Berlim celebra a vitória da liberdade
Merkel: "A liberdade não surge sozinha, há que lutar. Juntos podemos tirar o Muro" - Sarkozy, Medvédev, Brown e Clinton se dirigiram à multidão entre ovaciones
JUAN GÓMEZ - Berlim – El País - 10/11/2009
Tradução de Antonio de Freitas Jr.
Tradução de Antonio de Freitas Jr.
Às oito e meia da tarde de ontem (09/11), o líder do movimento Solidariedade e posteriormente Presidente da Polônia, Lech Walesa, empurrou junto a Miklos Nemeth, primeiro-ministro húngaro em 1989, a primeira peça do dominó gigante que simbolizava o antigo muro de Berlim. Foi o auge da grande festa da liberdade que celebrava ontem sua queda 20 anos atrás. Os aplausos diante da Porta de Brandeburgo, símbolo da divisão da cidade, eram entusiastas. Dezenas de milhares de pessoas aguentavam com impermeáveis e guarda-chuvas a forte chuva e temperaturas abaixo de zero de capital alemã.
Convidados de 30 países participaram da comemoração, entre eles os representantes das potencias aliadas que ocuparam Berlim, após a II Guerra Mundial: o presidente russo, Dmitri Medvédev; o da França, Nicolas Sarkozy; o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, e a secretaria de Estado dos EUA, Hillary Clinton.
A chanceler Angela Merkel presidiu a cerimônia. Tampouco faltaram protagonistas da época, como o Chefe de Estado da desaparecida União Soviética Mikhail Gorbachev, sentado na tribuna junto ao então ministro alemão de Assuntos Exteriores, Hans-Dietrich Genscher. O presidente alemão, Horst Köhler, se referiu ao 9 de novembro de 1989 como a data de "uma mudança de época para a liberdade e a democracia". O mundo, e nisso coincidiram todos, "mudou aquele dia".
A festa da liberdade começou em Berlim às sete da tarde. O centro da cidade estava adornado pelo falso muro de mais de mil peças de dominó feitas de cortiça branca, de dois metros e meio de altura, cada uma pintada de forma diferente. Sobre as peças primavam as mensagens de reconciliação e de alegria, mas também havia algum logotipo publicitário de empresas patrocinadoras.
É a lembrança da vitoria do sistema capitalista, que teve lugar neste mesmo dia há 20 anos. Ademais, os discursos de Merkel e do Prefeito-governador de Berlim, Klaus Wowereit, assim como as palavras do diretor da Staatskapelle, a orquestra da ópera estatal de Berlim, Daniel Barenboim, recordaram o acontecimento fúnebre cujo aniversario se recordou também ontem: o ‘pogrom’ anti-semita conhecido como a ‘Noite dos cristais quebrados’, em 1938, quando a turba nazista começou uma espiral de violência que culminaria no Holocausto. A Staatskapelle tocou para relembrar ‘Um sobrevivente de Varsóvia, do compositor judeu austríaco Arnold Schoenberg. "A liberdade", disse Merkel, "não surge sozinha, há que lutar por ela". Merkel, que cresceu na antiga República Democrática Alemã (RDA) sob "a ditadura do proletariado", agradeceu às pessoas que "lutaram há 20 anos" pela abertura do Muro, em Berlim e em outros países da órbita soviética como Polônia ey a antiga Checoslováquia. "Juntos pudemos tirar o Muro", concluiu, "agora está nossa mão superar as fronteiras de nosso tempo; se acreditamos nisso podemos conseguir". Merkel concluiu: "Para mim, foi um dos dias mais felizes da minha vida".
Barenboim havia aberto a festa com peças de Wagner, Schoenberg, Beethoven e Friedrich Gold, e anunciou uma surpresa: Plácido Domingo cantou Berliner Luft (O ar berlinense) do compositor de Berlim Paul Lincke, uma espécie de hino popular da cidade. O público compartilhou a alegria com a tribuna, onde Merkel, Genscher e os demais convidados demonstraram sua alegria batendo palmas. O público pediu a Plácido Domingo um bis, que concedeu junto à ‘Staatskapelle’. A satisfação dos berlinenses era palpável.
Antes que fizesse Merkel, falaram Dmitri Medvédev, Nicolas Sarkozy, Gordon Brown e Hillary Clinton, que apresentou uma felicitação gravada em vídeo do presidente dos EUA, Barack Obama. Obteve uma grande ovação.
O distrito político da capital alemã estava tomado. O Muro era ontem de gesso e pintado, porém os centos de policiais eram de verdade. Às seis e meia da tarde, as comitivas oficiais impediam a passagem dos cidadãos. Entre divertidos e curiosos, milhares de berlinenses especulavam nas calçadas sobre quem podia ocupar cada veículo. "Aí vai o russo, como se chama?", se perguntava Christiane, berlinense do Oeste. O desfile impressionava. Quando a caravana se deteve, um grupo de pessoas permanecia ainda junto a um furgão com dois atiradores de elite da policia, com os olhos postos nas miras telescópicas. "Serão de visão noturna", lhe dizia um homem a seu boquiaberto filho. Não muito longe, na ‘Luisenstrasse’, Marius e Catarina, nascidos em 1991, celebravam a queda do Muro refugiados com uma garrafa de sidra. Vivem em Potsdam, na antiga Berlim Leste. Ela é do Oeste; ele do Leste. Diferenças? "Alguma haverá, porém é coisa de nossos pais". O Muro somente conhecem através dos livros da escola.
