-lo por diversos motivos, entre eles se considera que a segurança nacional pode verse lesionada. Após dirigir sua petição ao MI5, em junho de 2007, Hobsbawm recebeu uma negativa como resposta. "A única razão que me ocorre é que não querem revelar quem me delatou às autoridades", assinala. Igual de surpreendente lhe resulta o comentário da carta remetida pelo MI5. "Não deve concluir de nossa resposta que possuímos ou não qualquer dado pessoal sobre você".

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Eric Hobsbawm

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Eric John Earnest Hobsbawm (Alexandria, 9 de Junho de 1917) é um historiador marxista reconhecido internacionalmente.

Um de seus interesses é o desenvolvimento das tradições. Seu trabalho é um estudo da construção destas no contexto do Estado-nação. Ele argumenta que muitas vezes as tradições são inventadas por elites nacionais para justificar a existência e importância de suas respectivas nações.

Vida

Nasceu no Egipto ainda sob o domínio britânico. Tem nacionalidade britânica. Hobsbawm, que teve seu sobrenome alterado por erro de escrituração, é filho de Leopold Percy Hobsbaum, inglês, e Nelly Grün, austríaca, ambos judeus. Tem uma irmã chamada Nancy. Passou os primeiros anos de sua vida em Viena e Berlim. Nessa época, tanto a Áustria quanto a Alemanha sofriam com a crise econômica e a convulsão social, conseqüências diretas da Primeira Guerra Mundial.

Seu pai morreu em 1929, e tornou-se órfão quando sua mãe faleceu em 1931. Ele e sua irmã foram adotados pela tia materna Gretl e seu tio paterno Sydney, que se casaram e tiveram um filho chamado Peter. Mudaram-se para Londres em 1933.

Hobsbawm casou-se duas vezes, primeiro com Muriel Seaman em 1943 (divorciou-se em 1951) e logo com Marlene Schwarz. Com esta última teve dois filhos, Julia e Andy, e um filho chamado Joshua de uma relação anterior.

Política, vida acadêmica e obra

Em 1933, quando Adolf Hitler chegou ao poder, Hobsbawm mudou-se para Londres. Já havia nesse período iniciado seus estudos das obras de Karl Marx. Fugindo das perseguições nazistas, mas também por ter ganho uma bolsa para estudar na Universidade de Cambridge, Hobsbawn formou-se em História. Tornou-se militante político de esquerda e ingressou no Partido Comunista da Grã-Bretanha, que então apoiava o regime estalinista, o mesmo regime que anos antes havia exilado a ala esquerda do PC soviético, incluindo Leon Trótski, fundador da Quarta Internacional.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939/1945), participou de mais um importante período do século XX, ao integrar o Exército Britânico contra os nazistas. Foi responsável por trabalhos de inteligência, pois dominava quatro idiomas. Com o fim da guerra, Hobsbawn retornou à Universidade de Cambridge para o curso de doutorado. Também nessa época juntou-se a alguns colegas e formou o Grupo de Historiadores do Partido Comunista.

Foi membro do grupo de historiadores marxistas britânicos, como Christopher Hill, Rodney Hilton e Edward Palmer Thompson que, nos anos 60, diante da desilusão com o estalinismo, buscaram entender a história da organização das classes populares em termos de suas lutas e ideologias, através da chamada "História Social".

Para analisar a história do trabalhismo e os diversos aspectos que a envolvem, como as revoluções burguesas, o processo de industrialização, as diferentes manifestações de resistência, luta e revolta da classe trabalhadora, Hobsbawn dedicou-se à interpretação do século XIX.

Sobre esse período, que segundo ele se estende de 1789 (ano da Revolução Francesa) a 1914 (início da Primeira Guerra Mundial), publicou estudos importantes, como "Era das Revoluções" (1789-1848), "A Era do Capital" (1848-1875) e "A Era dos Impérios" (1875-1914). Hobsbawn é responsável por análises aprofundadas sobre aquilo que chama de “o breve século XX”.

