China celebra 60 anos de comunismo
reivindicando seu papel de superpotência
O presidente Hu Jintao assegura que somente a abertura garantirá o desenvolvimento do país. Estritas medidas de segurança marcam uma celebração na qual se exibiu os últimos avances militares
AGENCIAS - Pequim – El País - 01/10/2009
Tradução de Antonio de Freitas Jr.
Tradução de Antonio de Freitas Jr.
Pequim, a capital da China, acolheu nesta quinta-feira (01/10) uma jornada de grande relevância para a história recente do gigante asiático. Entre um extraordinário aparato de segurança, o país celebra os 60 anos do triunfo do comunismo pela mão de Mao Zedong. Os mais modernos tanques, mísseis e caças do Exército de Libertação Popular chinês (ELP) desfilaram pela Avenida ‘Chang An' no centro de Pequim e em frente à Praça de Tiananmen, no principal ato de celebração deste importante aniversário.
De Tiananmen, o presidente chinês Hu Jintao, não deixou passar a oportunidade para reivindicar o sucesso de uma fórmula de partido único que gerou um vertiginoso crescimento econômico e que catapultou a terceira economia do mundo à categoria de superpotência capaz de rivalizar em pé de igualdade com os Estados Unidos e seu modelo capitalista.
Num discurso retransmitido ao vivo pela televisão, o dirigente afirmou que somente a reforma e a abertura podem garantir o desenvolvimento do país. "O desenvolvimento e o progresso da Nova China nos últimos 60 anos demonstram plenamente que somente o socialismo pode salvar a China e somente a reforma e a abertura podem garantir o desenvolvimento do país", assinalou Hu acompanhado do ex-presidente Jiang Zemin, o primeiro-ministro Wen Jiabao e os demais membros da cúpula comunista.
Na Praça Tiananmen, tristemente conhecida no Ocidente pela repressão aos jovens opositores que demandaram sem sucesso liberdade e abertura há 20 anos, desfilou toda a parafernália comunista para destacar os logros do regime nestas últimas seis décadas. A festa pretende ser de tal magnitude que se calcula que se queimarão o dobro de fogos artificiais que na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2006.
Ataviado com um traje estilo Mao, o líder chinês saudou aos 8.000 soldados presentes na praça repetindo: "Saudações, camaradas", "Camaradas, estais trabalhando duro", ao que estes responderam: "Saudações, líder", "Nós servimos ao povo". Em seu discurso, o presidente assegurou ao povo que a China entrou "numa nova era de desenvolvimento e progresso desde que Mao Zedong pronunciou a fundação da República Popular da China, tal dia como hoje há sessenta anos".
Uma festa colossal
Milhares de soldados escrupulosamente alinhados e escoltados mostraram tanques e mísseis para demonstrar ao mundo o potencial militar que possui a China. Após a parada militar, um abrumador espetáculo com 180.000 pessoas (entre elas 80.000 meninos que foram os primeiros do mundo a receber programas de vacinação contra a gripe A) apresentaram um mosaico de cor, bailes tradicionais, kung fu e outras apresentações da cultura chinesa.
Todos os cidadãos foram chamados a permanecer em casa e seguir a celebração pela televisão. Tal é a obsessão pela segurança, que inclusive aqueles que vivem junto ao lugar dos desfiles não poderão aparecer nas janelas de suas casas. Ademais, os vôos a Pequim foram suspensos durante o tempo que durem as celebrações e a rede de metrô deixou de funcionar.