Convidados de 30 países participaram da comemoração, entre eles os representantes das potencias aliadas que ocuparam Berlim, após a II Guerra Mundial: o presidente russo, Dmitri Medvédev; o da França, Nicolas Sarkozy; o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, e a secretaria de Estado dos EUA, Hillary Clinton.
A chanceler Angela Merkel presidiu a cerimônia. Tampouco faltaram protagonistas da época, como o Chefe de Estado da desaparecida União Soviética Mikhail Gorbachev, sentado na tribuna junto ao então ministro alemão de Assuntos Exteriores, Hans-Dietrich Genscher. O presidente alemão, Horst Köhler, se referiu ao 9 de novembro de 1989 como a data de "uma mudança de época para a liberdade e a democracia". O mundo, e nisso coincidiram todos, "mudou aquele dia".
A festa da liberdade começou em Berlim às sete da tarde. O centro da cidade estava adornado pelo falso muro de mais de mil peças de dominó feitas de cortiça branca, de dois metros e meio de altura, cada uma pintada de forma diferente. Sobre as peças primavam as mensagens de reconciliação e de alegria, mas também havia algum logotipo publicitário de empresas patrocinadoras.
É a lembrança da vitoria do sistema capitalista, que teve lugar neste mesmo dia há 20 anos. Ademais, os discursos de Merkel e do Prefeito-governador de Berlim, Klaus Wowereit, assim como as palavras do diretor da Staatskapelle, a orquestra da ópera estatal de Berlim, Daniel Barenboim, recordaram o acontecimento fúnebre cujo aniversario se recordou também ontem: o ‘pogrom’ anti-semita conhecido como a ‘Noite dos cristais quebrados’, em 1938, quando a turba nazista começou uma espiral de violência que culminaria no Holocausto. A Staatskapelle tocou para relembrar ‘Um sobrevivente de Varsóvia, do compositor judeu austríaco Arnold Schoenberg. "A liberdade", disse Merkel, "não surge sozinha, há que lutar por ela". Merkel, que cresceu na antiga República Democrática Alemã (RDA) sob "a ditadura do proletariado", agradeceu às pessoas que "lutaram há 20 anos" pela abertura do Muro, em Berlim e em outros países da órbita soviética como Polônia ey a antiga Checoslováquia. "Juntos pudemos tirar o Muro", concluiu, "agora está nossa mão superar as fronteiras de nosso tempo; se acreditamos nisso podemos conseguir". Merkel concluiu: "Para mim, foi um dos dias mais felizes da minha vida".
Barenboim havia aberto a festa com peças de Wagner, Schoenberg, Beethoven e Friedrich Gold, e anunciou uma surpresa: Plácido Domingo cantou Berliner Luft (O ar berlinense) do compositor de Berlim Paul Lincke, uma espécie de hino popular da cidade. O público compartilhou a alegria com a tribuna, onde Merkel, Genscher e os demais convidados demonstraram sua alegria batendo palmas. O público pediu a Plácido Domingo um bis, que concedeu junto à ‘Staatskapelle’. A satisfação dos berlinenses era palpável.
Antes que fizesse Merkel, falaram Dmitri Medvédev, Nicolas Sarkozy, Gordon Brown e Hillary Clinton, que apresentou uma felicitação gravada em vídeo do presidente dos EUA, Barack Obama. Obteve uma grande ovação.
O distrito político da capital alemã estava tomado. O Muro era ontem de gesso e pintado, porém os centos de policiais eram de verdade. Às seis e meia da tarde, as comitivas oficiais impediam a passagem dos cidadãos. Entre divertidos e curiosos, milhares de berlinenses especulavam nas calçadas sobre quem podia ocupar cada veículo. "Aí vai o russo, como se chama?", se perguntava Christiane, berlinense do Oeste. O desfile impressionava. Quando a caravana se deteve, um grupo de pessoas permanecia ainda junto a um furgão com dois atiradores de elite da policia, com os olhos postos nas miras telescópicas. "Serão de visão noturna", lhe dizia um homem a seu boquiaberto filho. Não muito longe, na ‘Luisenstrasse’, Marius e Catarina, nascidos em 1991, celebravam a queda do Muro refugiados com uma garrafa de sidra. Vivem em Potsdam, na antiga Berlim Leste. Ela é do Oeste; ele do Leste. Diferenças? "Alguma haverá, porém é coisa de nossos pais". O Muro somente conhecem através dos livros da escola.