Um desses livros, em especial, rendeu-lhe reconhecimento e prestígio: "A Era dos Extremos", lançado em 1994, na Inglaterra, tornou-se uma das obras mais lidas e indicadas sobre a história recente da humanidade. Nela analisa os principais fatos de 1917 – fim da Primeira Guerra Mundial e ano da Revolução Russa – até o fim dos regimes socialistas da ex-União Soviética, em 1991, e dos países do Leste Europeu.

Também importante no conjunto de sua obra é seu livro mais recente, "Tempos Interessantes", publicado em 2002, no qual discorre novamente sobre o século XX e inter-relaciona os fatos históricos com a trajetória de sua vida. Por isso é considerado uma autobiografia diferenciada.

Considerado um dos historiadores atuais mais importantes, Hobsbawm, além de velho militante de esquerda, continua utilizando o método marxista para a análise da História, sempre a partir do princípio da luta de classes. É membro da Academia Britânica e da Academia Americana de Artes e Ciências. Foi professor de História no Birkbeck College (Universidade de Londres) e ainda é professor da New School for Social Research de Nova Iorque.

Entre seus livros podem ser destacados exatamente seus estudos sobre as classes populares, como Trabalhadores, Bandidos e História Social do Jazz.

Escreveu também estudos sobre a história das ideologias políticas e sociais, como Nações e Nacionalismos e A Invenção da Tradição e também uma autobiografia, Tempos Interessantes.

Livros publicados

A Era das Revoluções
Era do Capital
A Era dos Impérios
Era dos Extremos
Sobre História
História Social do Jazz
Pessoas Extraordinárias: Resistência, Rebelião e Jazz
Nações e Nacionalismo desde 1780
Tempos Interessantes (autobiografia)
Os Trabalhadores: Estudos Sobre a História do Operariado
Mundos do Trabalho: Novos Estudos Sobre a História Operária
Revolucionários: Ensaios Contemporâneos
Estratégias para uma Esquerda Racional
Ecos da Marselhesa : dois séculos revêem a Revolução Francesa / Eric J. Hobsbawm ; tradução Maria Celia Paoli. São Paulo:
Companhia das Letras, 1996.
As Origens da Revolução Industrial/ tradução de Percy Galimberti São Paulo: Global Editora, 1979.
Co-edição ou organização
A Invenção das Tradições
História do Marxismo (12 volumes)

Ligações externas

Entrevista da Folha
Eric Hobsbawm: um espelho do mundo em mutação
Eric Hobsbawm: a História como síntese interpretativa
Eric Hobsbawm e o 11 de Setembro
Artigo de Michael Lowy (traduzido para o português)
Entrevista em fevereiro de 1989
Perfil do Guardian (em inglês)

segunda-feira, março 02, 2009

O tormento de Vinicius de Moraes

O tormento de Vinicius de Moraes

Uma seleção de poemas revela as angustias do poeta brasileiro

FRANCHO BARÓN - Rio de Janeiro – El País - 02/03/2009

Tradução Antonio de Freitas Jr.

Vinicius de Moraes (Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes, Rio de Janeiro, outubro de 1913 - julho de 1980), ainda usava calça curta quando percorria os corredores do colégio católico Santo Inácio com versos de sua autoria escondidos nos bolsos do uniforme. Vários elementos apontam à pouco conhecida tese de que Vinicius de Moraes foi, na verdade, uma pessoa profundamente atormentada, ciclotímica e de complexas dúvidas existenciais, em comparação com a imagem de showman tagarela, piadista e propenso à bebida, às mulheres bonitas e à noite que existe de sua pessoa há décadas.

A editoria brasileira “Companhia das Letras” publicou recentemente uma nova seleção de poemas do que foi íntimo amigo do compositor Antonio Carlos Jobim, que aprofunda na teoria de que Vinicius de Moraes, além de um ícone da ‘bossa nova’, foi um homem eternamente angustiado. ‘Poemas Esparsos’ inclui alguns versos inéditos, anotações e textos explicativos de grandes figuras da cultura brasileira, como os poetas Ferreira Gullar e Carlos Drummond de Andrade, ou o compositor e músico Caetano Veloso.

