quarta-feira, agosto 05, 2009

Homenagem às 13 rosas no 70º aniversário de seu fuzilamento


Homenagem às 13 rosas no 70º aniversário de seu fuzilamento

Uma placa recorda às jovens comunistas e socialistas no muro do cemitério de La Almudena, em Madri, onde morreram

ELPAÍS.com - Madrid - 05/08/2009

Tradução de Antonio de Freitas Jr.

O PSOE e o PCE renderam hoje homenagem, separadamente, no cemitério de La Almudena de Madri, às 13 rosas, no 70º aniversário de fuzilamento destas jovens militantes da organização Juventudes Socialistas Unificadas - JSU e do Partido Comunista de Espanha - PCE, que foram condenadas à morte por um conselho de guerra. Ambos partidos defenderam a necessidade de recuperar as "vozes dormidas" das pessoas que deram sua vida pela paz, a liberdade e a democracia.

Após a vitória do grupo franquista na Guerra Civil espanhola, as 13 jovens foram encerradas na prisão de Las Ventas junto a outros militantes das mesmas formações políticas. Depois do assassinato de um comandante da Guarda Civil e sua filha, em 29 de julho de 1939, na cidade de ‘Talavera de la Reina’, as autoridades tiraram da prisão a 56 jovens militantes do PCE e das JSU, 43 deles varões e as 13 Rosas. Em 3 de agosto, um tribunal militar lhes condenou à morte por "adesão a rebelião", por tratar de recompor o PCE e as JSU e por atentar contra a "ordem social e jurídica da nova Espanha". À homenagem participam a Secretária de Organização do PSOE, Leire Pajín, e o Secretário-Geral dos socialistas madrilenhos, Tomás Gómez. Ambos descerraram uma placa comemorativa que recorda seus nomes no muro do cemitério onde caíram fuziladas. Outros 43 jovens foram assassinados nesse mesmo dia.

A homenagem do PCE

O momento mais emocionante foi quando Angeles García Madrid, uma das companheiras de cela de uma das rosas, relatou as últimas horas das jovens, nas quais, todo mundo, salvo elas, sabiam que morreriam. Assim, recordou a última conversa de Virtudes e Júlia, duas das jovens assassinadas, na qual a primeira perguntou à segunda se pensava que iriam matá-las e esta lhe respondeu: "Não vão nos matar, sua tonta". "Tinham a morte na cara", comentou García, que em seguida contou que ouviram como uma daquelas jovens, ao subir na camioneta que lhes conduziu à morte, entoou o hino da Jovem Guarda, que foi seguido pelas demais até a chegada ao muro do cemitério em que foram executadas.

Com este ato se cumpre, segundo Pajín, com "a última vontade" de Júlia, que antes de morrer escreveu a sua família: "Que meu nome não se apague da historia". "É um direito de todos e de todas recuperar e recordar nossa historia", disse Pajín. A número três do PSOE mostrou seu orgulho pela aprovação da Lei de Memória Histórica ao declarar seu orgulho por "poder recuperar essa memória e, portanto, de poder recuperar a dignidade de homens e mulheres. Foi uma Lei que fez florescer toda essa historia, que seguiremos rememorando porque um povo não pode seguir em frente sem olhar para seu passado ". Por sua vez, Gómez qualificou esta homenagem como um ato "de identidade da esquerda, um ato de reconhecimento e reivindicação do papel da mulher na historia espanhola, mas também um ato de reivindicação dos valores da política, a política pela qual tanta gente morreu, a política como esse conjunto de ideais por uma sociedade melhor, para um mundo melhor".

Posteriormente se celebrou a homenagem organizada pelo PCE, que começou com um minuto de silêncio e com os punhos e as bandeiras republicanas no alto, e que teve lugar junto à parede onde foram assassinadas as jovens, adornada com rosas vermelhas, amarelas e violetas (as cores da bandeira republica espanhola). O Secretario Federal de Memória Histórica do PCE, Javier Ruiz, leu um manifesto no qual assegurou que seu partido continuará trabalhando para que "se anulem todas as sentenças dos tribunais ilegais" e que "o sistema judicial investigue os crimes do franquismo".

Em outro comunicado, também por motivo do aniversário do fuzilamento, várias associações de recuperação da Memória Histórica denunciam os "assassinatos" do franquismo "sob a tentativa de mascarar e legitimar estes processos-farsa" e recordam às 190.000 pessoas que faleceram durante a Guerra Civil e a ditadura. Na nota, reclamam medidas em favor das vítimas, entre elas um impulso à abertura de processos penais contra estes "crimes contra a humanidade" e "apuração de responsabilidades penais, civis e administrativas".