O coordenador do volume, o também poeta Eucanãa Ferraz, inaugura o epílogo da seguinte maneira: "Os dramas de Vinicius de Moraes nunca foram os próprios da poética. Desde ‘Caminho para a Distância’, seu primeiro livro (...), os problemas de expressão de uma inquietude existencial estiveram num primeiro plano e ali permaneceram instalados, iniludíveis como um destino".

Efetivamente, nos dois primeiros livros de poesia rubricados por Vinicius, ‘Caminho para a Distância’ (1933) e ‘Forma e Exegese’ (1935), uma atmosfera de culpabilidade e desassossego se apodera dos versos. Segundo explica Castello num extraordinário ensaio publicado em janeiro passado na revista cultural brasileira ‘Bravo!’, a mulher surge neste período do poeta incipiente como uma figura inocente e intangível, enquanto que o homem cobra a categoria de ser inferior e sujo, indigno do amor e da companhia feminina.

Em ambos volumes, catalogados por Castello como "poesia metafísica", a masculinidade se apresenta como "um lastre que move aos homens por impulsos carnais e arroubos de violência". Vinicius sentia repugnância de sua própria condição masculina, porém nem por isso renunciou a ela.
No Brasil, Vinicius é conhecido carinhosamente como "o poetinha", um diminutivo que enfatiza sua faceta mais primaveral ou, mais preocupante ainda, que com não pouca condescendência rebaixa seu porte e solvência como intelectual a uma categoria inferior. "Vinicius rompeu com a imagem dos grandes poetas e narradores de sua época. Enquanto Guimarães Rosa ou Clarice Lispector eram figuras consagradas da literatura brasileira, Vinicius ficava mais e mais no folclore do Rio de Janeiro, algo que prejudicou profundamente sua imagem de grande intelectual", comenta José Castello, crítico literário e autor da mais completa biografia de Vinicius de Moraes, ‘O Poeta da Paixão’.

Vinicius de Moraes alternou sua intensa produção literária e jornalística com uma maltratada carreira diplomática que o levaria a Los Angeles, Paris e Montevidéu. Nunca suportou os protocolos rígidos próprio das embaixadas e dos consulados. Contam que quando não estava de humor para vestir-se de paletó e gravata e ir trabalhar, o autor da letra de ‘Garota de Ipanema’ despachava e recebia visitas em cuecas nas dependências da residência oficial. Em Paris, as mesas do ‘Le Bar Anglais’ faziam às vezes de escritório em horários de trabalho e foi ali onde continuou seu descenso aos infernos do whisky e dos romances furtivos (foi neste lugar onde cultivou a infidelidade à sua terceira esposa, Lila Bôscoli, com a mesmíssima Marlene Dietrich).

Num intervalo de 41 anos, desde seu primeiro casamento até 1980, ano em que faleceu, Vinicius viveu uma série de nove matrimônios, uns mais tempestuosos que outros, sem contar com os inumeráveis ‘affaires’ paralelos com que tentava camuflar sua eterna insatisfação emocional. "O amor sereno significava a morte para ele. Se não vivia numa permanente euforia amorosa entrava em depressão. Sofria o que os psicólogos atuais denominam bipolaridade", explica Castello.

Saboreou o mel do sucesso e da fama no Brasil e no resto do mundo, porém nunca obteve o respeito dos círculos intelectuais de sua época. Segundo Caetano Veloso, o próprio Vinicius lhe deu a chave numa conversa privada em sua casa do bairro carioca do Jardim Botânico: "Eu prefiro a musiquinha, as mulheres bonitas... desta maneira a poesia flui. Não quero aquilo (o trabalho disciplinado e meticuloso do poeta sério e comprometido)".

Precisamente essa é a imagem que restou do grande Vinicius de Moraes no imaginário popular: a de um homem ébrio, com um copo de wisky na mão, rodeado de amigos e mulheres bonitas, cantarolando canções que exaltavam a felicidade e a leveza dos verões eternos do Rio de Janeiro. De acordo com um biógrafo, o poeta sofria um transtorno de bipolaridade.